BIA: Um Mundo do Avesso (BIA: Un Mundo al Revés, 2021)

E se tudo tivesse sido diferente?

“BIA: Un Mundo al Revés” é um especial de “BIA” que foi lançado diretamente no Disney+ no dia 19 de fevereiro de 2021. Basicamente, a ideia é que Bia está soltando a imaginação para pensar em como seria a vida deles se tudo tivesse sido diferente – não apenas se o acidente de 10 anos atrás não tivesse acontecido e coisas assim, mas se o grupo de mocinhos fossem os vilões e vice-versa. O especial é uma grande e divertida brincadeira com vários acertos e alguns problemas também, mas que, no geral, cumpre a sua função de divertir e nos permite matar a saudade de personagens de quem gostamos bastante. Bia deixa de lado sua bicicleta, seu ukulele e seus lápis de cor para virar uma cantora motoqueira ambiciosa que anseia pelo sucesso e nutre uma rivalidade assustadora com sua irmã mais velha, Helena. E isso é apenas o começo de tudo.

Eu gosto muito da ideia, mas não tenho certeza em relação à execução… é bacana essa inversão de papeis e ver o que, visualmente, isso nos proporciona, com todos os novos figurinos e caracterizações, mas a atuação precisava ser mais cuidadosa para transmitir algo convincente – em parte, estamos habituados a esses atores interpretando os personagens que conhecemos e como os conhecemos, mas não é isso o que quero dizer. O que digo é que, na maior parte do tempo, a atuação é exageradíssima, escrachada como em um programa de comédia… várias atuações são forçadas, assim como os diálogos que querem o tempo todo “brincar” com “BIA” como a conhecemos, como com a Carmín e a Mara melhores amigas dizendo que “nunca brigariam por um garoto” ou que “nunca fingiriam para os fãs”, mas é tudo muito escancarado, e não havia necessidade…

Devo dizer, no entanto, que amei a Chiara e a Celeste… inclusive, amei mais nessa versão do que na original. Celeste estava incrível sendo mais tapada, e Chiara se deu muito bem sendo toda intensa e inteligente, gostei demais das duas, eu escolheria essa versão para a série a qualquer minuto. E o Alex estava uma gracinha, eu não vou negar… não sei se convincente, mas ele estava tão fofo com aqueles óculos e aquela timidez que eu acabei me apaixonando por ele, eu não pude evitar. Mas eu ri descaradamente daquela cena dos Gutiérrez falando sobre “a única regra da casa”: sem segredos. Tá vendo o que eu digo do diálogo forçado? Mas enfim, era para ser uma piada. Tem até a Paula falando que acha a Bia (e toda a sua família) um máximo, ou qualquer coisa assim, querendo preparar um “jantar familiar” para convidar a Bia e todos os Urquiza.

A produção é bastante boa, o Disney+ acertou em cheio. Com poucos cenários novos (mas grandiosos), como o do show do ato final do especial, “BIA: Un Mundo al Revés” foge do costumeiro “tirar os personagens de onde sempre os vimos”, mas porque a ideia desse especial é outra, e mexer com os personagens propriamente ditos… assim, vemos “nascer” a Residência Golden e o Laixdom e, com isso, personagens que sempre vimos em um cenário indo para outro, como a Pixie sendo a CEO da Laix, toda poderosa, ou o Marcos todo carinhoso, amigo, falando de família e de “BeU”. Percebemos mudanças na direção que deixam o ritmo do especial com mais cara de filme, como era a intenção, e os clipes foram muito bem-produzidos, se estamos falando de música, performance, cenário, figurino… tudo. E o musical é repleto de músicas novas.

A história do especial, nesse “universo imaginado”, começa com o pessoal da Laix (Pixie, Luan, Bia, Pietro, Daisy e companhia) anunciando que eles e o Fundom vão se unir. A fusão empolga Pixie e preocupa Marcos, que diz que “eles são uma família no Fundom”, mas vai acontecer de qualquer maneira – e Pixie está organizando um grande show para lançar a nova network: Laixdom. Assim, podemos dizer que uma parte da trama do especial gira em torno de quem vai tocar no show (é uma verdadeira briga). O especial aposta em duplas como Mara e Carmín, agora melhores amigas e do lado dos “mocinhos”, e Bia e Manuel, que passam o especial todo se provocando, se seduzindo e brigando, e se chamando de “El Puma del Amor” e “La Pantera Brasileira”. Ah e, é claro, a constante competição que existe entre Bia e Helena, as irmãs que se detestam.

Falando de Helena, fiquei contente de ver que ela está com Victor e que Moondust segue existindo, mas que ELA NÃO ESTÁ FELIZ COM ESSE RELACIONAMENTO, reforçando a ideia de que eles não podem mesmo ficar juntos – porque mesmo com todas as mudanças do especial, os casais se mantiveram, como Bia e Manuel, ou Pixie e Luan, até mesmo Chiara e Guillermo têm umas faíscas em uma única cena rápida. Então se Helena não está apaixonada por Victor e feliz com ele, acredito que isso signifique que, no mundo real, ela também não está? E gostei da participação de Thiago, que aparece como um grande empresário em busca de uma cantora, e ele está interessadíssimo em Ana, e os dois passam o especial inteiro trocando olhares e sorrisos, embora não cheguem a engatar um romance nem nada assim… mas, para mim, foi o suficiente para entender a mensagem.

Na briga pelo show de abertura do lançamento de Laixdom, descobrimos alguns segredos e vemos algumas chantagens acontecerem… Daisy, por exemplo, descobre que Pixie e Luan estão juntos, mesmo que oficialmente Pixie namore o Jandino (!), e consegue, inicialmente, garantir o show para você… Bia e Helena, no entanto, acabam dando uma trégua nas disputas para se unir, para que ao menos uma delas possa cantar no lugar de Daisy e, com a ajuda de Manuel, que descobre “o segredo de Pietro” (a grande estrela de Laix não sabe cantar), eles chantageiam Pixie e conseguem o show para ela… essa trama toda de eles armarem para desligar o playback e revelar a verdadeira voz desafinada de Pietro só me fez pensar no filme de “Lizzie McGuire”. Inclusive, eu amo aquele filme. No fim, Bia ainda engana a Helena para ficar com o show só para ela.

O especial é bacana, e a gente releva os problemas como exageros na atuação ou diálogos forçados, porque tudo é uma grande brincadeira que acaba nos colocando um sorriso no rosto, e o especial ainda se preocupa em contar uma “história inédita”, que é a da fusão de Laix e Fundom, o show e tudo o mais… com isso, vemos os personagens em situações inusitadas, explorando novos visuais, e uma série de músicas novas que se encerram com um grande show cujo destaque foi a música interpretada por todo o elenco – vou falar mais sobre a trilha sonora e sobre os clipes em outro texto. Aquele show no final de “BIA: Un Mundo al Revés” me fez pensar muito em “Violetta”, que tinha vários momentos assim, especialmente antes da novela entrar em hiatus, e eu já comentei isso outras vezes, mas preciso repetir: sentimos falta disso em “Bia”.

Mas palmas ao especial. Merece, sei lá, uns 7/10.

A ideia foi legal e fugiu do típico para esse tipo de especial!

 

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