American Horror Story: NYC 11x09 – Requiem 1981/1987: Part 1
Despedidas.
Eu achei
esse um episódio bem triste e bem forte – contando duas histórias diferentes,
acompanhamos a despedida de dois personagens importantes da temporada: Sam na
primeira parte do episódio, e Patrick na segunda. “Requiem 1981/1987: Part 1”, com gostinho já de Season Finale, é uma conclusão bem diferente do que “American Horror Story” está habituada a apresentar, e não deve
agradar àqueles que esperam mais do “horror” em seu sentido mais literal, mas é
o início de uma conclusão interessante para a história que nos foi apresentada
em “NYC”, ainda que eu acredite, sim,
que a temática de HIV/AIDS seja um assunto bem sério que poderia ter tido uma
abordagem mais consciente, e ainda é
difícil de dizer o que de fato se queria dizer com isso tudo… mais do que “se
queria” dizer, no entanto, eu entendo o que se disse, e foi uma mensagem de
luto.
Acredito (e
esse episódio reforçou essa sensação em mim) que “American Horror Story: NYC” é sobre o horror que existe na
tristeza e na dor causada pela morte daqueles que amamos, e isso foi trazido a
partir do alto número de mortes pelo vírus que tivemos na década de 1980 e 1990
– e acredito que esse episódio teve uma carga emotiva bem grande. Talvez, como
eu vi algumas pessoas comentarem na internet, “NYC” tenha abusado de certa “breguice” desde o fim do episódio
passado, na sequência da morte de Theo com direito aos gays com chifres
purpurinados de veado que vieram “buscá-lo”, mas eu não acho, sinceramente, que
isso seja um grande problema. “Requiem
1981/1987: Part 1” é um episódio surpreendentemente íntimo e introspectivo,
e que me deixa curioso para saber o que eles farão na conclusão oficial, na “Parte 2”.
Durante os
primeiros 20 minutos de episódio, aproximadamente, acompanhamos Sam – do
momento que ele desmaia no funeral de Theo até a sua morte. Depois de ter
desmaiado, Sam “desperta” em algum lugar dentro de sua própria mente, no qual
Theo, como “médico”, aparece para guiá-lo por uma espécie de tour por coisas
que ele fez, pessoas cujas mortes ele causou, de alguma maneira, ou pessoas que
morreram sem saber que ele se importava com elas… é uma sequência interessante e
deprimente que culmina no Sam vendo a ele mesmo em uma cama de hospital,
passando mal e à beira da morte, e, aparentemente, não tem ninguém que esteja
ali com ele nos seus últimos momentos, porque nenhuma das relações que ele fez
durante a vida foram realmente significativas… não existe ninguém que realmente se importe com ele naquele
momento?
Depois de
Theo, Sam ganha um segundo “guia” durante a sua jornada espiritual, e é Henry –
que o faz ver e viver o que fizera com outras pessoas… primeiro, ele é colocado
dentro de uma jaula, como fizera com Stewart em outro momento da temporada,
enquanto pede para sair e vê pessoas que ele ama sendo maltratadas como ele
gostava de fazer com outros, tendo passado do limite da realização de fetiches
para a tortura. Por fim, ele acaba em
Fire Island, tentando fugir, sem sucesso, de sua versão do Big Daddy, enquanto
os mesmos “espíritos” (?) que vieram buscar Theo no fim do episódio anterior
esperam por ele… mas ele não pode partir antes de tirar a máscara do seu Big
Daddy e revelar alguém que certamente não
é o homem que estávamos vendo durante toda a temporada, mas que é alguém
que importou muito para Sam em algum momento.
A segunda
parte do episódio nos leva, então, para 1987, e temos uma mudança no estilo da
narrativa até então, porque, agora, o “vírus misterioso” que estava assolando
as pessoas é nomeado pela primeira vez quando Gino diz a Patrick que ele está com AIDS. Diferente de Sam, que
parece ter morrido em um quarto de hospital sozinho, sem que ninguém se
importasse com ele, Patrick tem a companhia constante de Gino, que vem
visitá-lo, conversar com ele, dar-lhe água e trocar as flores que estão no seu
quarto… tudo aquilo é tão melancólico que eu fiquei bem triste e pesado
enquanto assistia ao episódio. E é angustiante ver a maneira como, embora Gino
esteja com ele na maior parte do tempo, eventualmente Patrick acaba ficando
sozinho e pede por ajuda e ninguém parece ouvi-lo – então, ele começa a sua
própria jornada, e sua acompanhante é Barbara.
Também é uma
história contada de maneira diferente
da de Sam – enquanto Sam teve experiências alegóricas que o faziam pensar e
reviver coisas de sua história, mas que não eram memórias reais, Patrick tem,
com exceção de uma única sequência, flashbacks
de momentos importantes de sua vida, e exatamente como eles de fato
aconteceram… voltamos ao dia em que ele conheceu Gino, por exemplo, em 1980, e
um dia ainda mais antigo, em 1977, quando ele e seu companheiro de trabalho se
beijaram, mas, quando descobertos, ele escolheu fingir que tinha sido beijado e
deixar que o outro cara lidasse com toda a repressão e a homofobia que ele sabia que viriam disso… foi um ato de
covardia de Patrick, uma atitude baixa e condenável, mas que ainda o assombra,
porque ele sabe que estava errado – do contrário, ele não estaria revivendo
aquilo naquele momento.
Patrick
ainda tem uma sequência com o Sr. Whitely, mostrando talvez um lado mais
monstruoso e mais desesperado de si mesmo, enquanto “tentava juntar os próprios
pedaços”, mas a sequência mais impactante de Patrick é quando ele retorna para
a sua infância, para um momento em que o pai estava tentando ensiná-lo a atirar
e, quando ele não conseguia, o pai o acusava de ser “por causa de suas mãos
fracas de ‘bicha’”. Aquilo é um golpe tão forte e tão traumatizante, e quantas
pessoas não passaram por esse tipo de situação na vida apenas por serem quem
são e não serem aceitos por isso? Patrick ainda retorna para a sua cama de
hospital, onde ele pode morrer assistido por Barbara, o Big Daddy, a Patti LuPone
cantando, e um namorado apaixonado que o acompanhou até o seu último momento… achei uma sequência bonita e triste.
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