[Season Finale] Round 6 1x09 – Um Dia de Sorte
A última aposta.
O último
episódio de “Round 6” está aqui para
mostrar, mais uma vez, que a série não é sobre os jogos, mas sobre as pessoas – um episódio intenso,
angustiante e íntimo que “encerra” muito bem a história com uma mensagem muito
clara: assim como observou da janela daquele hospital se alguém parava para
ajudar o homem bêbado e desmaiado, Gi-hun vai ser a pessoa que passa, olha e não
faz nada ou ele vai ser a pessoa que para e ajuda? Confesso que foi um último
episódio diferente do que eu previa,
mas que eu adorei acompanhar do início ao fim – assim como a série. Fico muito
feliz com o reconhecimento que “Round 6”
ganhou, se tornando a série mais assistida da Netflix, e realmente ela tem um
roteiro bem-escrito, personagens interessantes e complexos que amamos
acompanhar e muita personalidade. É um
marco merecido.
“Um Dia de Sorte” começa anunciando o
duelo final entre Gi-hun, o Jogador 456, e Sang-woo, o Jogador 218 – e o Jogo
da Lula é uma escolha interessante porque permite todo o contato físico e o
duelo brutal que o jogo proporcionou até agora, ao mesmo tempo em que se torna
bastante pessoal por se tratar de
Gi-hun e Sang-woo, que se conheceram desde sempre, que jogaram esse mesmo jogo na rua diversas vezes quando eram crianças…
tudo é intenso, quase poético, e por várias vezes eu me perguntei o resultado
daquele confronto, porque comento, há alguns episódios, que Sang-woo é quem teria
as características de vencer o jogo, porque ele
é capaz de qualquer coisa para vencer. De maneira complexa e contrariando a
grande parte do público de “Round 6”,
eu preciso dizer que eu não consigo terminar a série odiando o Sang-woo…
Acho que
muitas das atitudes do Sang-woo são, sim, condenáveis, mas eu também reconheço
nele o desespero que vê no jogo a sua única saída, e ele faz o que considera
necessário para vencê-lo – e, na situação do jogo em que estava, muitas das
coisas que ele faz são atitudes lógicas pela sua sobrevivência: matar Sae-byeok
talvez não, mas empurrar o vidraceiro naquela travessia da prova anterior, sim…
não existia outra maneira de terminar
aquela partida com vida. Aqui, os dois se enfrentam brutalmente, se ferem e
em algum momento eu cheguei a pensar que os dois se matariam ali e o jogo não
teria nenhum vencedor, mas Gi-hun consegue virar o Jogo da Lula e descontar em
Sang-woo toda a frustração que sente pela morte de todos os outros jogadores e
a atrocidade que o jogo representa para ele… e, então, ele está pronto para vencer o jogo.
Confesso que
fiquei angustiado em ver o Gi-hun
retornar, pouco antes de vencer o jogo, oferecendo a mão a Sang-woo – e eu
acreditei que Sang-woo pegaria aquela faca, o trairia e ainda sairia vencedor.
Mas esse é o conceito de Gi-hun, é em cima desses princípios que o personagem
foi construído: ele não queria matar o amigo nem ser responsável por sua morte,
então ele lhe oferece a mão sabendo que, se ambos desistirem, eles podem sair
dali vivos e ir embora… pelo menos
teoricamente. E Sang-woo tem uma atitude quase inesperada, então: ele sabe
que não pode sair dali sem dinheiro e que isso significaria que ele estaria
morto do lado de fora, então ele escolhe retirar a faca do chão e se matar,
permitindo que Gi-hun vença a partida e, consequentemente, o jogo, saindo com o
dinheiro… e ele poderá cuidar de sua mãe
por ele; ele sabe que Gi-hun fará isso.
Isso tudo
acontece nos primeiros 15 minutos do episódio, e foi isso que me pegou
desprevenido, mas “Round 6” tem
histórias a contar depois do jogo –
vemos Gi-hun conferir o seu extrato no banco, tendo realmente recebido os 45,6
bilhões de wones, mas ele vai para casa atordoado, em silêncio, em estado de
choque ainda, e tem um doloroso breve encontro com a mãe de Sang-woo, que
pergunta “se ele teve notícias do filho ultimamente”, mas Gi-hun não consegue
responder, então vai para casa, para encontrar a mãe morta… agora que ele finalmente poderia ajudá-la.
É traumatizante e horrível, e então um ano se passa em que Gi-hun não muda: ele
não mexe no dinheiro, ele vive na miséria, bebendo, traumatizado… não bastasse
todo o horror do jogo, toda a culpa pela morte de Sang-woo e todos os demais,
ele ainda perdeu a filha, que se mudou para os Estados Unidos, e a mãe.
Então, algo
mais acontece: Gi-hun compra uma flor de uma mulher que insiste para que ele a
compre, e ela vem com um envelope e um convite com os símbolos do jogo: de seu gganbu. Eu SABIA que ainda
veríamos Il-nam, o antigo Jogador 001, e o vemos em uma cama de hospital,
prestes a morrer, convidando Gi-hun para um último jogo e se revelando o
idealizador por trás de tudo… essa foi uma possibilidade levantada pelos fãs em
episódios anteriores de “Round 6”, e
que se solidificou com o fato de a série não ter mostrado a morte de Il-nam
depois do jogo da bolinha de gude, e agora o vemos ali, em uma cama de
hospital, fraco, falando sobre como criou o jogo há muitos anos porque ele e
outras pessoas muito ricas “estavam entediadas” e precisavam “de uma diversão”.
E, agora, antes de morrer, ele quis
participar do jogo uma vez, sentir-se vivo…
E Gi-hun tornou essa jornada divertida.
Il-nam acaba
sendo uma figura patética, e o exato oposto de Gi-hun. Il-nam é alguém que não confia na humanidade, que não acha
que as pessoas são boas e que não sente culpa, e essa é a base da última
“aposta” que eles fazem: Gi-hun acha que,
até a meia-noite, alguém vai parar para ajudar o cara bêbado que está desmaiado
em frente ao prédio? Gi-hun não sabe se acredita nisso, mas espera que sim,
e os dois ficam os minutos que restam até a meia-noite conversando e observando
pela janela enquanto pessoas passam pelo homem sem lhe dispensar mais do que um
olhar… a não ser uma mulher, que parece querer ajudá-lo, mas não consegue, e
retorna exatamente à meia-noite, trazendo com ela a polícia, que pode ajudar o
homem. Naquele momento, Il-nam morre, tendo visto ou não o que aconteceu do
lado de fora, e Gi-hun diz que “ele perdeu”.
E não é só a essa aposta que ele se refere.
Acho que a
conversa com Il-nam é importantíssima para Gi-hun – é um momento de catarse.
Ainda atordoado, sim, é depois desse encontro que ele começa a despertar… ele
vai ao cabelereiro para cortar a barba e mudar o corte de cabelo (radicalmente,
por sinal), e vai ao orfanato para cumprir a promessa que fez a Sae-byeok.
Gi-hun é realmente um homem muito bom,
e eu fiquei feliz em vê-lo conseguindo começar a seguir em frente, e se talvez
ele não tenha capacidade de cuidar bem do irmão de Sae-byeok, ele dá um jeito,
levando o garoto até a mãe de Sang-woo, unindo as duas famílias que prometeu
ajudar, e deixa uma mala cheia de dinheiro para eles, para que eles possam se
virar… ele, por sua vez, precisa seguir em frente, precisa ir para outro lugar…
talvez para os Estados Unidos, para que
possa estar novamente perto da sua filha.
Acho a
sequência final de “Round 6”
particularmente significativa – em um primeiro momento, talvez ela nos
angustie, talvez quiséssemos que as coisas fossem diferentes, mas quando eu
entendo o que tudo aquilo significa, eu sei que não podia ser diferente… não em se tratando de Gi-hun, não em se
tratando da mensagem que a série está passando. Gi-hun está até um pouco
mais leve enquanto anda para o aeroporto, se preparando para pegar um avião
para os Estados Unidos, e conversa com a filha por telefone, dizendo que
comprou um presente para ela, mas que é surpresa, e então ele escuta um barulho
familiar… do outro lado da plataforma, ele vê o mesmo homem com quem apostou lá
no primeiro episódio e de quem levou vários tapas fazendo o mesmo com outro
homem… um futuro jogador com quem o recrutador deixa um cartão do jogo com o
telefone.
E Gi-hun salva a vida dele, tomando o
cartão, mas ficando com ele…
E então ele
telefona. A pessoa do outro lado da linha o chama de Jogador 456 e o manda
seguir em frente, pegar o avião e fazer o que é melhor para ele, mas Gi-hun
precisa dizer que ele não é um cavalo em quem eles apostam… ele é uma pessoa, e é uma atrocidade que
eles façam isso. Ficamos tensos enquanto esperamos a decisão de Gi-hun, e
parte de nós quer que Gi-hun desligue o telefone e siga em frente, entre no
avião, siga com a sua vida; mas ele vira para trás, porque ele sente que tem
que fazer algo. Seria hipócrita de sua parte, depois da aposta com Il-nam
naquele hospital, que ele agisse diferente… ele
não pode ser a pessoa que passa pelo cara bêbado e continua andando sem fazer
nada, esse não é o Gi-hun e essa não é a posição que ele defendeu naquela
ocasião; ele achava que alguém ia ver, parar e ajudar, e foi o que aconteceu
lá.
Agora, é ele
quem está nessa posição. Ele não pode ignorar e seguir em frente. Ele tem que fazer algo.
Adorei “Round 6”. Não estou certo de que
precisa de uma segunda temporada, mas, se vier, vou assistir com certeza,
torcendo para que Jun-ho não esteja morto no final e que ele e Gi-hun se unam.
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