Sítio do Picapau Amarelo (1978) – Cupido Maluco: Parte 2

As flechadas da Emília.

Imagine só o que a Emília pode fazer com o poder de fazer as pessoas se apaixonarem! Quando a Dona Benta se entristece com as notícias que lê no jornal e diz que “a humanidade está enfrentando uma crise de amor”, Emília faz de tudo para solucionar o problema – seu grande plano é ir até o Olimpo e trazer o Cupido com ela, para que ele possa flechar as pessoas a torto e a direito. Emília não se preocupa com consequências, como na maioria das vezes, e ainda diz ao Cupido que, se não funcionar, “ela se responsabiliza”. Assim, Emília deixa o Cupido trabalhando para fazer mais flechas enquanto ela usa as que já estão prontas para flechar quem ela achar que precisa… a primeira pessoa acertada pela bonequinha de pano é a Tia Nastácia, que fica toda feliz e cantante, mas também distraída, deixando as comidas queimarem, por exemplo.

Depois de flechar a Tia Nastácia, Emília está decidida a ir atrás do Pedrinho: ela diz que “ele voltou da cidade muito brigão”, e está deixando a Narizinho triste porque não lhe deu atenção desde que chegou, e só quer saber de pescar com o Tio Barnabé… Emília tenta acertar o garoto, mas acaba acertando o Tio Barnabé sem querer, e então parece que nem tudo vai dar certo como a bonequinha esperava… Tio Barnabé é imediatamente consumido por uma imensa tristeza e uma saudade da sua falecida, e até mesmo a Tia Nastácia perde aquela felicidade toda que tomou conta dela logo após a flechada, e agora ela fica aborrecida pelos cantos, dizendo que está triste sem saber o porquê, sentindo um vazio no peito, como se “faltasse algo”… ela diz até que sente que está apaixonada, mas não sabe por quem. Agora, nem cozinhar a Tia Nastácia sabe mais.

O Visconde não sabe bem o que é, mas ele acha tudo isso muito estranho (como assim a Tia Nastácia desaprendeu a cozinhar?), e sabe que só pode ter dedo da Emília nessa história toda. Emília também flecha o Malasartes, que fica todo animado para trabalhar e apaixonado pela Tia Nastácia, e uma das flechadas mais inesperadas: a Cuca! Emília escuta o Saci se queixando com o Tio Barnabé sobre uma briga que teve com a jacaroa porque ela o acusou de estar sempre do lado do pessoal do Sítio, então Emília decide testar para ver se a flecha do Cupido funciona na Cuca, mesmo malvada como ela é… e funciona. Inesperadamente, a divertida jacaroa começa a falar sobre como “é bom amar”, de “sentir um calorzinho no peito”, e começa a elogiar o Saci, dizendo que está apaixonada por ele – então, o Saci precisa passar os próximos dias fugindo da Cuca.

“Volte pra sua Cuquinha, Saci! Ai como eu sou infeliz!”

Sempre me divirto bastante com a Cuca, e ela está hilária procurando pelo Saci enquanto o Saci foge dela a qualquer custo – tão desesperado que ele chega a pedir ajuda à Dona Benta! Cuca até se lamenta com a própria Emília: “Parece até que eu estou enfeitiçada. Eu não consigo parar de pensar naquele coisa-ruinzinho. […] Acho que eu tô ficando lelé da cuca”. É muito engraçado vê-la chegando toda saltitante e feliz no Sítio, avisando logo que “é de paz” e que “só quer saber onde está o seu sacizinho”, e essa é a comprovação da estranheza da situação de que o Visconde precisava: alguma coisa está acontecendo, e a Emília está por trás de tudo. O problema, é claro, é que apenas a Emília pode ver o Cupido, então os outros nem podem surpreendê-la conversando com ele ou atirando flechas nas pessoas, e quando a Narizinho resolve procurá-la para confrontá-la, Emília a acerta com uma flecha…

Acertada por uma flecha do Cupido, Narizinho fica toda abobada, começa a falar manso e se sentir leve, e só fica balbuciando sobre como “o dia está bonito”, e se esquece totalmente de tirar alguma informação da Emília a respeito das coisas que estão acontecendo no Sítio… quando Narizinho vai à biblioteca, Pedrinho e Visconde ficam confusos, então Visconde decide que vai precisar chegar à resposta de outra maneira – e começa seus estudos! Voltando a estudar Mitologia Grega, uma parte da história do Cupido chama a atenção do Visconde dessa vez: o fato de ele ter se tornado invisível. Ele percebe, então, que só pode ser isso o que está acontecendo: a bonequinha deu um jeito de trazer o Cupido para o Sítio de Dona Benta, mas ninguém além da Emília, com seus olhinhos de retrós que enxergam mais do que olhos de gente, pode vê-lo.

As flechadas aleatórias de Emília começam a causar confusão, e ela ainda vai precisar resgatar o Cupido quando ele desaparece – ela acredita que ele pode ter voltado para casa e usa novamente a palavra mágica, Pirlimpimpim, para ir até o Olimpo (e levar uma bronca de Júpiter), mas a verdade é que o Cupido não voltou para lá: andando inocentemente pela mata nos arredores do Sítio do Picapau Amarelo, o Cupido acabou caindo em uma armadilha, e vai precisar ser resgatado – apenas duas pessoas podem ajudá-lo: a própria Emília e o Saci, que são os únicos, pelo menos até agora, que podem vê-lo. E provavelmente Emília vai precisar da ajuda do Cupido para desfazer toda a confusão que ela está armando atirando aquelas flechas em todo mundo que vê pela frente… mas a história ainda está apenas começando… as confusões também.

Flechadas, Narizinho e Tia Nastácia se arrumam bastante para ir até Tucanos, dizendo que “estão cansadas do sossego do Sítio”, e Dona Benta fica para trás, tendo que cozinhar sozinha e um pouco brava com o fato de que a Nastácia abandonou suas obrigações… quando Emília escuta a Narizinho dizer à Nastácia que a vovó está pensando em “encontrar outra cozinheira porque ela não está mais dando conta”, Tia Nastácia, abobada pelo efeito da flecha, parece nem se importar, diz que “tem uma vida inteira para viver”, mas Emília decide que Dona Benta não pode fazer isso – e só tem uma maneira de amansar a Dona Benta… pelo menos na cabecinha da Emília! Então, ela se esgueira até a janela da cozinha, arruma uma flecha no arco e acerta a vovó, que imediatamente fica toda feliz, sorridente e compreensiva… e, claro, distraída, também deixando as comidas queimarem.

Quero só ver as consequências dessas flechadas!!!

 

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