A Favorita – O fantasma de Donatela
“Você tá aqui! Você tá viva!”
Esse é um
dos melhores arcos de “A Favorita”. É impressionante como essa
é uma novela diferente em tantos
sentidos, porque passamos mais da metade da novela sem confrontos diretos entre Flora e Donatela, por exemplo, e mesmo
assim é uma novela excelente – provavelmente não achamos que Flora demoraria
tanto para descobrir que Donatela ainda estava viva quando assistimos “A Favorita” pela primeira vez, em 2008.
Agora que estamos nas últimas semanas da novela, no entanto, está na hora de
mocinha e vilã se aproximarem, para alguns embates épicos antes que as coisas se resolvam, e Donatela resolve usar a
mãe do Silveirinha (!) para obrigá-lo a ajudá-la, e então ela faz algo
inesperado: ela pede que o Silveirinha a
ajude a entrar no rancho. Devo dizer que as cenas da Donatela atormentando
a Flora no rancho são PERFEITAS.
Escondida,
Donatela fica cantando “Beijinho Doce”
para atormentar a Flora, e é muito fácil de conseguir isso, Flora vai rapidamente
ficando transtornada… e é hilário de se assistir! Ainda temos o Silveirinha
dizendo que “não está ouvindo nada”, enquanto a Flora surta dizendo que “não
está louca” – o que todo mundo está vendo, no entanto, é uma mulher que “está
ouvindo vozes”. Donatela passa um tempo escondida no rancho, cantando para
Flora, a impedindo de dormir, e cada vez Flora fica mais incomodada, até que
ela se encolha na cama e grite para que a voz pare. E “Beijinho Doce” faz Flora se lembrar daquela ICÔNICA cena do carro
no capítulo em que descobrimos a identidade da assassina, quando Donatela
apontou uma arma para ela e a obrigou a cantar… é interessante perceber como nenhuma das duas é lá muito equilibrada,
no fim.
Donatela
resolve, então, que precisa fazer uma
aparição como o seu próprio fantasma para impressionar a Flora e, quem
sabe, fazê-la confessar seus crimes. Silveirinha leva Flora para jantar em um
restaurante caro onde eles foram para comemorar o primeiro contrato da dupla,
tantos anos antes, e então Donatela aparece por lá, um pouquinho diferente, com
o cabelo cheio de creme, em uma mesa distante, de costas para Flora – mesmo
assim, não demora muito para que Flora perceba sua presença, e ela fica incomodadíssima. Adoro como a Donatela incorpora o papel de assombração, porque
seus olhares são intensos e macabros, e ela provoca Flora mais ou menos como
acreditamos que um fantasma faria, a atraindo para uma armadilha. Donatela sai
do restaurante e Flora a persegue, enlouquecida, e a vê entrar em um teatro no
qual fizeram um show em 1989… o melhor
show da dupla.
“É ela, Silveirinha. Ela tá me chamando. […]
Eu vou atrás dela, eu tenho que falar com ela”
Flora cai direitinho na armadilha… pelo
menos por um tempo. Flora segue Donatela para dentro do teatro, e então Donatela
aparece em um espelho, perguntando se “Flora está procurando por ela”, e Flora
fica ainda mais atordoada quando a vê
ali, chamando seu nome, confirmando que é mesmo a Donatela. Elas falam sobre o
show que fizeram ali, falam sobre os aplausos, sobre as fotos, sobre as flores
que ganharam, e Donatela é ótima em atormentar a Flora, e parece que o plano
pode dar certo e Flora pode dizer alguma coisa importante para o Zé, que está
escondido e gravando tudo… mas Flora também pega Donatela desprevenida quando
começa a sofrer e a acusá-la de tê-la
deixado sozinha, e Donatela precisa pressionar
a Flora, dizendo que Flora só a está vendo porque ela sente culpa, porque
só vai conseguir tirar isso dos ombros quando confessar seus crimes…
“Sem o meu perdão, você não vai ter paz.
Você precisa do meu perdão, Flora”
Acho que é
aquele momento que faz com que Flora fique com um pé atrás, mas ela ainda está
mexida, ela ainda está chorando, enquanto Donatela instiga… Flora pede perdão,
mas diz que Donatela também tem que pedir perdão porque a deixou sozinha e não
podia ter feito isso, e Donatela tenta novamente voltar para o assunto, jogando
os seus crimes na sua cara, e Flora diz que “não teve saída”, que “ninguém
nunca facilitou nada para ela”, mas Donatela não consegue fazer a Flora falar que matou o Marcelo, o Dr.
Salvattore, o Gonzalo… e antes que Donatela consiga fazer com que Flora fale,
um pingo de água cai de uma goteira em cima dela e ela seca o rosto, o que é o
seu pior erro, porque então Flora percebe que ela não é um fantasma, no fim das
contas… que ela está ali de verdade e que
ela é de carne e osso. E preciso dizer: Patrícia Pillar ARRASOU na atuação.
Mas quando
ela não arrasa?
“Essa gota… caiu em você. Você não é uma
alucinação. Você tá aqui! Você tá viva!”
Agora, todo
o plano de Donatela já era. Flora
está enlouquecida, o seu grito é de arrepiar, e então ela repete que Donatela
está viva, ela diz que “o seu numerozinho de terror deu errado e ela vai voltar
para a cadeia”, e as duas protagonizam algumas das melhores cenas da novela,
com a Flora falando que foi deixada de lado sua vida inteira, falando que elas
poderiam ter sido a melhor dupla
sertaneja do país (“A gente podia ter
sido tão feliz!”), e Donatela consegue escapar antes que Flora chame a
polícia, com a ajuda do Zé… mas agora Flora está no encalço dos dois, o que
quer dizer que todo o plano foi um tiro
no pé: não só não funcionou, como eles acabaram se tornando fugitivos
novamente. Por isso, eles precisam agilizar o processo de reabertura do caso na
polícia, e os novos depoimentos do Baiano, da Cilene, do Halley e do Zé Bob
talvez seja o suficiente para isso.
Enquanto
aguardamos a reabertura da investigação (Cilene é muito importante em seu
terceiro depoimento), Donatela se esconde na casa de Augusto, uma das poucas
pessoas com quem pode contar nesse momento, e é bom vê-la de novo naquele
cenário, vê-la interagir com o Shiva, mas esse não é um esconderijo no qual ela
pode ficar segura por muito tempo, porque Flora tem os seus informantes, e ela
consegue rapidamente a informação de que Donatela está se escondendo no sítio
do roqueiro – “É hoje que eu vou pegar a
Donatela! Vou pegar aquela jumenta e vou entregar de bandeja pra polícia!”
Felizmente, o Shiva percebe que o sítio está sendo cercado e corre para avisar
a Donatela, e a ajuda a escapar por uma trilha alternativa que continua
desimpedida. Agora, “A Favorita” tem
caçada, tem suspense, e a gente passando nervoso!
Adoro!
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