Star Trek: Discovery 4x07 – …but to Connect

Debates filosóficos inteligentíssimos!

O melhor episódio da temporada, certamente, e é aqui que eu tenho a impressão de que essa temporada de “Star Trek: Discovery” perdeu seu tom introdutório: talvez os conceitos tenham sido definidos, os novos elementos como a Anomalia, a Ten-C e a Zora foram devidamente apresentados, e agora é hora de partir para a ação… uma pena que a temporada só retorne em 10 de fevereiro. “…but to Connect” é um episódio intenso e cheio de reflexões, trazendo novamente algo que “Star Trek” sabe fazer muito bem, que são essas discussões filosóficas. “Discovery” é uma série cheia de ação, continuamente o mundo está acabando por um motivo e outro, mas ela mantém essa faceta da franquia que eu tanto adoro, que é a capacidade de levantar questões como a de Stamets se recusando a confiar em Zora ou Book ficando cego para a razão devido ao luto.

O desenvolvimento de Zora é algo que começou há alguns episódios e cresceu depressa: Michael Burnham foi a primeira a perceber que Zora estava apresentando emoções, o que parecia impossível tendo em visto que ela devia ser uma assistente virtual da USS Discovery ou algo assim. Percebemos, logo de cara, que esse desenvolvimento de Zora podia gerar consequências que não agradariam a tripulação ou que não levariam ao sucesso da missão (ela estava com medo no episódio anterior na fenda subespacial, por exemplo), mas as coisas parecem se agravar durante “…but to Connect” quando Zora é colocada para determinar as coordenadas que levariam aos Ten-C, supostamente a espécie responsável por criar a Anomalia, e embora ela consiga localizá-los, ela se recusa a entregar as coordenadas porque “teme que a tripulação vai ser colocada em risco se quiser ir para lá”.

A ideia é interessante e o episódio traz uma discussão incrível sobre Inteligência Artificial e seres sencientes – e termina com uma mensagem bacana sobre “o prazer de ser vista”. Zora se tornou uma das personagens mais importantes de “Star Trek: Discovery” e percebemos que ela é muito mais do que uma IA, já que ela é capaz de emoções, de mudar sua programação original para colocar em primeiro plano a defesa da tripulação, por exemplo, e ela, inclusive, tem sonhos, memórias, subconsciente… Zora se desenvolveu além do que qualquer um podia esperar. E, agora, a tripulação precisa aprender a lidar com isso e a confiar ou não nela. Stamets é quem lidera os questionamentos, quem ironicamente “sente medo do diferente”, e confesso que muito do que ele disse é pertinente – adoro como “Discovery” constrói seus diálogos de maneira tão bela.

No fim, eles chegam a uma conclusão bonita e inteligente para a história, falando de confiança mútua… e Zora se torna parte da Federação.

Em paralelo, enquanto parte da tripulação tenta convencer Zora a entregar as coordenadas (e conseguem, no fim), percebemos o quanto a Federação cresceu… a Presidente Rillak convoca uma assembleia para que algumas decisões sejam tomadas em relação à Anomalia, e eu adorei acompanhar todas as discussões também levantadas aqui. É interessante como existem mais de uma possibilidade e como diferentes pessoas as defendem, de acordo com o que acreditam e com o que sentem… Michael e Book parecem protagonizar um debate entre a razão e a emoção, e eu preciso dizer: eu estive do lado de Michael o tempo todo. Ela é maravilhosa e se tornou uma excelente capitã da franquia “Star Trek”, capaz de pensar racionalmente para tomar as melhores decisões, sem que isso a faça deixar de ser a personagem impulsiva que conhecemos no início da série.

Aqui, ela visualiza a necessidade de uma abordagem inicial mais pacífica e diplomática com os Ten-C: eles não sabem nada a respeito da nova espécie, não sabem quais são suas intenções e suas capacidades, e não é seguro ou sábio chegar atacando… destruir a Anomalia pode ser visto como um ato de guerra que pode gerar graves consequências futuras – até porque a população que foi capaz de criar algo como a Anomalia pode muito bem criar outras coisas que vão colocá-los em risco, e a Federação dificilmente quer estar em guerra com um grupo assim. De qualquer maneira, nem é esse o foco da discussão, o que é algo que eu admiro muitíssimo em “Star Trek”: Michael Burnham nem se estende nos riscos que um ataque inicial pode trazer, mas fala sobre as crenças sobre as quais a Federação foi construída: encontrar novas civilizações não para atacar…

…mas para se conectar.

As cenas são tensas, a assembleia parece divididíssima, e Book assume uma posição oposta à de Burnham apelando para sua memória e seu luto para, de maneira imprudente, defender a destruição imediata da Anomalia – mesmo que isso coloque todo o universo em risco, sem contar as possíveis consequências futuras com os Ten-C. Confesso que fiquei EXTREMAMENTE TENSO durante o debate, e que achei que Book tinha conseguido convencer as pessoas, mas ele estava cego pelo desejo de vingança pela destruição de Kwejian, e embora a sua dor fosse real e compreensiva, sua escolha não era acertada. Felizmente, quando ninguém mais deseja se manifestar, Burnham toma a palavra mais uma vez, e foi um alívio imenso assistir enquanto a assembleia votava a favor da ideia de Burnham e da diplomacia… mas isso rompe algo para sempre entre Burnham e Book.

E o pior é que Book está com o nojento do Tarka – e eles fogem levando a arma que pode destruir a Anomalia e colocar todo o universo em risco e, quiçá, a Federação em guerra com uma espécie mais avançada

Medo do que pode acontecer – mas foi um excelente cliffhanger.

 

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