Sítio do Picapau Amarelo (1978) – O Minotauro: Parte 4

Bagunçando um pouco a história…

O Minotauro já foi morto por Teseu, e agora Emília e o pessoal do Sítio querem interferir na história como a conhecem para permitir que Ariadne e Teseu vivam o amor com que estão sonhando desde o início da história – o grande problema é que a Mitologia Grega conta que os dois não ficaram juntos, e que Ariadne acabou se casando com um deus, Dionísio. Agora, o Faz-de-Conta de Emília é colocado à prova, porque ela não vê nenhum problema em tentar alterar um pouquinho da História… a pergunta é: será que ela consegue? Gosto bastante dessa visão do “Sítio do Picapau Amarelo” em que nem tudo é possível, e em que a História segue acontecendo como sempre aconteceu, mesmo que tenha uma pequena interferência da Emília, do Pedrinho ou de qualquer uma das figuras que veio do futuro. No fim, tudo continua como sempre soubemos.

Em Atenas, Alcibíades continua todo galante para cima da Narizinho, mas o clima todo acaba depressa porque o futuro general começa a se tornar alguém bem arrogante – primeiro, ele pede Narizinho em namoro para Dona Benta, dizendo que o tempo não será um problema para eles, porque Narizinho pode ficar ali em Atenas ou ele pode ir para o Sítio com eles, mas Dona Benta pacientemente o explica que cada um deles é de uma época, e a História precisará de Alcibíades… quanto a Narizinho, ela duvida que Narizinho queira ficar para trás. Até aí, tudo bem, e eu estava até achando o Alcibíades fofo aceitando ser apenas amigo de Narizinho e a convidando novamente para passear, mas depois ele começa a ficar um pouco obcecado e começa a falar sobre “provar o seu amor”, se propondo a enfrentar quem Narizinho queira que ele enfrente…

Tipo o Pedrinho.

E isso ainda vai se tornar bem grandioso!

Por enquanto, no entanto, Pedrinho continua na Ilha de Creta, acompanhando toda a trama do Dionísio aparecendo e dizendo a todos que a Princesa Ariadne vai se casar com ele – Teseu está furioso, e embora todos pareçam acreditar que ele não tem condições de enfrentar um deus, Teseu diz que o fará, e então ele verá do que é capaz um mortal com amor no coração. O pessoal do Sítio até tenta conversar com Dionísio, mas Dionísio é bastante cheio de si e diz que “se apaixonou” por Ariadne e, portanto, “vai lutar por ela” – e Teseu não tem nenhuma chance. Como eles veem que não vão conseguir nada falando com Dionísio, eles planejam ajudar Ariadne a escapar com Teseu, mas sabendo que o plano talvez não dê certo, então Emília já se adianta e aconselha a princesinha a “não ficar chorando o resto da vida” caso o plano deles acabe não dando certo.

“Acabo de ter uma ideia para dar um drible na história!”

Não que a bonequinha vá desistir fácil. Emília planeja passar a perna em Dionísio ensinando a Ariadne e Teseu a palavra mágica, e assim eles podem usar o “pirlimpimpim” para irem embora com eles para o Sítio do Picapau Amarelo. O problema é que todos sabem que existem riscos em alterar a história dessa maneira… afinal de contas, a história diz que Ariadne se casa com Dionísio e eles têm muitos filhos, enquanto Teseu se torna uma figura importante em Atenas, um Rei – se eles vão para o futuro, como cumprirão seu destino? Antes de partirem para o Sítio, no entanto, Teseu precisa cumprir uma promessa que fizera a Dédalo e Ícaro, que consiste em salvá-los da prisão do Rei Minos e levá-los com ele em um navio que está prestes a partir, e o pessoal do Sítio se responsabiliza em buscar Dédalo e Ícaro. Enquanto isso, os guardas do Rei aparecem na praia e levam Teseu até o palácio…

Emília e Pedrinho são achados pelos guardas do Rei e presos com Dédalo e Ícaro, e os dois já estão começando a conversar sobre sair dali e ir voando embora – um momento importantíssimo da Mitologia Grega está prestes a acontecer! Na praia, Teseu e Dionísio têm uma discussão na qual Teseu diz a Dionísio que ele vai precisar enfrentá-lo e matá-lo se quiser ficar com Ariadne, porque essa é a única maneira que ele o permitirá, mas Dionísio é um deus poderoso, e ele acaba resolvendo isso muito facilmente, usando sua magia para enviar Teseu para dentro do navio que já zarpou, e então Teseu não pode nem lutar pelo amor de Ariadne… não pode nem mesmo contar-lhe nada, e ela ficará com a história de Dionísio, de que “o seu amado foi embora porque quis, porque teve medo de enfrentá-lo”. Dionísio ainda diz que “venceu o amor maior”.

E é isso.

Emília, ainda querendo consertar tudo, ensina a palavra a Ariadne para que ela se encontre com Teseu dentro do navio que já partiu, mas quando Ariadne desaparece, não sabemos exatamente para onde ela foi… mas eles estão prestes a descobrir, quando são mais uma vez presos no palácio do Rei Minos, com Dédalo e Ícaro: “Dédalo, o senhor aqui de novo. A gente solta e o senhor volta”. Achando que já resolveu a história de Ariadne e Teseu, Emília agora quer interferir na de Dédalo e Ícaro, e usar o pirlimpimpim para levar os dois para o Sítio de Dona Benta, mas Pedrinho diz que, sem Ícaro, o homem do futuro não vai ser incentivado a voar, e talvez nem Santos Dummont exista, porque foi naquele momento que nasceu tudo… o sonho de um dia voar. Emília fica pensativa, e então Dionísio aparece para soltá-los da prisão, agradecendo por terem enviado a Ariadne para ele…

Então, Ariadne está infeliz e se preparando para o casamento – ela usou o pirlimpimpim e pensou em Teseu, mas foi enviada diretamente para Dionísio para que a história acontecesse como sempre aconteceu… o que quer dizer que, por mais que tente, não há muito que Emília possa fazer. De qualquer maneira, Emília tenta mais uma vez, e dá uns conselhos a Ícaro em uma das cenas MAIS DIVERTIDAS de toda essa história. Emília diz a Ícaro que “o pai está certo”, e então começa a falar sobre como “o sol é muito quente” e “derrete cera”, mas Ícaro não entende o que ela quer dizer com isso… afinal de contas, parece muito óbvio o que ela está dizendo e ele diz que “todo mundo sabe disso”. Então, Emília responde: “Bem, se você já tá sabendo, então não vai bancar o burrinho, entendeu?” COMO EU AMO A ESCRITA DESSES DIÁLOGOS DO “SÍTIO DO PICAPAU AMARELO”.

Antes do “primeiro voo do homem” e do casamento de Ariadne com Dionísio, Tia Nastácia, Pedrinho, Visconde e Emília voltam a Atenas para buscar a Dona Benta e a Narizinho, para que elas possam assistir aos próximos acontecimentos, mas no fim eles acabam levando apenas a Narizinho, que está por ali, e Tia Nastácia acaba ficando para trás para encontrar a Dona Benta… e ela tem medo de usar o pirlimpimpim sozinha e errar o destino, por isso resolve ficar em Atenas, mesmo que perca o casamento que queria tanto assistir – gosto muito do reencontro de Tia Nastácia com Dona Benta… afinal de contas, por mais que tanta coisa tenha acontecido, toda a história de “O Minotauro” começa justamente porque Tia Nastácia é sequestrada pelo monstro da Ilha de Creta e o pessoal do Sítio precisa salvá-la. E, agora, essa missão finalmente está cumprida.

Mas Emília está animada para ver o voo de Dédalo e Ícaro. Antes de alçarem voo com as asas que fabricaram, Dédalo orienta o filho a não voar muito baixo, para que a água do mar não molhe as suas penas, e nem muito alto, para que o sol não derreta a cera, e Ícaro percebe que foi isso o que a bonequinha tentou lhe dizer mais cedo… mesmo assim, quando começa a voar, sob olhos fascinados e/ou assustados de uma galera da praia, Ícaro acaba se esquecendo de todos os conselhos e, sentindo-se um máximo e livre, acaba voando cada vez mais alto, e então sabemos o que acontece com Ícaro… Emília até tenta ajudá-lo com o Faz-de-Conta deixando um barquinho com remo e tudo o que ele pode precisar à sua espera – se isso funcionou ou não, nunca saberemos. Depois de terminado o voo, o pessoal do Sítio é levado para o Palácio de Minos pela milésima vez.

Agora, no entanto, que já viram tudo o que tinham para ver, eles usam a palavra mágica e partem.

“Eu não disse, Minos? Eles eram enviados dos deuses!”

 

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