“Estou sentindo cheiro de Minotauro”
“O Minotauro” é uma das histórias mais
célebres do
“Sítio do Picapau Amarelo”,
e até hoje uma das lembradas com mais carinho pelos fãs do programa,
especialmente pela maneira como a Globo a manteve viva com lançamentos em DVD,
no Globoplay e uma reprise no Viva em março desse ano –
eu só acho uma pena que a Globo insista nas mesmas três histórias para
qualquer lançamento, enquanto outras histórias que adoraríamos ver ficam
engavetadas… ou perdidas?
“O
Minotauro” conta a história de como o monstro da Mitologia Grega invadiu o
Sítio de Dona Benta para sequestrar a Tia Nastácia e levá-la para seu labirinto
na Ilha de Creta, onde se torna sua cozinheira particular, fazendo bolinhos
para saciar sua fome. Assim, o pessoal do Sítio acaba partindo em uma missão de
resgate e, é claro, se envolvendo na história de como Teseu derrotou o Minotauro.
O clima de
“O Minotauro” é uma delícia, e traz um
pouco do que eu mais amo no
“Sítio do
Picapau Amarelo”, que é isso de a Dona Benta estar contando histórias ou
ensinando coisas. A história nos convida a entrar na Mitologia Grega, e eu
adoro como ela parece instrutiva em vários momentos… o início da história se
passa na sala do Sítio de Dona Benta, com a vovó contando histórias para as
crianças, e a minha sensação é de que eu poderia ficar sentado ali a ouvindo
falar durante os 18 capítulos e adoraria cada segunda da experiência. Antes de
escolher a próxima história que vai contar, Dona Benta pergunta às crianças o
que elas querem ouvir, e cada uma quer uma coisa… Pedrinho quer uma história de
aventura; Narizinho quer uma história de amor; Emília quer uma história de
esperteza; e o Visconde quer uma história da qual se possa tirar algo.
Então, Dona
Benta pensa em
tragédias gregas, mas
começa perguntando às crianças se elas sabem o que é uma “tragédia”, e o
diálogo é delicioso de se acompanhar, uma dinâmica incrível entre esse elenco
tão carismático. Nos sentimos, também, netos de Dona Benta, e a ouvimos com
deleite. Dona Benta explica o que é uma tragédia, fala de sua origem, e é o
Pedrinho quem se lembra do Minotauro e pede que a Dona Benta fale sobre isso…
enquanto isso, Tia Nastácia vai sozinha para a cozinha para fritar uns
bolinhos. A conversa sobre o Minotauro traz alguns momentos de diálogos
MEMORÁVEIS, como quando Narizinho pergunta se o Minotauro
existiu de verdade, e o Visconde diz que não, que é “apenas uma
lenda”, e Dona Benta concorda com ele, mas Emília não deixa passar, e pergunta
se
ele é apenas uma lenda assim como o
Saci, a Cuca, o Curupira…
Até Dona
Benta fica sem ter o que responder.
Essa
bonequinha é astuta!
Dona Benta
diz que se o Minotauro existiu de verdade, ele morreu nas mãos de Teseu, e
então adentra na história do monstro que foi aprisionado dentro de um labirinto
na Ilha de Creta, construído por Dédalo e seu filho, Ícaro, a pedido do Rei
Minos. E quanto mais Dona Benta fala sobre o Minotauro, sobre o Rei Minos,
sobre a Grécia Antiga, mais a história
se
torna real, porque vemos o próprio Minotauro chegando assustador no Sítio,
causando medo em todos, embora ninguém o veja a princípio… mas eles escutam
mugidos e barulhos misteriosos durante a noite, e isso causa arrepios. Emília,
rapidamente parece identificá-lo:
“Espere
aí. Tô sentindo um cheiro assim. Um cheiro meio de homem, meio de touro”.
Naturalmente, ninguém dá atenção à Emília, e o Visconde é o primeiro a dizer
que isso é só “fruto de sua imaginação”, mas Emília tem certeza…
É cheiro de Minotauro.
Dona Benta
continua contanto sua história, falando sobre as oferendas que são dadas
continuamente ao Minotauro, sete moços e sete moças, que o monstro caça dentro
do labirinto, por diversão. Curiosa, Narizinho pergunta à vovó como Teseu
venceu o monstro, e Dona Benta diz que ele foi ajudado por uma linda jovem
chamada Ariadne, que lhe entregou um novelo de lã para que ele pudesse
encontrar o caminho para fora do Labirinto depois de enfrentar o Minotauro.
Enquanto isso, o Minotauro chega à cozinha de Tia Nastácia, prova um dos seus
bolinhos, E A SEQUESTRA. Emília sente o “cheiro de Minotauro” mais forte do que
nunca, mas eles só se levantam para ir atrás da Tia Nastácia quando percebem que
ela está demorando mais do que o normal
para voltarem. A cozinha está vazia, sem sinal nem de Tia Nastácia nem dos
bolinhos que ela fora fazer…
“O cheiro que eu estava sentindo! Só pode
ser. A Tia Nastácia foi sequestrada pelo Minotauro”
O pessoal
até escuta os gritos de Tia Nastácia pedindo socorro, mas ela já foi levada, e
eles não sabem por quem – quer dizer, a Emília sabe,
mas ninguém quer acreditar nele. Eles vão atrás do Saci, por
exemplo, achando que isso tudo foi apenas uma traquinagem dele… afinal de
contas, mais cedo, ele estava assustando o Tio Barnabé e o pessoal com a
mula-sem-cabeça e tudo o mais, mas ele diz que não foi ele e que viu mesmo um
vulto levando a Tia Nastácia embora… enquanto o pessoal do Sítio começa, então,
a “investigar o sumiço”, Tia Nastácia é uma prisioneira no Labirinto do
Minotauro, mas ela não pode nem mesmo cozinhar para ele, porque, como ela diz,
ela não tem ingredientes nem panelas o
suficiente… então, o Minotauro prende Nastácia dentro de uma cela, a fecha
lá dentro e sai novamente do Labirinto:
ele
vai em busca de ingredientes!
Assim, o
Minotauro retorna à cozinha de Tia Nastácia lá no Sítio do Picapau Amarelo,
porque precisa de ingredientes para que ela faça os bolinhos, e então a Dona
Benta o vê e não pode mais negar o que Emília está dizendo desde o começo:
foi o Minotauro que levou a Tia Nastácia.
Com a vovó preocupadíssima, as crianças tentam acalmá-la dizendo que está tudo
bem com a Tia Nastácia, porque se o Minotauro veio até ali para pegar coisas de
sua cozinha, isso só pode querer dizer que ele a levou para que cozinhasse para
ele. Assim, eles só precisam encontrar uma maneira de salvá-la das garras do
monstro e, para isso, eles precisarão ir
pessoalmente
até a Grécia Antiga… e Dona Benta não pode estar mais emocionada com a
possibilidade de visitar o Século de Péricles, conhecer pessoas sobre quem ela
sempre leu nos livros e quem ela sempre admirou…
Usando a
palavra mágica, PIRLIMPIMPIM, as crianças, Emília, Visconde e Dona Benta chegam
à Grécia Antiga, e observam encantados tudo ao seu redor, com direito à Dona
Benta dando mais aula, dessa vez a respeito das vestimentas que os gregos
usavam. Quando um dos homens ali vem finalmente conversar com eles e Dona Benta
apresenta todo o recém-chegado grupo, ela quase desmaia quando descobre com
quem está falando: Fídias, um grande escultor da Grécia Antiga. Tudo é tão
gostosinho nessa chegada à Grécia Antiga, eu adoro! A emoção deles por estarem
ali e a curiosidade dos gregos, por terem pessoas tão diferentes dizendo coisas
tão “sem sentido” quanto eles:
“É isso
mesmo, seu Fídias, nós estamos chegando do futuro”, Dona Benta explica,
dizendo que são do ano 1978
depois de
Cristo – o que, para os gregos, não fazia nenhum sentido.
E que comece
a aventura na Grécia!
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