“It
belonged to the man I killed”
Que episódio
interessante
“Whatever the Case May Be”
(primeiro episódio exibido em 2005, em 05 de janeiro) é, e como prova o que
sempre falamos sobre
“Lost”: como ele
é, antes de tudo, a história dessas
pessoas,
mais do que a Ilha, a Dharma, os Outros ou qualquer coisa. As coisas “pegaram
fogo” no episódio anterior… descobrimos que Claire tinha sido levada por Ethan,
um infiltrado dos Outros entre os sobreviventes do Voo 815, Boone e Locke
encontraram uma escotilha por acaso (e aparentemente estão há dias trabalhando
para desenterrá-la), mas o episódio não foca em nenhuma dessas duas coisas – o
episódio vai em busca de Kate, mostrando um pouco mais de sua vida antes de ela
se tornar foragida, quando uma maleta importante para ela ressurge na ilha. Os
demais sobreviventes, por sua vez, lidam com a maré subindo.
Gostei muito
da trama toda da maré subindo, porque é algo que está acontecendo mais rápido
do que o normal, mas é como Jack diz:
nada
naquela ilha é normal, aparentemente. O que isso significa ainda fica para
imaginarmos, mas eu gosto de como as
pessoas reagem a isso, de como se unem para tirar as coisas de que precisam da
praia, e de como isso nos remonta lá aos primeiros episódios de
“Lost”, logo depois da queda do avião.
Gosto, também, de interações inesperadas que acontecem, dessa vez entre Charlie
e Rose. Charlie está arrasado desde que Claire foi sequestrada, e se sente
culpado por não ter conseguido salvá-la, e aquela aproximação com a Rose
era tudo o que ele precisava naquele momento.
As cenas são fofas, emocionantes, e o nosso coração fica quentinho quando ela o
acolhe no final quando ele começa a chorar… lindos!
Também temos
o Sayid tentando decifrar as anotações de Danielle Rousseau, e ele vai pedir a
ajuda de Shannon, que é a única que sabe
alguma
coisa de francês, mas sua tradução acaba não ajudando em muita coisa –
gostei da interação, gostei de ver a Shannon ganhar destaque e, quem sabe,
provando para o irmão que ela não é “inútil” como ele gosta de dizer.
Felizmente, o próximo episódio trará um pouco de luz à relação de Shannon e
Boone, porque os dois continuam envoltos em mistério, e a maneira como ele olha
para Shannon cantando aquela música em francês para o Sayid no fim do episódio
é no mínimo
assustadora. Isso é o que
quero dizer quando digo que a série é mais sobre as pessoas do que sobre os
mistérios: há todo o mistério por trás das anotações de Rousseau, sim, mas esse
não é o foco dessa parte do episódio, no fim das contas.
Kate, por
sua vez, está andando pela mata com Sawyer quando
eles descobrem um lugar muito bonito com uma cachoeira… é engraçado
assistir a esses dois, de certa maneira, porque a “relação” deles é
extremamente problemática, o Sawyer pode ser um escroto em vários sentidos, mas
ainda parece que eles combinam e, mais do que isso,
se entendem melhor do que Kate e Jack. Com Jack, e eu acho que esse
episódio de certa maneira evidencia isso, parece muito mais uma interpretação,
uma manipulação… com Sawyer, Kate tem menos máscaras. A cena dos dois na
cachoeira chega quase a ser leve, um momento do qual eles precisavam – até que
eles encontrem dois corpos presos a poltronas de avião lá no fundo e Kate vê
uma maleta que pertence a ela e que ela quer de volta de qualquer maneira… nem
que, para isso, ela precise da ajuda de Sawyer.
Sawyer e
Kate passam o episódio todo
brigando pela
maleta (eu ri das tentativas sem sucesso de Sawyer de abrir a maleta),
enquanto os novos
flashbacks de Kate
nos dão certo contexto a ela. É interessante assistir a uma versão da Kate
muito diferente de quem ela é/interpreta
na ilha. Conhecemos, aqui, uma Kate golpista com um plano de assalto a um banco
(!), mas
“Lost” sempre foi
cheio de camadas – o
flashback é muito mais complexo do que
apenas “uma mulher organizando um assalto ao banco”, o que poderia ser tudo o
que eles queriam nos mostrar para que entendamos por que Kate estava sendo
presa quando entrou no Voo 815, mas descobrimos que o grande esquema de assalto
ao banco era, na verdade, apenas para que ela conseguisse chegar a um cofre
específico para pegar um envelope… então, ela manipulou não apenas o cara do
banco, mas também o assaltante com quem se juntou.
É o que quer
que esteja dentro desse envelope que Kate quer recuperar de qualquer maneira…
e, para isso, ela manipula Jack. Já é possível vermos traços daquele Jack
irritante que não suportaremos (bem, a
maioria de nós, pelo menos) em temporadas seguintes, com a sua atitude ao ir
falar com Sawyer para que ele lhe entregue a mala… o episódio é bem escrito e
interessante, e mostra Kate mentindo para Jack sobre o conteúdo da mala, e
tentando enganá-lo quando eles desenterram Edward Mars em busca da chave para
abri-la, e o conteúdo da mala se revela um pouco de dinheiro, armas e um
envelope com um avião em miniatura dentro: e era isso que, por qualquer razão,
era tão importante para Kate. O mistério em volta desse aviãozinho vai
continuar por um tempo, e tudo o que sabemos é o que Kate diz a Jack:
aquilo pertenceu ao homem que ela amava… o
homem que ela matou.
E ela sofre
de verdade ao dizer isso e ao olhar para o aviãozinho.
Mal podemos esperar pelo próximo flashback
de Kate e mais informações sobre isso – e é fascinante como “Lost” nos prende em sua narrativa com
essas coisas. Sempre queremos saber mais
de cada um desses personagens!
Para mais
postagens de Lost, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário