Além da Ilusão – O sofrimento de Violeta

“Foi você que atirou na nossa filha?”

Se eu tenho nojo das reações de Matías depois do assassinato de Elisa, eu sofri de verdade ao lado de Violeta – e torci para que ela descobrisse a verdade, mas eu não acho que isso vá acontecer tão rápido, infelizmente… já estava sendo um dia difícil para Violeta com a morte do pai, e, durante o funeral, ela recebe um telegrama informando a morte de Elisa, sua filha mais velha. Naturalmente, Violeta desmorona, e eu acho bonito como Heloísa está lá para apoiá-la, mesmo que as irmãs tenham suas brigas e suas diferenças. Achei forte a Violeta falar “E agora, Heloísa? O que vai ser da minha vida sem a minha filha?” para Heloísa, com essas palavras, porque, em uma situação diferente, Heloísa também perdeu sua filha e Violeta nunca pareceu achar nada demais, e fico feliz porque Heloísa é uma personagem profundamente real que faz um comentário sobre isso sem parecer estar desmerecendo a dor da irmã…

Ela só diz que, de agora em diante, a vida dela será como tem sido a sua: perder uma filha é como perder uma parte de si.

É revoltante assistir ao Matías abraçando Violeta e dizendo que “não se conforma com o que aconteceu”, tendo sido ele o causador de todo esse sofrimento, e Dorinha corre para abraçar a mãe e dizer o quanto ela fez falta ali, como nada disso teria acontecido se ela estivesse na cidade. Matías, completamente fora de si já, volta a atacar Dorinha tentando se fazer de vítima, dizendo à Violeta que “Dorinha acha que foi ele”, e Dorinha mostra uma tristeza, mas uma calma impressionante ao responder: “Eu nunca disse isso, papai”. Tudo o que Dorinha diz é que o Davi não tinha motivos para matar a Elisa, mas Matías tem sua história muito bem ensaiada, aquela mesma história que contou à polícia e que agora conta a Violeta – e, infelizmente, Violeta não tem motivos para não acreditar no que Matías está dizendo… pelo menos não por enquanto, mas em breve.

No velório, Matías tem a cara-de-pau de conversar com Elisa, de se aproximar do seu caixão dizendo que “ela sempre foi a luz da sua vida” e que não sabe como vai viver agora, nessa escuridão, então tenta se defender, dizer que nunca quis atirar nela, que errou a pontaria por causa do seu joelho, e é perversa e doentia a maneira como ele distorce as coisas e como fica encontrando em quem jogar a culpa, dizendo que “o que o motiva é que ele vai fazer aquele vigarista pagar”, dizendo que o Davi também atirou nela, que também a matou, porque “se ele não tivesse aparecido, nada disso teria acontecido” – mas nada disso teria acontecido, tampouco, se Matías não fosse o monstro que é. Matías diz à filha que a ama e que promete que Davi vai apodrecer na prisão pelo que fez (?), como se isso fosse algo que ela quisesse que acontecesse.

Matías volta a acusar Dorinha de ter culpa no assassinato de Elisa, diz que “ela deve estar sentindo culpa porque sabe que, se não fosse por ela, a irmã não tinha morrido” (!), e, felizmente, dessa vez Violeta o escuta e então o chama de covarde e diz que não admite que ele volte a falar assim com a Dorinha – depois que pede que Dorinha saia, Violeta confronta o Matías de maneira LINDA, dizendo que ele está apontando o dedo para uma garota de oito anos, quando devia estar apontando o dedo para si mesmo, porque ele também tem culpa: foi ele quem não soube lidar com a situação, que trancou a filha no quarto, quando era óbvio que ela ia fugir, e ainda vai procura-la armado… era uma tragédia anunciada e ele errou. A força e convicção com que ela fala me fizeram aplaudi-la: VIOLETA É MESMO UMA PESSOA MUITO INCRÍVEL!

Furioso e sabendo, no fundo, que ela tem razão, Matías se volta contra Violeta, enlouquecido, grita com ela, manda ela calar a boca, e eu adoro como Violeta nem titubeia. Fortíssima, ela olha para ele e responde: “Minha filha morreu no mesmo dia que o meu pai, eu falo o que eu quiser”. E a discussão se torna cada vez mais surpreendente, porque Matías resolve acusá-la de também ter culpa da morte da Elisa (?), dizendo que isso tem a ver com o seu feminismo e as ideias que ela colocou na cabeça da menina de que “todos têm o mesmo direito”, e Violeta responde dizendo que a liberdade e a igualdade não são caminho para a morte, e ela vai continuar criando a Dorinha assim, ele gostando ou não… TEM COMO NÃO AMÁ-LA?! E quando Matías diz que trancou Elisa no quarto porque “a encontrou na cama com o Davi como uma sirigaita”, Violeta sorri, quase debochada, e diz que “pelo menos ela conheceu o amor”.

EU AMO ESSA MULHER.

Com o dedo levantado e a voz baixa e firme, ela termina a discussão: “Nunca mais acuse a Dorinha!”

Depois, Violeta procura Augusta e se senta para conversar com ela, perguntando como era esse rapaz, e Augusta diz que Davi é um jovem trabalhador, dedicado, e que Elisa estava muito apaixonada, muito feliz… então, Violeta pergunta por que ela acha que Davi disparou contra sua filha, e Augusta diz, destemida: “Eu não acho que ele tenha atirado”. Então, ela conta tudo o que viu, desde o Matías pegando a arma e o dinheiro, dizendo que o mágico ia sair da vida de Elisa “por bem ou por mal”: ele saiu do hotel disposto a subornar e matar o rapaz, então talvez o Davi esteja dizendo a verdade e o Matías tenha atirado e acertado a Elisa sem querer, porque saiu dali muito nervoso. Violeta pergunta, então, por que as digitais de Davi estavam na arma do crime, e Augusta diz que, no primeiro resultado, elas não estavam… tanto é que ele foi liberado depois da perícia.

Violeta ainda não vai acreditar nessa história, mas a dúvida está plantada, e isso é poderoso. Ela chega a confrontar o Matías com um direto “Foi você que atirou na nossa filha?”, mas é claro que Matías nega, e Violeta acaba acreditando e pede que Augusta não fale a mais ninguém o que lhe falou, porque “é importante que o assassino pague pelo que fez”. Podemos ver os olhos de Augusta se enchendo instantaneamente de lágrimas porque não acha que o Davi seja o assassino – infelizmente, Violeta erra ao citar Augusta com Matías, e o filho da p*ta a ameaça, o que a deixa com medo o suficiente para que não deponha a favor de Davi no julgamento… quando Matías sai, Augusta está com ódio e nojo estampados nos olhos, e o chama de maldito, dizendo que se seu castigo não vier pela lei dos homens, então que ele venha pela lei de Deus… e virá.

Assim espero.

 

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