A exibição de “Rabbit Rabbit”
ERA
EXATAMENTE ISSO O QUE EU ESTAVA ESPERANDO DE
“AMERICAN HORROR STORIES”, a série devia ter começado por aqui –
talvez assim
“American Horror Stories”
não confundisse tanto as pessoas (e os fãs chatos de
“AHS”) que acham que se trata de mais uma temporada de
“American Horror Story” ou que o
spin-off deve “servir” àquela série a
cada momento. Ryan Murphy precisa se desvencilhar de
“American Horror Story” para contar nesse
spin-off histórias independentes e completas em 40 minutos, o que
era a proposta original de qualquer maneira… incrivelmente superior a
“Rubber(wo)man” (não tem nem
comparação),
“Drive-In” foi um
episódio criativo, bem-conduzido, independente e ágil, sem deixar de ser
completo – é assim que se conta histórias em séries antológicas (um conceito
que eu adoro), e eu me senti assistindo a um episódio de
“The Twilight Zone” – e agora eu mal posso esperar pelo próximo
episódio, e espero que a série consiga manter (ou elevar) o nível, sem precisar
ficar fazendo
fan service para fãs de
“American Horror Story” – eu sou um
deles, mas a série original continua lá, deixe as autorreferências para lá.
Vamos focar
em algo novo, que é o que esperamos
de um spin-off.
Eu gostei
muito da sinopse de
“Drive-In”, e
percebi que o episódio podia ser ótimo com a abertura, que provavelmente deve
se manter como uma das melhores aberturas da série… gostei muito do que o
episódio fez ao trazer algo nostálgico como os cinemas drive-ins para a
atualidade, o que nunca fez tanto sentido depois de um ano pandêmico como o que
vivemos, no qual os cinemas drive-ins
realmente
voltaram à alta. O episódio aproveita esse recurso, o junta com um filme de
terror e algumas histórias macabras, e entrega uma história intrigante, bons
momentos de terror
slasher, um clímax
bem claro e um finalzinho aberto que eu acho que é algo que funciona muito bem
em séries antológicas… é assim que
“Black
Mirror” faz com que continuemos pensando nos episódios quando eles chegam
ao fim, por exemplo. Eu adorei esse episódio!
O episódio
tem vários momentos. Na primeira parte do episódio, vemos um grupo de amigos
falando sobre a exibição de um filme em um drive-in – a ideia é que Chad possa
transar com sua namorada, Kelley, basicamente, e, para isso, eles escolhem um
filme de terror com uma história macabra por trás sobre uma única exibição
feita em 1986, na qual supostamente
as
pessoas que o assistiram se tornaram assassinas… um verdadeiro caos que
culminou na prisão do diretor do filme e no cancelamento de sua exibição – e
destruição de todas as cópias. Agora, o filme está prestes a ser exibido
novamente, tantos anos depois, e
nós
sabemos que, em se tratando de “American Horror Stories”, essa não vai ser apenas
uma lenda urbana. Então, o episódio trabalha bem com o suspense, porque
ficamos
esperando pelo momento em que
as coisas darão muito errado.
E dão.
A segunda
parte do episódio é durante a exibição do filme, quando as pessoas
de fato se tornam assassinas, começam a
atacar umas às outras, e se transformam em criaturas selvagens – aquilo parece
quase um
apocalipse zumbi, e aqui
temos uma série de cenas dignas de filmes de terror da década de 1980, com
bastante sangue, tripas pra fora…
e
outras coisas. O conceito do episódio é bem interessante, e gostei muito da
exploração do cenário de drive-in, com a missão final dos protagonistas sendo
encontrar
a última fita de
“Rabbit Rabbit” para impedir uma nova
matança como aquela no dia seguinte. O episódio equilibra bem o tom
vintage com o moderno, e entrega uma
ótima conclusão, com direito ao vilão explicando bastante os detalhes do seu
plano, o que nem sempre é algo assim
tão
bom, na verdade, mas que funcionou bem nesse episódio.
Gostei
bastante da sequência de Chad e Kelley no trailer do diretor, e de como o
diálogo foi escrito naquela cena, fazendo várias alusões a histórias reais, a
filmes que causaram convulsões, por exemplo, e ainda brincando com referências
a
“It” ou
“Sexta-Feira 13”, e Larry falava sobre como criou um filme de
terror no qual “o terror não acontecia na tela, mas na audiência”. A cena é
muito boa, Chad e Kelley arrasam conseguindo a última fita e dizendo que viram
um pedaço do seu filme, o que também os transformou, só não a ponto de
deixá-los loucos, mas tem aquele resquício de
mistério quando eles estão indo embora, achando que
acabou e Larry pergunta se eles sabem
por que ele tem um carro tão caro do lado de fora… e o episódio estava
terminando e eu perdendo a esperança de essa resposta vir, quando vemos
“Rabbit Rabbit” sendo lançado na Netflix.
Acho que o mundo está condenado agora…
Foi o último
toque irônico e perverso que coroou o episódio. Serviu à mesma função que as
narrações finais de “The Twilight Zone”.
Excelente
episódio!
Para mais
postagens de American Horror Stories,
clique
aqui.
P.S.: Vi muitas pessoas reclamando do
episódio, e acho que todos têm direito a acharem o que quiserem. No entanto,
devo dizer que algumas reclamações do tipo “40 minutos é pouco tempo pra contar
uma história, ficou corrido” ou “não agrega em nada a ‘American Horror Story’” e, ainda, “não tem nada a ver com nenhuma
das temporadas de ‘AHS’” não cabem ao
episódio… encontre outros motivos para reclamar. “American Horror Stories”, ou qualquer spin-off, não precisa necessariamente estar o tempo todo conectada
à série original e ficar explicando “onde ela se encaixa”. E o fato de ser 40
minutos? Bem, foi justamente assim que a série foi vendida: uma história
INDEPENDENTE a cada episódio. Séries antológicas estão aí há muito tempo para
provar que o formato funciona. “The
Twilight Zone” estreou em 1959 exatamente com essa proposta, por exemplo –
se não conhece, são quatro séries, a mais recente (e não a melhor, mas ainda
assim) de 2019.
P.P.S.: Feliz por ver a crítica no
Rotten Tomatoes valorizando esse terceiro episódio. São poucas críticas e não dão
ao episódio uma nota estrondosamente alta como se fosse a melhor coisa do mundo, mas enquanto os dois primeiros contam com
20% de aprovação cada um, esse terceiro conta com 60%, porque ele é superior a “Rubber(wo)man”, mas talvez os fãs mais
chatos de “American Horror Story”
prefiram ver um episódio que se passe na “Murder
House”, mesmo que ele não seja muito bom, do que entender que “American Horror Stories” é uma nova
série, e não apenas mais uma temporada de “American
Horror Story”, no fim das contas.
Ótima crítica, amei esse episódio! Muito bom!
ResponderExcluir