Sítio do Picapau Amarelo (1978) – Cupido Maluco: Parte 3
“Não se pode confiar em gente apaixonada”
Emília até
que descobriu bem depressa que sair flechando as pessoas sem qualquer critério
e planejamento não deu tão certo quanto
ela esperava – o problema, é claro, é que agora o Cupido está desaparecido
e Emília não sabe como consertar a confusão: apenas ele pode fazê-lo. Então,
Emília parte para o Olimpo, achando que o Cupido pode ter voltado para casa,
sem saber que, na verdade, o Cupido foi sequestrado pela Cuca e está, agora,
preso em uma gaiola na sua caverna… quer dizer, pelo menos até o Saci ajudá-lo
a se libertar. Já que está no Olimpo de qualquer maneira, Emília aproveita para
tomar um pouco mais de vinho com Baco (!), enquanto se aconselha com ele, e
Baco explica que os deuses, quando descem à Terra, ficam como os mortais, o que
quer dizer que o Cupido pode estar
correndo perigo. Por isso, a bonequinha tem uma missão: encontrar e salvar
o Cupido.
Enquanto
isso, com o aparente “desaparecimento” de Emília, o Visconde e o Pedrinho
presumem que a Emília foi capturado pelo lobisomem de quem o Rabicó andava
falando, então Visconde quer partir para a mata imediatamente em busca de sua
amada… com ou sem flechada, o Visconde está completamente
apaixonado pela Emília durante “Cupido
Maluco” – quer dizer, ele sempre foi
apaixonado por ela, especialmente nos livros e na versão de 1977 a 1986, mas
agora ele está deixando esse sentimento escancarado! Visconde e Pedrinho acabam
na caverna da Cuca e, embora não encontrem a Emília, acabam descobrindo o Saci
e uma gaiola aparentemente vazia… no fim, o Visconde e o Pedrinho precisam ir
embora sem salvar o Saci e quem quer que esteja dentro da gaiola, porque eles
vão precisar voltar depois quando tiverem um plano.
Quem também
acaba sendo flechado, por acidente, é o Pedrinho, que se senta em cima de uma
das flechas que não pode ver – então, tendo sentado na flechar par da
Narizinho, agora ele fica todo galante para cima da prima, passa a chamá-la
apenas de “Lúcia” e a elogiar seus olhos, seu cabelo… o que deixa a garota toda confusa. Acho interessante pensar nessa
trama do Pedrinho e da Narizinho apaixonados, que foi ao ar em 1978, e que eu
não consigo imaginar sendo refeita na versão de 2001 a 2007 do “Sítio do Picapau Amarelo”, e percebemos
que isso é uma questão bastante cultural de época… Narizinho, toda boba, chega
a ir conversar com a Dona Benta sobre os elogios de Pedrinho, e depois fala à
Emília que o primeiro é forte, bonito, corajoso, tem um cabelo lindo… e Emília está toda borocochô por causa da
confusão que armou ao trazer o Cupido ao Sítio.
Pedrinho
também vai falar com a avó, para perguntar “se primo pode se casar com prima”,
e Dona Benta diz que não é um problema, mas que acha que eles estão muito jovens
para pensar nessas coisas. Enquanto Pedrinho e Narizinho parecem compartilhar
um flerte constante, o Visconde fica um
pouco animado com a história de “flechar par” – afinal de contas, se ele
usar uma flecha para a Emília, talvez ela também fique apaixonada por ele e
corresponda o seu amor! E o Vidro Azul, que na verdade age como se fosse apenas
a consciência do Visconde (os diálogos dos dois são diálogos interiores do
Visconde, conversando consigo mesmo), o incentiva a levar essa ideia adiante,
porque essa pode ser a sua chance de conquistar a sua bonequinha de pano: “Tenha bons sonhos, senhor Visconde, com a
sua Julieta de trapo”. Mas como o Visconde poderia fazer isso se nem vê as
flechas?
Visconde
sabe sobre o Cupido e as flechadas da Emília porque ela acabou confessando tudo
para ele depois de sua última visita ao Olimpo – afinal de contas, ele já se
deu conta de tudo sozinho mesmo! Ela explica, também, que apenas o Cupido pode
“descupidar” todo mundo, então eles precisam encontrá-lo! Pensando juntos,
Emília e Visconde chegam à conclusão da localização do Cupido: ambos falam
sobre a invisibilidade do Cupido, e o sábio sabugo percebe que ele podia estar
dentro da gaiola que parecia estar vazia na caverna da Cuca. Então, Emília
decide partir de volta à mata, com o Visconde e mais ninguém, porque todo mundo
foi flechado e está agindo de forma estranha: “Vamos ter que enfrentar a Cuca e o lobisomem sozinhos. Não se pode
confiar em gente apaixonada”. Os dois conseguem, no entanto, salvar apenas
o Saci… o Cupido já não está mais lá.
Mas eles
precisam encontrá-lo antes que a Cuca o encontre!
Além da
Cuca, ainda temos um lobisomem que anda rondando o Sítio de Dona Benta. Quando
a lua cheia desaparece e o lobisomem volta a ser um homem, ele começa a vagar
pelas estradas que levam ao Sítio, chamando a atenção da Tia Nastácia e da
Narizinho, em uma carroça retornando de Tucanos – elas o acham “uma belezura”,
e eu preciso dizer que o lobisomem desencantado se parece muito com um vampiro… as suas roupas elegantes, seu rosto
pálido, e até o seu título: Conde. O tal “Conde Sem Nome” acaba sendo recebido
calorosamente no Sítio do Picapau Amarelo como um convidado de Dona Benta, que
o convida a passar uns dias ali, e ele chega a participar de um serão no qual
as crianças coincidentemente pedem que ele conte “uma história de lobisomem” e, aqui, ele fala sobre o feitiço e a
maldição do lobisomem que, no fim, “não
passa de um pobre coitado”.
Vamos ver
qual é o futuro dessa trama do lobisomem no Sítio!
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