Doctor Who – The Power of the Doctor
“Doctor
whoever I’m about to be… tag, you’re it”
Divertido,
intenso, emocionante, triste… tudo o que um episódio de regeneração precisa
ser, e fico muito feliz por Jodie Whittaker, nossa querida Thirteenth Doctor,
ter tido uma despedida em grande estilo com um episódio de 1h30min, com uma boa
trama, excelentes momentos para a personagem e, é claro, muito fan service proporcionado pelo retorno
de rostos conhecidos tanto de Classic Who quanto de New Who. Eu não sou um
grande fã da escrita de Chris Chibnall, e acho uma pena que Jodie o tenha tido
como roteirista, e algumas coisas trazidas por ele em sua era, como a história
toda da Timeless Child, acabam não sendo exploradas/explicadas como precisavam,
mas, de qualquer modo, “The Power of the
Doctor” foi um episódio bem-escrito… ou talvez fosse a saudade e a emoção
falando mais alto, mas, por um motivo ou outro, foi um episódio que eu AMEI.
Escrevo esse
texto, agora, com um sorriso no rosto.
Ser fã de “Doctor Who” é uma experiência curiosa…
e, em parte, acredito que aquele “encontro de companions” no fim do episódio (uma sequência lindíssima) nos
representa um pouco – embora não possa imaginar a dor de realmente viajar com a Doctor na TARDIS e, algum dia, deixar isso
tudo para trás, os companions são
nossos “avatares”, são a representação do fã que é convidado para ser parte
desse universo e se afeiçoa a um Doctor, mas eventualmente precisa deixar que
ele vá embora e outro assuma… afinal de contas, “Doctor Who” sempre foi sobre isso, e sempre vai ser; é isso que
garante a longevidade da série, que garante sua mescla quase paradoxal de
nostalgia e legado com o que é novo e diferente. “The Power of the Doctor” é o especial de regeneração da Thirteenth
Doctor, e funciona como um especial para o centenário da BBC.
O episódio
começa com um ataque de Cyber Masters em busca de uma garota em um trem no
espaço – uma garota que acaba sendo, na verdade, um Qurunx, uma fonte de
energia senciente poderosíssima que está sendo aprisionada em um planeta
“escondido” na sombra da Terra, em 1916, para algum plano que a Doctor ainda
não entende, no início do episódio… mas que parece ter a ver com o Mestre, a
julgar pela fala dos Cyber Masters quando ela e Yaz chegam ao planeta: “Your Master awaits, Doctor”. Essa
primeira missão do episódio é importante porque coloca a vida de Dan em risco e
isso o faz pensar se ele realmente quer continuar ali… e ele decide ficar para trás. Percebemos, desde o começo da missão,
que esse é o caminho que o roteiro está seguindo, mas o “You don’t have to come back for me” do Dan me destruiu, porque ele
é um companion extremamente
carismático que eu adorava.
Gostaria de
tê-lo visto em uma última e perigosa aventura.
Mas eu o
entendo… e a Doctor também o entende. E
isso não quer dizer que não doa.
Como é
costumeiro de especiais desse tipo, a trama vai se expandindo e fazendo de tudo
para trazer o máximo de personagens
possíveis… vemos o Mestre andando pelo mundo em 1916, como o Rasputin (!);
vemos os Cyber Masters atacando; vemos um Dalek que aparece na TARDIS dizendo
que não acredita mais na missão de sua espécie e tem a chave para a destruição
dos Daleks; e então as surpresas começam… vemos o retorno de Ace, uma companion do Seventh Doctor, lá na
década de 1980, e o retorno de Tegan, uma companion
ainda mais antiga, do Fourth e do Fifth Doctor, no início da década de 1980. E
as duas e a Thirteenth Doctor são todas chamadas por Kate à UNIT, em 2022,
porque pinturas famosas estão desaparecendo por todo o mundo, aparentemente
porque foram adulteradas com o rosto de Rasputin… a Doctor, no entanto, reconhece na hora: não é Rasputin… é o Mestre.
Interessante
presenciar os reencontros… no reencontro de Ace e Tegan com a Doctor, existe um
pouco de mágoa aparente, mas é uma
camuflagem para a dor e para a saudade depois de tantos anos (o “We used to be
you, decades back” para a Yaz foi cruel e verdadeiro). Eventualmente, a
Doctor deixa Ace e Tegan para tomar conta do Mestre, capturado com a ajuda da
UNIT, mas o Mestre é um adversário traiçoeiro, e ele está exatamente onde ele
queria estar – e Cyber Masters aparecem para o liberar e para atacar a UNIT
quando a Doctor não está por perto para ajudar… toda essa questão da mágoa das companions antigas, essa sensação de que
“elas foram abandonadas” é algo que o Mestre conhece, que o Mestre previu e
usou como parte do seu plano, porque o bonequinho que supostamente foi enviado
pela Doctor a Tegan foi, na verdade, um presente do Mestre…
Cyber Masters escondidos para atacar na hora
certa.
Yaz tinha
razão quando dissera que Daleks e Cybermen aparecendo no mesmo dia do Mestre
não podiam ser um bom sinal, e mesmo que a Doctor tenha menosprezado o poder do Mestre, acreditando que ele não poderia ter
feito Daleks e Cybermen trabalharem para ele (!), ela estava errada – é
exatamente o que ele fez, para “destruir um inimigo em comum”. Então, a Doctor
cai em uma armadilha, acaba sendo capturada por Daleks e levada a 1916, quando
o Mestre/Rasputin tem um plano maligno que ele gosta de chamar de “The day I killed the Doctor”: ele
pretende forçar uma regeneração à
Thirteenth Doctor, para que ela se regenere nele! Para isso, vai usar
tecnologia roubada de Gallifrey quando fugiu do planeta, e a energia que está
gerando com o Qurunx que aprisionou naquele planeta escondido na sombra da
Terra em 1916.
[Destaque
para a música do Rasputin e a dança do Mestre!]
E, então, o
Mestre consegue – ele força uma regeneração e faz com que a Doctor se regenere
nele. TALVEZ O PLANO MAIS SINISTRO DO MESTRE?! Na verdade, a aparência é a do
Mestre (com a atuação brilhante do Sacha Dhawan), assim como a mente, mas o
corpo é o da Doctor, enquanto a Doctor, aparentemente, se foi… a reação da Yaz
é dolorosa, o Mestre enlouquecido gritando que “é” o Doctor é impressionante, e
tudo é muito intenso e muito marcante. Eu adoro a atuação do Sacha Dhawan no
personagem, acho que ele se sai incrivelmente bem captando a essência
perturbada e, ainda assim, “carismática” (?) do Mestre – eu ri muito quando o
vi no seu “novo figurino” de Doctor, por exemplo, usando o casaco da
Thirteenth, o cachecol do Fourth, o suéter do Seventh, o vegetal no bolso do
Fifth, a gravata do Tenth e o toque especial: a flautinha do Second.
MARAVILHOSO.
Enquanto
isso, a Doctor também protagoniza uma sequência brilhante e cheia de mais do
que referências a antigos Doctors: ela conta, também, com a PRESENÇA de antigos
Doctors. Antes de atravessar a sua regeneração de fato, um caminho sem volta, a
consciência da Doctor continua ali, “encontrando” com Doctors do passado que
são, na verdade, manifestações de sua consciência, para conversar com ela. E
que cena linda! Revemos o David Bradley interpretando o First Doctor, o Peter
Davison como o Fifth Doctor, o Colin Baker como o Sixth Doctor, o Sylvester
McCoy como o Seventh Doctor e o Paul McGann como o Eighth Doctor – e eu adoro o
fato de aparecer um por vez, alternando-se com um efeito bacana, mas mantendo
suas personalidades, sendo “vários” personagens, dentro do possível, inclusive
interagindo entre si, se provocando, como quando o Eighth é chamado de “o
diferentão” porque se recusou a usar a roupa como a dos demais…
É essa
interação que marca o encontro de Doctors, e ficou maravilhoso!
Juntos,
então, eles precisam pensar no que fazer… mas eles precisarão de ajuda do lado
de fora. Como a Doctor passou a vida toda reunindo amigos e sendo amada, ela
tem quem a ajude! A Yaz abandona o Mestre/Doctor em algum lugar, busca Vinder e
Ace (essa última no meio de um salto de paraquedas, uma sequência e tanto!), e
depois eles voltam pelo Mestre, já com um plano em mente… o retorno de Doctors
antigos não se resume à cena com a Doctor, porque ganhamos algumas das cenas
MAIS EMOCIONANTES do episódio quando a Doctor aparece em forma de holograma
para ajudar os seus companions –
parece que ela passou a vida planejando tudo, uma espécie de inteligência
artificial em holograma com a sua aparência, que possa interagir com os outros
e ajudar caso algo de muito ruim aconteça… algo do tipo a morte da Doctor.
Para Yaz, o
holograma aparece como a Thirteenth Doctor mesmo, conforme esperado, mas quando
o holograma aparece para Tegan, embora apareça inicialmente como a Doctor
atual, o holograma muda para a aparência do Fifth Doctor, que é o rosto com o
qual Tegan está acostumada, o rosto de quem ela fora companion, há tanto tempo, e eu acho isso tão ESPECIAL, porque é um
reencontro real, para os atores também, então a emoção é sincera – “I missed you” “Missed you too”. Depois,
quando Ace precisa da ajuda do holograma, ele se converte no Seventh Doctor.
Sinceramente, acho que essa é a MELHOR maneira de fazer fan service, porque sabemos
que é um fan service, mas o roteiro
se justifica e entrega momentos bonitos e sinceros que, de certa forma,
transcendem os seus personagens… contamos até com um retorno de Graham!
O plano de
Yaz é colocado em prática com a ajuda do holograma da Doctor, que assume uma nova forma para enganar o Mestre: a
Fugitive Doctor de Jo Martin – e é uma sequência bacana e inteligente na qual o
Mestre é enganado para que os Cyber Masters atirem uns nos outros e eles possam
usar a energia de regeneração deles para energizar a máquina e forçar uma
reversão daquela regeneração forçada… e, assim, A NOSSA THIRTEENTH ESTÁ DE
VOLTA! Depois de tanto sufoco e nervoso, é um alívio, mas a Doctor ainda
precisa fazer algumas coisas, como liberar a energia senciente presa no planeta
conversos, destruir aquele planeta e levar todo mundo de volta para casa, são e
salvo. Isso nos rende um bom momento com a TARDIS cheia (personagens da era
clássica e da série atual: Yaz, Graham, Ace, Tegan, Vincer e Kate), uma
dinâmica bonita e emocionante…
E, então,
caminhamos para a conclusão do episódio – o caminho para a regeneração da
Doctor. Durante o desmantelamento do plano do Mestre, a Doctor precisa
enfrentar um Mestre moribundo que diz que, se ele não pode ser o Doctor, não
vai deixar que ela o seja tampouco, e então ela é atingida por uma energia tão
forte que a direcionará a um processo de regeneração… e sabemos que, quando o
processo de regeneração começa, ele não pode ser revertido – “I need more time. I want more time”.
Então, a Doctor entende que é isso o que a espera e começa a sua despedida com
Yaz, que é a sua única companion
atual, embora sua era tenha sido marcada por uma TARDIS “mais cheia”. A
conversa das duas sentadas do lado de fora da TARDIS, tomando sorvete e olhando
para a Terra, é lindíssima – uma despedida dolorosa, mas é como a Doctor
lembra:
Despedidas só doem se o que veio antes foi
especial.
E foi.
Enquanto
isso, acompanhamos na Terra aquele encontro com pessoas que foram companions do/da Doctor ao longo dos
anos, e que sentem que não têm com quem falar sobre tudo o que viveram… e,
particularmente, eu poderia passar muito mais tempo ali, ouvindo suas
histórias, suas experiências, suas emoções. E, assim como nas cenas do
reencontro das companions com seus
respectivos Doctors, aquilo ali transmite muita verdade – é mais do que apenas um momento do roteiro. Vemos
personagens que assistimos durante o episódio, como o Graham, o Dan, a Kate, a
Yaz, a Tegan, a Ace, e mais alguns outros rostos conhecidos, dentre os quais o
que mais me chamou a atenção foi o Ian, que esteve na TARDIS em “An Unearthly Child”, a primeiríssima
história de “Doctor Who”, em 1963.
Que ESPECIAL tê-lo ali naquele momento, não?
“How many Doctors are there?”
“I think we’re gonna be here quite some time”
Episódios de
regeneração sempre trazem sentimentos mistos… estamos sofrendo pela partida de
um ator, mas também empolgados em acolher um novo, cheio de novidades e de
possibilidades, e a regeneração da Thirteenth é linda. Ela fala pouco, na
verdade, mas existe muita emoção nos olhos, na postura, e todo o visual da sua
sequência de regeneração, do lado de fora da TARDIS, no pôr-do-sol, é
lindíssimo… e, então, ela se converte no Fourteenth Doctor, que aparentemente
não é Ncuti Gatwa, como esperávamos (ele será o Fifteenth Doctor, pelo menos
por enquanto), mas DAVID TENNANT DE VOLTA. Nem sei bem o que pensar sobre isso,
porque sabíamos que ele retornaria para os especiais, mas por mais que eu ame o
David/Tenth, é estranho a Jodie ter se
regenerado nele, e não ele ter sido trazido como Doctors do passado
normalmente são, mas vai haver alguma explicação, eu acredito… e estou louco
para vê-la! E para assistir David Tennant novamente como o (Fourteenth?)
Doctor.
Infelizmente,
ela vem apenas com os Especiais de 60 anos, em novembro de 2023.
Um ano inteirinho
de especulações e teorias.
“I know
these teeth. What? What? WHAT?!”
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