Around the World in 80 Days 1x06
Perdidos em
uma ilha…
Um dos
maiores imprevistos na volta ao mundo em 80 dias de Phileas Fogg, Abigail Fox e
Passepartout… desde que a viagem do Sr. Fogg começou a ganhar os jornais e
chamar a atenção de admiradores, Bellamy percebeu que, ao contrário do que ele
pensava quando selou a aposta com o “amigo” no clube, talvez Phileas Fogg de fato conseguisse concluir a aventura que parecia
quase impossível – desesperado para não perder a aposta e para conseguir o
dinheiro prometido para pagar suas dívidas com o banco, Bellamy começou, então,
a tentar sabotar a viagem do trio de
qualquer maneira e, até agora, todos os seus planos tinham, talvez, causado
pequenos problemas a Fogg e aos demais, mas eles sempre se saíram bem deles…
dessa vez, no entanto, eles acabam dentro de um bote salva-vidas no meio de uma
tempestade e, por fim, em uma ilha
deserta.
Típico… mas
eficaz.
Passei o
tempo todo tenso, confesso, me perguntando como eles conseguiriam retornar à
aventura e, principalmente, ainda a tempo de concluir a volta ao mundo em
apenas 80 dias. Sabendo que devem estar em algum lugar da costa asiática, o
trio começa a caminhar pela praia em busca de uma civilização, até chegarem novamente ao ponto do qual partiram e
perceber, então, que estão em uma ilha e ninguém vai ajudá-los… Abigail e
Passepartout começam a procurar água e comida e pedem que Fogg comece a
preparar abrigo, para que eles possam passar a noite, mas Fogg está muito mal com tudo o que está
acontecendo, se sentindo culpado por tudo o que deu errado e por ter colocado
os amigos naquela situação. Naquela noite, Fogg tem uma conversa bacana com
Abigail e com Passepartout, pedindo perdão e querendo que eles o perdoassem.
“Around the World in 80 Days”, além da
jornada, é muito sobre os personagens em
si, e esse episódio é uma grande prova disso, com um desenvolvimento
interessantíssimo, tanto para Passepartout quanto para o próprio Phileas Fogg.
Como Fogg está muito perto de se fechar no que Abigail chamou de “melancolia”,
Passepartout resolve dizer a verdade: que
ele não tem culpa da situação em que eles se encontram, porque havia um homem
tentando sabotar a viagem deles há muito tempo… então, a dinâmica do grupo
muda drasticamente, porque Fogg volta a
se sentir traído quando descobre que Passepartout aceitou dinheiro para atrasar a viagem deles, mesmo que ele tenha
se arrependido e devolvido o dinheiro mais tarde – talvez, se ele tivesse
contado antes, eles poderiam ter denunciado o cara que os seguia para as
autoridades e evitado esse último “contratempo”.
De qualquer
maneira, Fogg está furioso, e ele tem seus motivos para se sentir assim… gosto
muito da dinâmica do trio e como a série nos ensinou a gostar de cada um deles,
porque podemos “entender” um pouquinho de cada um. Abigail é quem fica no meio,
tentando mediar, enquanto Fogg não permite que Passepartout se aproxime dele e
começa a construir uma jangada para ir embora e o Passepartout se arrepende de
verdade do que fez, porque agora que conhece Fogg de verdade, ele sabe que essa
viagem maluca não é “apenas um capricho de homem rico”, mas muito mais do que
isso… Fogg precisa de tempo para passar esse choque inicial e para começar
absorver a informação de tudo o que Passepartout fez e de como ele está
arrependido, e é uma transição bem bacana que culmina naquela cena do
Passepartout doente depois de passar a noite concluindo a jangada…
Gosto de
como a série consegue investir em um tom íntimo e emocionante em cenas como
quando Fogg se preocupa genuinamente com Passepartout quando ele sofre de uma
espécie de hipotermia e Fogg precisa fazer de tudo para mantê-lo aquecido… inclusive queimar toda a madeira usada para
construir a jangada, se for preciso – e é. Foi um crescimento importante para o
Fogg o fato de ele perdoar e entender o Passepartout, e perceber o quanto ele é
seu amigo e o quanto se importa com ele, a ponto de abandonar sua única
esperança de ir embora e, quem sabe, ainda retornar para a aposta, porque a
vida de Passepartout importa mais do que tudo isso… o trio passou grande parte da série brigando entre si,
mas a verdade é que eles construíram, nesses quase 50 dias, uma relação muito
intensa e muito verdadeira. Impossível
ser diferente.
Na manhã
seguinte, sem jangada para ir embora, eles compartilham outro momento
emocionante e de coração aberto, e é muito bacana ver o Passepartout
agradecendo ao Fogg pela sua atitude, e ver o Fogg se abrindo inteiramente
sobre a sua história com Estella, que não aconteceu exatamente como eles
pensavam que tinha acontecido – e como Abigail escreveu em sua coluna para o
jornal. Na verdade, foi Fogg quem a abandonou em um trem quando tentou
empreender essa mesma viagem ao redor do mundo (sem o prazo de 80 dias, no
entanto) e teve medo, acabando voltando para Londres e para tudo o que lhe era
familiar e de onde ele não conseguiu se afastar… quando conta isso a Abigail e
Passepartout, Fogg permite que eles vejam suas falhas e sua maior vergonha, e
isso mostra o quanto ele confia
neles, e os laços naturalmente se estreitam.
Enquanto os jornais
estão noticiando a morte do grande aventureiro Phileas Fogg e Bellamy parece
quase se sentir culpado por isso, Fogg avista um navio do qual precisam chamar
a atenção para serem resgatados – e o são. Não sei como a viagem deles continua
e se eles terão tempo de concluir essa volta ao mundo em 80 dias, mas eu
acredito que sim, e mal posso esperar para ver a notícia de que eles estão
vivos, no fim das contas, começar a se espalhar. Ainda temos dois episódios de “Around the World in 80 Days”, mas
acredito que talvez agora o grupo esteja finalmente em uma posição na qual eles
confiam um no outro e sabem que podem contar um com o outro? Abigail e
Passepartout até começaram um envolvimento romântico… é hora de rumar para os
Estados Unidos, com a viagem chegando à América – prestes a retornar para
Londres…
Até a véspera de Natal.
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