Justiceiras (Do Revenge, 2022)
“I’ll do
yours if you do mine”
Divertido,
sádico e surpreendente, “Justiceiras”
certamente não é o que eu estava esperando – E EU ADOREI! Protagonizado por
Camila Mendes (a Veronica, de “Riverdale”)
e Maya Hawke (a Robin de “Stranger
Things”), o filme é uma comédia adolescente sobre vingança, e tem um pouco a vibe
de filmes do gênero da década de 1990 e início dos anos 2000, como “Meninas Malvadas” ou “Todas contra John”, e abusa de uma
fotografia glamorosa e colorida para “esconder” o quanto aqueles adolescentes
são problemáticos e sombrios… apesar da sensação de estarmos em um filme cheio
de referências (e cheio de rostos conhecidos!), “Justiceiras” consegue ter um plot
twist inesperado que nos deixa aflitos, felizes e curiosos pela conclusão
do filme e, no fim da experiência, eu estava com a sensação de que tinha
assistido a um filme único…
Sinto que
ouviremos muito falar de “Justiceiras”
ainda!
Além de um
visual incrível, o filme conta com um elenco talentoso e competente…
especialmente sua dupla de protagonistas, cujo carisma é o suficiente para
sustentar todos os absurdos da história enquanto ambas buscam vingança contra
as pessoas que as machucaram no passado. Camila Mendes interpreta Drea, uma garota
que está há 17 anos “interpretando um papel”, e que cai do seu posto de uma das rainhas da escola quando seu
namorado, Max, vaza um vídeo íntimo seu… ali, parece que o seu mundo
desmoronou; Maya Hawke, por sua vez, interpreta Eleanor, uma garota que Drea
conhece durante o verão e que está prestes a ser transferida para a mesma
escola que ela, no novo ano letivo… e ela compartilha com ela a história de
como uma garota pra quem ela se assumiu aos 13 anos espalhou um boato falso
sobre ela que também acabou com a sua vida.
Quando o ano
letivo começa, então, e parece que as duas têm
um inferno a enfrentar à frente, elas decidem se unir, mas não deixar que
ninguém saiba que elas se conhecem e que são amigas: assim, uma pode se vingar pela outra… e Drea parece
estar arquitetando tudo. Drea, obrigada a fazer serviço comunitário depois de
dar um soco em Max (um soco merecidíssimo, por sinal), se inscreve para
trabalhar na fazenda da escola, onde Carissa, a garota que espalhou o boato
sobre Eleanor, também trabalha; enquanto isso, ela faz uma transformação em Eleanor para que ela possa assumir o lugar que
fora dela, entre as garotas mais populares da escola, e se tornar uma das
“rainhas”… para isso, ela só precisa chamar a atenção de Max, e isso não parece
muito difícil; uma vez que ela esteja infiltrada no grupo, ela pode descobrir
algum podre que vão usar para destruí-lo.
Todas as
sequências dos planos de vingança são SENSACIONAIS – e é muito divertido ver
como parece surgir uma amizade verdadeira entre Drea e Eleanor durante todo
esse processo… Drea descobre que Carissa está cultivando drogas na fazenda da escola (!) e arma um plano maravilhoso para que ela seja
descoberta, que envolve usar os cogumelos que ela está plantando num jantar de
formatura, o que deixa todo mundo drogado
(rendendo uma das sequências mais hilárias
do filme), e fazer uma denúncia anônima à diretora para que ela chegue à estufa
em questão… no meio disso tudo, Eleanor consegue pegar o celular de Max (uma cena breve e engraçada), e ela e Drea
descobrem que ele está traindo a namorada com
uma série de outras garotas. Infelizmente, quando isso é vazado no Dia dos
Namorados, acaba não dando em nada.
O filho da
p*ta consegue contornar a situação de maneira revoltante.
Mas Drea sabia que não seria fácil… e
agora que ela perdeu a chance de entrar em Yale, que era tudo o que ela sempre
quis, ela está com ainda mais sangue nos
olhos. E é aí que o filme começa a se transformar.
Drea tem um novo plano, que envolve colocar Eleanor dentro de uma festa muito
restrita oferecido por Max, para tentar arrancar dele uma confissão de que foi ele quem soltou o vídeo íntimo de Drea,
mas Eleanor já não parece mais tão empenhada em ajudá-la – e as coisas
rapidamente começam a sair de controle. Eleanor parece estar pedindo atenção
conforme seu aniversário se aproxima, mas Drea está tão enfocada em si mesmo e
no seu plano de vingança, que ela nem
presta atenção quando Eleanor a convida para fazer algo no dia seguinte, e
quando Max e os demais preparam uma festa surpresa para Eleanor, parece que
Drea pode tê-la perdido.
Então, O
FILME JOGA UMA BOMBA NA NOSSA CARA: as
coisas não são exatamente o que parecem. Mas o mais inusitado é que isso foi dito desde o início do filme…
mas talvez não tenhamos dado a devida atenção. “Justiceiras” tem uma reviravolta interessante e divertida ao nos
revelar que a garota que acabou com a vida de Eleanor quando ela tinha 13 anos
não foi Carissa… mas, na verdade, a própria Drea! E Drea ouviu toda a história e não se lembrou, só reforçando como ela
não se importa! Então, na verdade,
Eleanor estava manipulando Drea (a própria Drea falara sobre como pessoas
egocêntricas estão muito concentradas em si mesmas para “perceber que estão
sendo manipuladas”) desde o início,
em todos os momentos, forçando aquela aproximação e fazendo Drea acreditar que
estava no controle – quando, na verdade, era ela quem estava…
Para destruir a vida de Drea.
Um plano de
vingança GENIAL, de fato.
Fico muito feliz em poder dizer que, quando
isso tudo veio à tona, eu não sabia bem o que esperar da conclusão do filme…
foi gostoso demais revisitar
brevemente alguns trechinhos do filme e perceber como Eleanor estava no
controle desde sempre (preciso assisti-lo novamente para prestar atenção em
cada cena das duas, especialmente lá no início do filme, agora que já sei o que
está por vir), e agora ela queria completar sua vingança contra Drea e
afundá-la de uma vez por todas… assim como todos seus ex-amiguinhos. E isso, é
claro, aconteceria durante a festa organizada por Max, na qual novamente as
coisas saem de controle. As duas estão tão envolvidas em suas próprias raivas e
suas próprias vinganças que elas se destroem e se sabotam, até perceberem o
tipo de pessoa que estão sendo e, principalmente, que foram felizes quando foram “amigas”.
Não é uma
amizade convencional… mas certamente é uma amizade verdadeira, dentro de todas
as suas limitações, absurdos e maluquices! E foi bonitinho as duas se unirem
“contra um mal comum”, quando o filme brinca com o clichê de “gravar uma
confissão” e as duas conseguem expor Max como quem ele realmente é na frente de
toda a escola… finalmente, a máscara
do garoto mais popular da escola, que é um tremendo babaca, caiu. E, aqui, o
filme consegue fazer algo que é, no fim das contas, o que estamos sempre
buscando na ficção: aquele sentimento de
catarse. Há um quê muito fascinante de bad
girls nessas duas, por isso celebramos a sua vitória e a sua amizade, mesmo
que elas tenham conseguido justiça de maneira não-ortodoxa… como elas mesmas
dizem elas são almas gêmeas quebradas,
mas que bom que se encontraram. Um excelente filme!
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