O Portal do Guerreiro (The Warrior’s Gate, 2016)
A jornada do herói para salvar a princesa.
QUE AVENTURA
DELICIOSA. “O Portal do Guerreiro” é
um filme chinês-francês de 2016 que não se saiu lá muito bem nas bilheterias,
mas que é uma aventura no estilo de filmes dos anos 1980 e 1990 que assistíamos
na Sessão da Tarde e adorávamos! Divertido e com uma boa premissa, “O Portal do Guerreiro” é a típica
jornada do herói repleta de ótimos momentos enriquecidos pelo fato de o protagonista ser extremamente carismático, o que faz com que
torçamos por ele a cada momento. O resultado é um filme novo, mas com carinha
de nostalgia, que me fascinou. O filme começa apresentando Jack Bronson, um
adolescente que é constantemente perseguido pelos valentões da escola, e um
pouquinho do mundo que vamos conhecer em breve, mas ainda através de uma tela
de computador e um jogo que Jack está jogando.
O filme tem
momentos bem definidos e chegou a me surpreender por sugerir que ele vai para
um caminho e, poucos minutos depois, mudar de direção… o filme começa no nosso mundo, e tem uma interessante
sequência de Jack Bronson fugindo dos valentões de bicicleta que é
importantíssima para que entendamos um pouco do personagem, as coisas pelas
quais ele passa e, é claro, a sua habilidade inquestionável – que acabará sendo
útil novamente em algum momento do futuro. Depois de fugir brilhantemente de
seus possíveis agressores, Jack Bronson chega ao trabalho, e é ali que a sua
vida está prestes a mudar para sempre, porque ele recebe de presente uma
espécie de urna, que é lugar de onde pessoas de outro mundo virão à sua
procura. Zhao, um guarda imperial, é o primeiro que aparece, em busca do
“Cavaleiro Negro” para proteger a Princesa Su Lin.
Jack Bronson
tem certa dificuldade para explicar a Zhao que ele é o “Cavaleiro Negro”, mas
que esse é apenas o seu avatar em um jogo. De
qualquer maneira, é o melhor que Zhao tem no momento para cuidar da Princesa e
impedir que ela seja capturada por Arun o Cruel e os seus soldados. O filme
brilha e entrega ótimos momentos cômicos com a Su Lin no mundo de Jack Bronson,
seja com o Jack preparando um “jantar” para ela, ou a escondendo da mãe que
está saindo para trabalhar ou, ainda, quando Jack a leva para o shopping para
que ela possa comprar roupas novas e ela aprende a dançar e se apaixona por
sorvete… toda essa primeira parte é leve, divertida e quase romântica, e é
importantíssima para o desenvolvimento do filme, porque faz com que acreditemos
na relação de Jack e Su Lin, forjada naquele curto tempo que passaram juntos.
Agora, faz
sentido que Jack queira tanto salvá-la no
outro mundo, porque ela se tornou uma pessoa real para ele. Quando a casa
de Jack é brutalmente atacada e Su Lin é capturada, então, Jack aproveita a
mesma urna da qual Zhao e Su Lin saíram anteriormente para fazer a transição para o mundo de lá, e é aqui que a maior parte da
aventura acontece… e é um máximo! O filme tem um tom debochado e leve ao invés
de um grande épico, e é fascinante que ele não se leve a sério, porque ele
torna a aventura muito mais divertida e, ironicamente, crível. Ainda temos que
lidar com um outro momento em que os efeitos parecem mesmo saídos de um
videogame, mas é muito menos do que eu esperava e, de modo geral, eu fiquei
encantado com os cenários e com os figurinos que encontramos quando Jack
Bronson adentra esse outro mundo em que precisa salvar a futura imperatriz.
Certamente
uma das grandes forças do filme é a relação de Jack e Zhao. Inicialmente,
podemos pensar que será a relação de Jack e Su Lin, mas eles passam quase todo
o filme afastados e Jack precisa salvá-la antes que Arun consiga concretizar
esse casamento. Assim, Jack acaba se juntando com Zhao, o guarda imperial que o
convocou no início, para desempenhar um plano que não tem lá muitos detalhes. Jack até fala de ir embora, e Zhao
chega a dar-lhe essa opção, mas a verdade é que Jack não quer ir embora – não
sem antes salvar a Princesa Su Lin e viver essa aventura inesperada. Gosto
muito da interação de Jack e Zhao e de como eles vão forjando uma amizade
enquanto passam por alguns perrengues como enfrentar uma bruxa com um caldeirão
para atravessar uma pontezinha, ou quando Jack é capturado por espíritos da
floresta e precisa ser salvo.
E é muito
legal como os dois conseguem avançar naquela longa jornada e compartilharem
momentos tensos e divertidos ao mesmo tempo. Adoro, particularmente, o momento
em que, no meio da caminhada, Jack tenta explicar para Zhao sobre “diversão” e
tenta ensiná-lo a dançar. Também gosto de como ambos aprendem um com o outro,
em vários sentidos… muito mais do que artes marciais (embora aquela parte em
que Zhao ensine sobre o círculo seja
muito boa e eu acho fofo o Jack passar a noite “treinando”), Zhao ensina Jack a
ser mais confiante, que é algo que ele precisa não só para salvar a Princesa,
mas para a sua vida também. Jack, por sua vez, não ensina apenas o Zhao a nadar
(embora eu tenha me divertido muito com o Jack rindo quando descobre que Zhao
não quer nadar e pretende dar a volta a pé), mas a ser mais flexível também, por exemplo.
É uma
amizade e tanto!
(O que foi o
Jack falando para o Zhao visitá-lo no seu mundo, dizendo que o levaria à
Disney? E explicando, quando Zhao pergunta, que a Disney é um lugar cheio de
princesas? EU RI MUITO!)
O clímax do
filme é repleto de bons momentos, seja o Jack reencontrando a Princesa Su Lin
(uma cena muito fofa!) e tentando escapar ou mesmo quando o casamento com Arun
está prestes a acontecer e Jack e Zhao estão prestes a ser enforcados, mas
ganham a ajuda do tresloucado mago e uma batalha bem intensa toma conta do filme. A ação é bem interessante e eu
gosto de como ela consegue ser grandiosa e envolver um grande número de
personagens, mas de como o momento da conclusão é algo muito mais cru, de Jack
contra Arun com a Princesa assistindo, e então Jack usa as coisas que aprendeu
com Zhao e evoca alguns movimentos que seu avatar no videogame, o Cavaleiro
Negro, usou lá no início do filme e vence Arun, salvando a princesa. Não tem
como não ficar orgulhoso de Jack Bronson naquele momento… e um pouco apaixonado também.
O filme
termina com Su Lin se tornando a Imperatriz e Jack Bronson voltando para casa
(ele estava bem bonito durante toda a cerimônia de posse dela, não?),
destruindo a urna no processo, o que quer dizer que ele nem pode voltar para visitá-la. Mesmo assim, toda a aventura
lhe dá a ideia de um novo videogame que ele vende por 25 mil dólares, salvando
a casa da família que estava prestes a ser hipotecada. E é muito fofo aquele ar todo de filme teen quando ele está na
sorveteria e a Imperatriz Su Lin aparece atrás dele, com roupas desse mundo,
pedindo um sorvete. Eu adorei o filme do começo ao fim! “O Portal do Guerreiro” certamente foi
uma diversão leve e incrível que colocou um sorriso no meu rosto e que fez com
que eu sentisse que estava descobrindo um filme da Sessão da Tarde da década de
1990 que eu nunca tinha assistido antes!
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