American Horror Stories 1x05 – Ba’al

O que você faria para conseguir o que quer?

Apesar de eu ter ficado um pouco confuso em relação a umas duas informações lá no fim do episódio, “Ba’al” é facilmente o meu episódio favorito em “American Horror Stories”. É melhor do que “Rubber(wo)man” pela temática, ambientação e condução da história, e certamente é melhor do que “The Naughty List”, que deixou bem a desejar. Como comentei várias vezes, eu gosto da proposta de séries antológicas em que cada episódio conta uma história independente, e “Ba’al”, que é o episódio mais longo até aqui, conseguiu se aproveitar do recurso proposto pela série muito bem, apresentando sua trama com calma, a desenvolvendo, gerando suspense, e chegando a uma conclusão surpreendente, que é a impressão final que fica do episódio quando o terminamos de assistir – é legal que o final não seja tão previsível e tenhamos surpresas.

Alguma coisa me fez pensar muito em “Black Mirror”. Parece um ultraje comparar “American Horror Stories” a “Black Mirror”, já que a outra série tem um nível infinitamente superior, mas acho que foi todo o cenário desse episódio – em “Black Mirror”, a motivação para as tramas geralmente é tecnológica, enquanto em “American Horror Stories” ela costuma ser sobrenatural, mas aqueles cenários figurinos e o ritmo de toda a primeira parte desse episódio parecia caber perfeitamente em um episódio de “Black Mirror”. Liv Whitley (interpretada por Billie Lourd) e Matt Webb (interpretado por Ronen Rubinstein) querem ter um filho, e dois anos e cinco tentativas de fertilização artificial depois, eles continuam sem sucesso – mas Liv não pensa em desistir. É assim que ela recebe uma “ajuda” inesperada de uma mulher que lhe entrega a estátua de um suposto “deus da fertilidade”.

E funciona.

Reencontramos Liv e Matt algum tempo depois, com um filho, Aaron, mas Liv não está feliz como ela acreditou que estaria… o episódio tem um ritmo cadenciado que nos envolve na trama e que gera um suspense de maneira inteligente, porque ficamos angustiados esperando pelo momento em que alguma coisa vai acontecer. Vemos Liv desenvolver uma espécie de depressão pós-parto e algo que parece uma paranoia crescente enquanto ela ouve barulhos, vê arranhões nas portas e acredita que seu filho a odeia. O episódio é uma escalada de tensão constante que conta com Liv ouvindo mensagens no que, para outras pessoas, só parece estática, e um jogo de ouija que a faz perder de vez a razão. Confiante de que o tal Ba’al é um demônio e não “um deus da fertilidade”, Liv faz de tudo para bani-lo, em um ritual que acaba com Liv esfaqueando o marido.

Gostei bastante da primeira virada de roteiro do episódio – a segunda é que ficou menos bem explicada. Quando Matt vai visitar Liv depois de duas semanas internada em um hospital psiquiátrico, descobrimos que ele e os seus amigos é que estavam por trás de toda a armação que “enlouqueceu” a Liv. E eu achei essa uma jogada muito boa do roteiro! Enquanto Matt e os amigos celebram “o sucesso do plano para ficar com o dinheiro de Liv”, descobrimos todos os detalhes de como cada um teve uma participação plantando paranoias que, eventualmente, tomaram conta de Liv, e é brutalmente perverso – porque o ser humano pode ser perverso. Mas o episódio, ainda assim, aposta no sobrenatural logo em seguida, quando o verdadeiro Ba’al aparece caçando cada um que usou a sua imagem, e é uma sequência brutal e gore – algo que “American Horror Stories” adora.

Teria sido uma boa finalização para o episódio, fiquei bem na dúvida em relação ao que veio depois. Achei de uma ironia fantástica o Matt acabar preso por ter assassinado os amigos enquanto alegava que tinha sido um demônio e implorava para que Liv contratasse um advogado para ele, mas aquele não era o único plot twist pensado para esse episódio – descobrimos, então, que Ba’al só foi em busca de Matt e dos amigos porque ele foi de fato invocado por Liv, enquanto ela estava presa no hospital psiquiátrico achando que nunca mais sairia de lá. Se foi o demônio que contou para ela sobre a armação de Matt, se foi ela que o mandou matá-los ou por que ele está pedindo que “ela o liberte” são coisas que não ficam suficientemente claras, mas isso não apaga a graça do episódio, que foi o melhor oferecido pela série até aqui.

Será que poderemos ver o nascimento de um novo anticristo?

 

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