Vale o Piloto? – 1899 1x01 – The Ship

“What’s down there is still a mystery. A hidden world in the shadows”

Com uma estreia fascinante e promissora, me parece que “1899” vai ter algo que “Dark” não teve: atenção do grande público desde o começo – e essa é uma responsabilidade e tanto! “Dark” é uma das minhas séries favoritas (inteligente, intrigante, direção espetacular, roteiro incrível), mas ela foi chamando a atenção do grande público aos poucos, até atingir um patamar de reconhecimento que a tornou amada e admirada em todo o mundo. E por que estou falando tanto de “Dark” nessa introdução? Porque “1899” também foi criada por Jantje Friese e Baran bo Odar, os mesmos criadores da outra série de sucesso da Netflix, e ela já começa com essa atenção direcionada a ela: há certa cobrança para que ela atinja expectativas de mistério, interesse e complexidade… particularmente, é uma das séries que eu mais estava esperando no ano!

“The Ship” é uma estreia incrível e competente, pois consegue instituir alguns dos seus mistérios principais, um clima de suspense que tende a aumentar nos próximos episódios, e apresenta os cenários e, principalmente, os personagens – tornando-os interessantes, mas enigmáticos, para que queiramos saber mais deles e dos segredos que escondem… ainda há muito a se explorar em cada um dos rostos que conhecemos agora. E eu acredito que a série terá reviravoltas interessantes que nos deixarão mais e mais vidrados e envolvidos no decorrer da trama. A história começa com a notícia do desaparecimento de um navio, o Prometheus, há quatro meses… um mistério que ninguém foi capaz de resolver ainda, e essa já é uma premissa que me chama a atenção, porque essas histórias de navios que desapareceram é um mistério consolidado do imaginário popular.

Algo que também gostei muito em “1899” foi a escalação do elenco, que apostou em diferentes nacionalidades para compor uma galeria de personagens crível em uma embarcação do fim do Século XIX como o Kerberos – e isso se reflete perfeitamente na riqueza de línguas e sotaques que escutamos em tela. Habituado ao alemão de “Dark”, eu esperava reencontrá-lo em “1899”, e parte de mim ficou gratamente surpreso ao encontrar diferentes línguas utilizadas em diálogos, como o espanhol, o japonês, o francês, o próprio alemão e o inglês como uma língua comum de comunicação, em toda a riqueza de seus diferentes sotaques. Isso é algo que me encanta. No elenco, encontramos rostos conhecidos, como Andreas Pietschmann, de “Dark”, Miguel Bernardeau, de “Elite”, e Lucas Lynggaard Tønnesen, de “The Rain” – todos de diferentes nacionalidades.

Há muito a se explorar com os personagens apresentados, é verdade, mas o Piloto faz um bom trabalho nos permitindo conhecer pelo menos um pouco dos personagens mais importantes que acompanharemos… vemos os trabalhadores nas fornalhas, por exemplo, um deles prestes a fazer uma importante descoberta; vemos aquele núcleo da mulher grávida, o irmão com uma misteriosa cicatriz no rosto e a garota que quer ser médica; vemos a cientista e médica, que esconde segredos que mal posso esperar para explorar; vemos aquela sequência brilhante da primeira classe, na qual conhecemos os irmãos espanhóis que estão fugindo de algo, os franceses recém-casados que se casaram por um acordo, as mulheres que estão fingindo ser quem não são… todos os personagens à bordo do Kerberos parecem esconder alguma coisa, e isso é um recurso que pode render muito.

Parte do episódio, então, se dedica ao mistério do navio desaparecido há quatro meses – o Kerberos recebe uma mensagem que acreditam ser as coordenadas de onde o Prometheus está, e então o capitão ordena que o barco vire e parta naquela direção, mesmo com os reclames dos passageiros, que pagaram caro por uma viagem de sete dias até Nova York e não querem que o caminho seja desviado… na verdade, é muito mais sobre esconder o que quer que tenham deixado para trás e fugir do seu passado do que, de fato, sobre chegar a Nova York. Sem dar ouvidos a nenhuma reclamação, Eyk Larsen decide que verificar essa mensagem e, quem sabe, encontrar o barco que desapareceu com mais de 1.000 pessoas é mais importante do que chegar a Nova York dentro do prazo… e Maura, a neurologista que é em parte o fio condutor do episódio, está muito interessada.

Mistérios estão na mesa – as possibilidades do que “1899” pode fazer a partir de agora são quase infinitas, e eu acredito realmente que Jantje Friese e Baran bo Odar têm mais uma boa história para nos contar, e tomarão o tempo necessário para fazê-lo com qualidade, como foi com “Dark”. “The Ship” é um episódio introdutório claro o suficiente para chamar a atenção e nos permitir entender o que está acontecendo, mas misterioso o suficiente para nos fazer querer voltar para os próximos e explorar o que quer que esteja acontecendo e tudo que temos a descobrir… é até mais rápido do que eu imaginei, porque eu não esperava que o Prometheus fosse encontrado no primeiro episódio, mas encontrá-lo é apenas o começo: a equipe enviada em um bote até ele para investigar chega a um navio aparentemente vazio e sinistro, em uma sequência de puro suspense.

E descobrem um único garoto escondido em um armário, com algo na mão.

Sinceramente? Aquilo me deu arrepios!

 

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