1899 1x06 – The Pyramid
“May your
coffee kick in before reality does”
Eu ADORO o
fato de a série parecer, nesse ponto, bastante
diferente do que ela era quando começou – “1899” é empolgante e misteriosa, e se o episódio anterior trouxe
algumas possíveis respostas, sugerindo com bastante veemência que tudo o que
estamos assistindo é, na verdade, uma simulação
ou algo assim, “The Pyramid” trouxe
aos próprios personagens a realização de que aquilo não pode ser real. Enquanto as coisas ficam cada vez mais
“confusas” no navio, e personagens revisitam seus passados de diferentes
maneiras, a inconsistência do que quer que esteja sendo projetado para os
personagens fica cada vez mais evidente, e temos uma sequência muito boa na
qual vários deles vão percebendo detalhes e fazendo o mesmo comentário, em
diferentes línguas (uma riqueza interessante de “1899”, na minha opinião): “Isso
não pode ser real”.
Tove é quem
tem o seu “flashback” nesse episódio – e é uma das cenas mais traumatizantes e
mais tristes de “1899”. Inicialmente,
temos poucas respostas a respeito de seu passado, mas Tove parece convencida,
assim como a mãe, que ela precisa matar o
garoto (que está desaparecido, por enquanto), e então ela passa pela mesma
experiência que outros personagens já passaram, quando ela vê Krester no navio,
mesmo que ele esteja morto, e aparentes “falhas na realidade” a levam de volta
para momentos traumatizantes de seu passado… e é muito mais do que apenas memórias. A sequência de Tove e da
família nos traz respostas a respeito da cicatriz de Krester e da gravidez de
Tove, e é cruel como ela é obrigada a revisitar aquele momento, e toda a dor
que a invade quando ela “volta” para o navio, naquele choro sincero e
desesperado.
Enquanto
isso, um grupo de passageiros restantes está tentando colocar o navio para funcionar novamente… temos uma sequência fofa
entre Olek e Ling Yi enquanto eles começam a mexer no carvão para alimentar as
fornalhas, e eu gosto de como a “comunicação” acontece independente das línguas
diferentes, porque comunicação vai muito
além do verbal. Também vemos Lucien dizer a Jérôme que “sente muito” por
tudo o que aconteceu, e contar para ele que está morrendo e é por isso que está
indo para a América, para tentar um tratamento diferente. Ángel fica mais apagado, pelo segundo episódio
consecutivo, mas está ali auxiliando no carvão. Quando o navio volta à vida,
Ramiro e o marido de Iben precisam encontrar uma maneira de guiar o navio, mas os livros que
encontram são todos “cenográficos”, o que é bem intrigante por si só.
Como
imaginamos que tudo seja uma simulação, no entanto, não é tão surpreendente.
A realidade
construída ali no Kerberos parece estar se desfazendo, de alguma maneira – ou,
ao menos, sendo invadida por alguma coisa que provavelmente não deveria estar ali… temos uma matéria
preta que aparece pendendo do teto ou surgindo de paredes, como se a própria
matéria daquela realidade estivesse dando problema. Talvez por causa do título
do episódio, ou talvez porque tenhamos tido uma sequência que se passa na
frente de uma pirâmide gigante (o mesmo cenário que vimos brevemente no fim do
episódio anterior, pela janela, e que, na minha teoria, pode ser o mundo como ele está hoje, com “1899” sendo, ao invés de uma série de
época, como imaginávamos antes da
estreia, uma série que se passa em um futuro distópico… num estilo meio “The Matrix”, sabe?), mas aquela
misteriosa matéria preta me fez pensar nas pirâmides da série.
Maura e Eyk
estão em uma trama quase paralela, independente dos demais personagens – e foi
muito bom acompanhá-los. Depois que o garoto mostrou o “caminho” para fora do
navio através daquele túnel, as possibilidades cresceram muito, e vemos Maura
finalmente conseguir levar Eyk para o cenário do seu passado, que era o que ela queria mostrar desde a primeira vez,
e eles se veem de volta no hospital psiquiátrico no qual Maura já esteve
internada no quarto 1011 – mas ela não se lembra muito do que aconteceu ali. Eu
gosto de como Maura reconhece, em fala, que aquilo se parece a algo do seu
passado, mas, ao mesmo tempo, “alguma coisa está errada”, invocando essa
sensação que a recriação de um
cenário em uma simulação pode trazer, já que os detalhes nem sempre estão
realmente no lugar correto… às vezes nem se sabe por quê, mas se nota a
“estranheza”.
Daniel segue
Maura e Eyk, e temos algumas das melhores cenas do episódio com ele – assim
como algumas respostas. Daniel parece transfigurado pelo seu desespero e pela
urgência que tem em fazer com que Maura
se lembre, e eu senti profundamente enquanto ele implorava para que ela se
lembrasse dele… afinal de contas, segundo ele, eles se casaram 12 anos antes. Agora, sabemos a identidade de
Daniel, falta saber do menino – mas minha teoria atual é de que ele seja filho de Maura e Daniel, se eles são
casados. Sem querer acreditar em Daniel, porque não se lembra de nada, Maura
faz uma descoberta sozinha, enquanto Eyk é mandado para outro lugar: Maura vai
para o lado de fora do hospital psiquiátrico e descobre que a paisagem
infinita, na verdade, não passa de uma ilusão; Eyk, por sua vez, é mandado de
volta para o Prometheus, no meio de tantos
outros navios.
Se tudo o
que está acontecendo no Kerberos já aconteceu no Prometheus, possivelmente com
as mesmas pessoas (afinal de contas, Eyk descobrira que Maura estava na lista
de passageiros do Prometheus e, mais do que isso, descobrira sua própria
assinatura como provável capitão do
navio, embora não se lembre de ter estado lá!), aquela sequência final de Eyk
instaura uma pergunta pertinente e desesperadora para eles: quantas vezes isso tudo já aconteceu antes?
Cada navio abandonado daquele é uma “simulação” ou um “experimento”? Será que
isso está acontecendo há 12 anos?! Estou gostando bastante dos rumos que “1899” está tomando, e estou curioso
para saber aonde isso vai chegar…
gosto do toque de ficção científica, agora mais evidente, e todo o cenário de
navio e “repetição” me fez pensar, nesse episódio, em “Triângulo do Medo”.
Sigo amando!
Para mais
postagens de 1899, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário