Alice in Borderland 2x01
“Não tem regra nenhuma. É matança pura”
AMO “Alice in Borderland”, e depois de uma
espera de dois anos, é hora de
retornar a esse universo enquanto acompanhamos Arisu e os demais enfrentarem as cartas de figura – e o Rei de Espadas
é o primeiro grande desafio. A série retorna com um episódio bem diferente do que esperávamos e talvez
diferente do que nos fascinou na primeira temporada, que era a ideia de jogos
que casavam a matança e a crueldade com o raciocínio lógico, estratégias e
regras bem definidas, por mais absurdos
que talvez os jogos fossem. Estamos em uma realidade, agora, tomada pelo caos, em que, sem qualquer
tipo de regra aparente, os personagens estão lidando com a “matança pura”, uma
verdadeira caça da qual eles precisam escapar da única maneira possível: correndo o mais rápido que podem.
É uma
introdução peculiar para essa
temporada – não era o que eu esperava, confesso, mas eu estou tão feliz por estar de volta a “Alice in Borderland” e por poder reencontrar
esses personagens que assisti ao episódio todo curtindo cada momento… e não
acredito que os “jogos” como os conhecíamos tenham sido de fato deixados de
lado, porque essa é a identidade da série. Esse primeiro episódio, contado de
uma maneira diferente, apenas dá a sensação de urgência necessária para que a história flua, bem como nos recorda
que ninguém está seguro… embora a
perda de Chota e Karube lá na primeira temporada tenha nos deixado isso
perfeitamente claro. O episódio enfatiza com maestria o horror dessa realidade, e é o ponto de partida a partir do qual os
personagens serão desenvolvidos.
Arisu ainda
sonha em voltar para casa – e ele
ainda acredita que “conseguir todas as cartas” vai permitir que eles retornem.
A sequência de abertura do episódio traz uma edição incrível que mostra Arisu
em sua antiga vida, jogando jogos de tiro, e então corta para o presente, no
qual ele está do outro lado do jogo,
e é uma das vítimas correndo desesperado pelas ruas, tentando escapar do
atirador misterioso. Em vários momentos do episódio, vemos Arisu lidar com
memórias de seus melhores amigos, e sinto que cada aparição de Chota e Karube,
por mais breve que fosse, foi um
grande golpe… os acompanhamos durante apenas três episódios (!) na primeira temporada, mas a dor e o choque de
perdê-los foi algo impactante que marcou “Alice
in Borderland”.
Usagi, por
sua vez, tem uma visão muito diferente
daquela realidade. Não é exatamente que ela goste
de estar ali, podendo morrer a qualquer momento, mas uma vez que já está, ela não tem vontade alguma de voltar embora…
diferente de Arisu, que tinha reclamações sobre sua antiga vida, mas que agora
pretende retornar e “recomeçar do zero”, Usagi alerta Arisu de que ninguém a entende de fato: ela não quer
voltar. Essa ideia pode definir a construção de Usagi como personagem nessa
segunda temporada de “Alice in
Borderland”, e acho que existem coisas muito interessantes que o roteiro
pode fazer a partir dessa convicção… e, é claro, Usagi é um contraponto
interessante ao próprio Arisu, mas não só: a
todos que sonham em voltar “para o mundo real”.
O episódio
é, em sua maioria, uma corrida contra o
tempo. Correndo sem muito rumo e tentando escapar de um atirador
implacável, os personagens protagonizam cenas angustiantes, seja correndo a pé
e se escondendo por poucos períodos de tempo antes de poderem seguir adiante,
ou fugindo em um carro, na sequência de ação mais eletrizante do retorno de “Alice
in Borderland” – que é cuidadosamente dirigida para se assemelhar a um
videogame, de certa maneira, e isso funciona muito bem! Eventualmente, eles
conseguem escapar do atirador que julgam ser o Rei de Espadas, mas eles sabem
que a cidade toda foi convertida em uma
arena e eles não poderão ficar muito tempo parados em um mesmo lugar,
esperando ser encontrados pelo Rei de Espadas.
Por isso,
eles precisam de uma estratégia…
E é aí que “Alice in Borderland” começa a flertar
com as suas origens. Até aquele momento, parece que eles mais sobreviveram por sorte de nenhum tiro os acertar do que
realmente por habilidade – embora
eles tenham demonstrado alguma habilidade na perseguição de carro e quando
conseguiram despistar o Rei de Espadas, que tem outras vítimas para fazer, e se
esconder conseguindo algumas horas de “tranquilidade” (dentro do possível). Agora,
Arisu precisa entrar em ação com alguma ideia, alguma estratégia, qualquer que
seja… então, ele sugere que a única maneira de se manter “seguro” é entrando em
algum outro jogo: ele acredita que um não
deve interferir no jogo do outro, portanto o Rei de Espadas não poderá pegá-los
enquanto eles estiverem jogando.
E, além
disso, eles precisam renovar os vistos de todo modo.
Assim, Arisu
sugere que eles busquem o jogo mais
distante do Rei de Espadas possível – e isso os leva até o Rei de Paus, no
outro lado da cidade. Agora, estou bem curioso para saber que rumos a série pretende seguir, mas as
coisas parecem estar voltando ao “normal”: cinco jogadores se inscrevem para o
jogo e colocam pulseiras que não podem mais tirar… não há como voltar. E, aos
poucos, os novos personagens vão se apresentando, como o próprio Rei de Paus
(eu amo que o personagem com esse título seja justamente aquele que é adepto do
nudismo… e, por sinal, que homem!), Kyuma, e o grupo que é liderado por ele –
um grupo que talvez o grupo de Arisu e Usagi terá que enfrentar? As coisas
prometem ser tensas de agora em
diante, e estou ansioso por isso!
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