Vale o Piloto? – Guillermo del Toro’s Cabinet of Curiosities 1x01 – Lot 36
Os horrores escondidos em um depósito.
Eu estava
esperando ansiosamente por “Guillermo del
Toro’s Cabinet of Curiosities” desde o seu anúncio – gosto muito do
trabalho do diretor (“O Labirinto do
Fauno” é um dos filmes favoritos no mundo!), e eu gosto da ideia de uma
série antológica de terror que tem a sua curadoria, embora os episódios não
sejam realmente dirigidos por ele… “Lot
36”, a estreia da nova série, é um episódio com direção de Guillermo
Navarro, baseado em um conto de Guillermo del Toro, e ainda não é tudo o que eu
esperava da série, embora tenha feito um bom trabalho na construção de um
ambiente sinistro, com temática assustadora, e um suspense crescente que
culmina em uma conclusão surpreendente e com um quê de catarse, depois de tudo
o que vemos o Nick fazer durante o episódio, mas acho que o episódio se sai
melhor construindo o suspense do que o concluindo.
Acho que uma
boa história de terror não é, necessariamente, baseada em jump scares, mas mais na construção da atmosfera apavorante que te
deixa tenso e apreensivo – Guillermo del Toro sempre soube fazer isso muito
bem. Em “Lot 36”, conhecemos Nick,
um homem desprezível desde a primeiríssima cena, mas o asco pelo personagem
cresce a cada novo detalhe adicionado a ele: o seu racismo, a sua xenofobia… a
cena com Amelia, a mulher que tinha tido seu galpão em um depósito vendido
erroneamente e estava apenas tentando recuperar algumas coisas que eram
importantes para ela, como fotos de sua família e cartas dos seus pais, é
particularmente revoltante, e eu preciso confessar que passei todo o restante
do episódio esperando que algo
acontecesse a Nick. E isso tudo começa quando ele compra o galpão de um homem
que acabou de morrer…
Todo o
cenário do depósito já é, por si só, escuro, maltratado e macabro – e o famoso
Lote 36 guarda mais segredos do que podíamos imaginar. Nick compra galpões de
pessoas que morreram ou não aparecem há muito tempo em leilões para explorar o
que tiver lá dentro e tentar conseguir algum dinheiro vendendo o que encontrar…
o Lote 36, de um homem que vinha ali todo
dia com uma sacola, guarda um monte de tralhas, um álbum de fotografias que
liga o antigo dono do depósito ao nazismo, um candelabro, uma guirlanda
“decorada” com ornamentos feitos de cabelo humano e uma mesa que parece valiosa
e que é reconhecida como uma mesa para sessões espíritas. Quando tenta vender
um pouco do que encontrou, Nick é surpreendido por uma “gaveta” secreta na mesa
que revela três livros que geram ainda
mais interesse…
Aparentemente,
os livros são valiosos, mas ainda mais preciosos se contarem, também, com um
quarto volume, que agora Nick quer encontrar de qualquer maneira, na busca por
uma quantia de 300 mil dólares – e isso o coloca em contato com o sobrenatural
e com uma entidade que foi invocada usando a mesa que ele acabou de vender.
Roland, o homem interessado em comprar os livros, acompanha Nick até o Lote 36
para que eles possam, juntos, procurar pelo livro que falta, e eles acabam
encontrando uma passagem secreta que os leva até os segredos mais sinistros do
antigo dono, e o lugar onde um ritual foi realizado e onde um demônio invocado
sabe-se lá há quanto tempo está “aprisionado” dentro do cadáver de uma mulher…
e acaba de ser liberado pelo descuido desdenhoso e cético de Nick, que está
disposto a qualquer coisa para
conseguir o último livro.
A conclusão
do episódio acaba sendo um pouco rápida e não acho que gere o impacto talvez
necessário, ou talvez essa tenha sido a proposta do episódio o tempo todo – de
qualquer modo, eu gostei mais da construção do suspense em si do que o horror
escrachado com o demônio cheio de tentáculos que persegue Nick no último ato.
Ainda assim, a mensagem é clara, e Nick é morto tanto por causa da sua ambição
desacerbada, seu desdém e ceticismo que o impede de ver além daquilo em que
acredita, e, é claro, do seu preconceito generalizado e, especificamente, sua
xenofobia, porque Amelia poderia ter aberto a porta e o salvado do demônio, mas
ela escolheu não o fazer quando ele bate pedindo por socorro – e, bem, você
pode culpá-la? Vamos ver que outras tramas e horrores “Guillermo del Toro’s Cabinet of Curiosities” tem a oferecer.
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