O Projeto Adam (The Adam Project, 2022)
“Time
travel exists. You just don’t know yet”
QUE AVENTURA
DELICIOSA! Uma ficção científica despretensiosa, focada na aventura e com
pitadas de comédia, e que é um dos filmes mais gostosos de se ver que eu vi
nesse ano! “O Projeto Adam” tem uma pegada meio “De Volta Para o Futuro” (com direito à trama da Parte II em que
Biff retorna no tempo para dar o Almanaque de Esportes para si mesmo… de certa
maneira), está repleto de outras referências bacanas (“Dude, that’s a light saber”), efeitos especiais excelentes em
cenas de ação empolgantes, uma história bem conduzida e, é claro, um elenco incrível – Ryan Reynolds
divide com Walker Scobell o papel de Adam Reed, em duas fases de sua vida, aos
12 e aos 40 anos; interpretando a mãe deles, Ellie, temos a incrível Jennifer
Garner; e, para nossos coraçãozinhos nostálgicos, ela faz par romântico
novamente com Mark Ruffalo!
(Curiosamente,
eu reassisti “De Repente 30” no mês
passado!)
O filme
começa em 2050, quando Adam Reed, um piloto habilidoso de jatos que saltam no
tempo (!), rouba uma nave, leva um tiro e salta para o passado – o plano era
chegar em 2018, mas ele acaba em 2022, onde encontra sua versão de 12 anos…
Ryan Reynolds tem um jeito de atuar muito parecido em seus filmes, mas eu
sempre adoro os seus personagens, com um tom de deboche divertido, e eu preciso
aplaudir a atuação de Walker Scobell, que ficou brilhante interpretando o mesmo personagem aos 12 anos; podemos
sentir a energia do Adam Reed adulto
no pequeno Adam Reed que provoca uns valentões na escola e acaba apanhando…
então, é incrível quando eles se encontram! A dinâmica dos dois Adams faz com
que o filme seja sempre divertido, e eu percebi que assisti ao filme todo com
um sorriso no rosto, muito feliz com a experiência.
O Adam Reed
de 12 anos aceita bastante rapidamente
que o cara misterioso que ele encontrou na garagem é o seu eu do futuro (o que me fez pensar em “Zathura”), e eu gostei de como o próprio filme debochou disso, ao
mesmo tempo em que fazia tudo ser bastante
crível – afinal de contas, o próprio Adam-12 sacou tudo sem que o Adam-40 precisasse
explicar, e não tinha por que ele
negar… até porque ele precisava de sua
ajuda para entrar no jato, que era acionado por DNA, mas não deixava que ele
entrasse porque ele estava ferido. Foi bom acompanhar a relação dos Adams,
enquanto o Adam-40 tentava ajudar o Adam-12 a lidar com os valentões da escola,
por exemplo, e o Adam-12 permitia que ele entrasse no jato. O Adam-40 está ali
porque a sua esposa, Laura, fez um salto para 2018 e nunca mais voltou, e ele
acha que Maya Sorian mandou matá-la.
Gosto de
como o filme, no meio de toda a aventura e das cenas de ação que realmente me
encheram os olhos, e da comédia bem equilibrada, também traz momentos
extremamente profundos e emocionantes – o Adam de 2022 perdeu o pai há um ano e
meio, mais ou menos, e ele ainda está tentando lidar com essa dor, mas ele o
faz escolhendo ter raiva ao invés de
ficar triste, e isso faz com que ele trate a mãe de um jeito péssimo… de um
jeito que ainda faz o Adam de 2050 se sentir mal quando pensa nisso. Uma das
cenas mais emocionantes do filme é quando o Adam-40 está em um bar e escuta a
mãe desabafando sobre como o seu filho a odeia, e ele é extremamente sensível
com ela, falando sobre como ela não está fazendo nada de errado e como ele não
a odeia – como, na verdade, “ele a ama mais do que ela imagina”, que é o que
ela sempre fala para ele.
É uma cena
lindíssima!!!
Quando Adam
reencontra Laura, descobre que tinha razão e que Maya Sorian, a antiga sócia de
seu pai, usou a viagem no tempo para alterar a história a seu favor, só existe
uma coisa que ele pode fazer: ir para
2018 e impedir que a viagem no tempo seja criada… impedir o próprio pai de
continuar com os estudos que um dia tornarão possíveis as viagens no tempo.
E essa é uma jornada que os dois Adams precisam fazer juntos, e nós já sabemos
que vai ser emocionante quando o Adam de 12 anos diz que não vai com ele, mas
muda de ideia quando descobre que o Adam de 40 anos pretende pedir a ajuda do pai, e então os dois
entram no jato, protagonizam uma cena divertidíssima de perseguição quando
Sorian vem atrás deles para tentar impedir o salto, e partem para 2018 – para
uma época em que o pai ainda está vivo, e aquele reencontro triplo é
LINDÍSSIMO.
E divertido…
amei demais como “O Projeto Adam”
conseguiu equilibrar seus gêneros tão bem: é ficção científica, é comédia, é
aventura e, ainda assim, é emocionante. Um filme muito bem equilibrado! E a
sequência em 2018 trouxe excelentes cenas com Mark Ruffalo, interpretando Louis
Reed, trabalhando lindamente toda a relação familiar dos personagens… se o
Adam-40 precisou ajudar o Adam-12 a ver como era errada a maneira como ele
estava tratando a mãe e pedir que ele desse um abraço nela e a valorizasse, o
Adam-12, em 2018, precisa ajudar o Adam-40 a perceber que essa “raiva” que ele sente
do pai é, na verdade, raiva por ele ter
morrido – ele, aos 12 anos, se lembra de coisas que o Adam de 40 escolheu
esquecer, mas Louis era, sim, um pai presente à sua maneira, e ele o amava mais
que tudo… que conversa linda a dos dois
Adams em 2018.
O clímax do
filme acontece em 2018, enquanto Louis está ajudando o filho (os filhos?) a
roubar e destruir o disco rígido com os estudos que possibilitariam a viagem no
tempo, enquanto a Maya do futuro está tentando impedi-los, e temos uma
sequência MARAVILHOSA que funciona em todos os sentidos… eu amei a maneira como
as reviravoltas foram acontecendo, como os efeitos estavam lindos (o “sabre de
luz” em ação realmente era muito bonito de se ver!), como pequenos momentos de
comédia se integram muito bem à sequência (o momento do Adam-12 usando o sabre
de luz, fazendo “pose de herói” e sendo derrubado logo em seguida, por exemplo),
e como, no fim, com uma pitada de “Lost”
e “The Flash”, Maya Sorian é
derrotada pela ciência que ela nunca entendeu… a ciência era toda de Louis e
ele sabe exatamente o que está fazendo.
No fim, a
viagem no tempo deixa de existir… é
melhor assim.
Interessante
a discussão levantada por “O Projeto
Adam”, que é uma discussão pertinente e recorrente na ficção científica: a humanidade está preparada para os avanços
da ciência que já são possíveis? A viagem no tempo é uma metáfora
interessante, e a vemos ser utilizada por pessoas gananciosas para alterar a
história a seu favor – e, bem, não é isso o que aconteceria na vida real? Quem
poderia controlar as intenções dos viajantes e as mudanças feitas na linha do
tempo? A questão da viagem no tempo é, acima de tudo, uma questão ética: se
você pode alterar a história, voltando ao passado e lhe falando que ações de
empresa comprar ou mesmo lhe dando os números da loteria, é certo fazer isso?
Você deixaria de fazer, se tivesse a
oportunidade? Gosto muito de quando a ficção científica consegue me fazer ficar
pensando nessas coisas.
Antes que o tempo se corrija, os dois Adams têm
algum tempo com Louis em 2018, em outra cena lindíssima na qual Louis se
despede, os abraça e faz de tudo para que o Adam-40 entenda que ele o ama, para
que nunca mais duvide disso… depois, enquanto os três brincam em silêncio, mas
falando muito com os olhares, no quintal de casa, os dois Adams retornam para
os seus tempos fixos, de volta para as suas vidas. Quanto eles se lembram da
“aventura” é incerto, para mim, mas é nítido que o que eles sentiram e o que
eles aprenderam ficou com eles, de alguma maneira… o Adam de 12 anos, em 2022,
dá um abraço apertado na mãe antes de sair para a escola, por exemplo, o que a
surpreende e, é claro, a deixa muito feliz; o Adam de 40 anos, em 2050,
reencontra Laura, em um primeiro encontro
parecidíssimo com o que tinha acontecido antes.
Tudo vai ficar bem.
ADOREI O
FILME. Recomendadíssimo!
Para reviews de outros FILMES, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário