Lost 1x11 – All the Best Cowboys Have Daddy Issues

“All they wanted was Claire”

Que experiência maravilhosa é reassistir a “Lost”. Essa sempre foi uma das minhas séries favoritas, foi possivelmente a série que me deixou viciado em séries, mas vendo novamente depois de tantos anos eu percebo o quanto ela é bem-escrita, o quanto introduz perfeitamente seus mistérios, e o quanto nos prende! “All the Best Cowboys Have Daddy Issues”, exibido em 08 de dezembro de 2004, continua a narrativa do sequestro de Claire pelos Outros, nos entrega uma cena desesperadora envolvendo o Jack, o Charlie e a Kate, e termina introduzindo um novo mistério – e um dos meus favoritos! Nos flashbacks, retornamos a Jack Shephard, e seu novo flashback volta um pouquinho mais no tempo, nos mostrando, finalmente, o porquê de ele e o pai não estarem se falando por mais ou menos dois meses quando Jack foi buscar o seu corpo na Austrália.

No último episódio, as coisas cresceram. Sayid retornou ao acampamento falando sobre a mulher francesa que conheceu e dizendo que “eles não estão sozinhos”, enquanto Hurley chegava desesperado com o resultado do censo que realizou e comparou com a lista de passageiros do Voo 815, revelando que Ethan não estava no avião. Agora, Jack sai desesperado correndo pela floresta em busca de Claire, porque era verdade, afinal, que alguém estava tentando machucar seu bebê… é interessante como o episódio trabalha bem as motivações dos personagens, como conseguimos sentir a culpa emanando de Jack por ter sido ele a duvidar de Claire, a oferecer sedativos e a ter sido o culpado por ela decidir voltar para a praia e, consequentemente, estar na floresta como uma presa fácil para Ethan… agora, ele precisa salvá-la.

Os flashbacks funcionam de maneira perfeita enriquecendo essa história e essa culpa, e sempre me impressiona a riqueza de detalhes e o cuidado com que os episódios de “Lost” são escritos. Além de completarem uma lacuna deixada lá no primeiro flashback de Jack, o episódio vem no momento ideal para motivar Jack a não perder mais uma mulher grávida. No passado, vemos Jack finalizar uma cirurgia não conseguindo ressuscitar uma paciente vítima de um acidente de carro, e é uma sequência desesperadora mesmo antes de sabermos que fora seu pai quem começara a cirurgia, e ele não estava em condições de operar: alcoolizado e com a mão tremendo, ele cortou uma artéria que causou a morte da paciente, no fim das contas. Agora, Jack precisa decidir se ele vai colocar em seu relatório a verdade ou se vai fazer o que o pai está pedindo e vai encobri-lo.

Por um momento, parece que ele vai mentir como o pai gostaria, mas a culpa é grande demais, e quando ele descobre que a mulher estava grávida, parece demais para ele e ele acaba dizendo a verdade, o que provavelmente causou a perda da licença do pai, a briga entre eles e a consequente morte de Christian. Isso tudo enriquece a busca incessante de Jack por Claire e Charlie na floresta, seguindo uma trilha e pistas que podem ter sido deixadas por Charlie ou pelo próprio Ethan, atraindo-os para uma armadilha. Quando o grupo de busca se separa e Locke e Boone vão para um lado diferente, Kate acompanha Jack, mas não está com ele quando ele escuta vozes e persegue uma mulher invisível, se deparando eventualmente com Ethan, que o espanca e o deixa caído no chão com um aviso: ou eles param de segui-lo, ou ele vai matar um dos seus.

Mais tarde, em outro momento desesperador do episódio, Kate e Charlie acabam se deparando com Charlie pendurado por cipós, aparentemente morto, e é uma das sequências mais angustiantes de se assistir, porque, por muitos minutos, acreditamos realmente que ele está morto, mas Jack está determinado a fazer tudo para trazê-lo de volta à vida. É um paralelo ao Jack no flashback tentando ressuscitar a mulher, sem sucesso. Dessa vez, a cena é ainda mais difícil de se assistir por se tratar de uma pessoa com quem nos importamos, Charlie, e por Kate estar desesperada ao seu lado, eventualmente pedindo que ele pare porque o Charlie não vai voltar. Tudo é brilhantemente escrito e dirigido, resultando em uma das cenas mais poderosas da história de “Lost”. No fim, felizmente e de alguma maneira incompreensível, Charlie volta à vida.

Mas eles não conseguem salvar Claire. E Charlie avisa que Claire era tudo o que “eles” queriam.

Como sempre, o episódio consegue focar em um personagem e trazer pequenos momentos interessantes de outros personagens com quem nos importamos… temos um breve momento em que Walt conversa com Sawyer sobre “eles não estarem sozinhos” e conta que Sayid retornou. Sawyer enfrentando Sayid era algo que tinha que acontecer, mais cedo ou mais tarde, mas ele acaba não fazendo nada, e fica encucado com a possibilidade de eles não estarem sozinhos, especialmente quando Sayid fala dos sussurros que ouviu na floresta… Walt, por sua vez, também tem um momento interessante jogando gamão com Hurley, e duas coisas vêm à tona aqui: primeiro, a maneira como Walt cita seu “outro” pai, Brian; depois, a brincadeira do roteiro com o Hurley devendo dinheiro de uma aposta para Walt… uma dica de uma das temáticas de seus flashbacks.

Pelos quais mal posso esperar, diga-se de passagem.

O episódio ainda consegue trazer algumas divergências entre Jack e Locke, algo que é uma parte importantíssima de “Lost”, e inicialmente eu estava confiando mais em Locke para encontrar a trilha que os levasse a Ethan – no fim, no entanto, eu já não tinha mais certeza do que ele estava fazendo, ou de que o que ele queria mesmo era encontrar Charlie e Claire. Ele e Boone formam uma dupla interessante e rendem bons diálogos com referências a “Star Trek” e que nos provocam sobre a “vida real” de Boone, cujo flashback ainda não vimos, e sobre o passado de Locke em uma fábrica de caixas. No fim do episódio, quando Boone está disposto a voltar sozinho para o acampamento (e Shannon está preocupada com ele porque já anoiteceu), ele e Locke se deparam com uma nova descoberta: algo de metal no chão que eles vão ter que explorar a partir de agora. E, assim, começa a o mistério da escotilha.

EU ESTOU TÃO FELIZ POR CHEGARMOS À TRAMA DA ESCOTILHA!

Mas eu confesso que achei que isso viria mais perto do fim da temporada… como a nossa memória é, não?

 

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