His Dark Materials 3x02 – The Break
O resgate
de Lyra.
Sem dúvida
alguma, “Fronteiras do Universo” é
uma das melhores sagas literárias já escritas, e “His Dark Materials” é uma adaptação competente que faz jus à obra
– fico tão feliz de a história ter ganhado uma
nova chance depois de uma primeira adaptação desastrosa no cinema. Existe uma sensação de que “as coisas estão
acontecendo rápido demais”, até porque “A
Luneta Âmbar” é um livro bastante longo e complexo, e embora eu teria
gostado de ver mais da relação de Will com Baruch e Balthamos (os Anjos
mereciam mais tempo de tela do que
tiveram, infelizmente), por exemplo, “The
Break” é mais um excelente episódio dessa terceira temporada. Tenso e
emocionante, o episódio novamente reforça a riqueza do universo e da trama
criados por Philip Pullman e nos deixa ao mesmo tempo apreensivos e vidrados –
uma experiência e tanto!
Novamente,
vemos pequenos trechos de Lyra enquanto ela é mantida adormecida pela Sra.
Coulter, e seus sonhos parecem muito mais
do que isso… ao longe, ela vê Roger chamando o seu nome, e eu gosto de como
o episódio nos provoca com o que vem
a seguir – é a primeira vez que se fala abertamente sobre “a Terra dos Mortos”,
por exemplo, e quando Lyra desperta, Pan, seu daemon, pergunta para onde ela
foi, porque “não conseguiu segui-la até lá”. Destaco o cenário escolhido com
tanto cuidado para esse sonho em específico de Lyra, porque ainda retornaremos
a ele. Enquanto isso, cada vez mais a personagem da Sra. Coulter ganha camadas
– sempre foi muito difícil confiar
nela, mas, ao mesmo tempo, existe um quê inegável de sinceridade na sua vontade de proteger a filha, e ela o faz da
única maneira em que acredita que ela estará em segurança.
Em paralelo,
acompanhamos a República de Lorde Asriel – algo grandioso e com uma importância
maior do que nas páginas de “A Luneta
Âmbar”, ainda que a missão seja a mesma. É triste que essa trama mais elaborada da República seja em detrimento
de mais cenas de Will com os Anjos, por exemplo, mas é uma boa história que
foca em uma parte que vimos com menos detalhes no livro… é essa parte de Lorde
Asriel que dá a ideia esperada de grandiosidade,
enquanto diferentes exércitos estão sendo reunidos – afinal de contas, se
espera um final épico de “His Dark Materials”… mas, como eu
sempre digo, a conclusão dessa trilogia é muito mais íntima e filosófica do que
realmente centrada na ação (mas não
se preocupe, também tem um toque de ação que certamente será forte na série e
que deve agradar quem está aqui pela “guerra”).
A trama da
República de Lorde Asriel caminha de verdade em “The Break” com a chegada de Baruch, o anjo que deixara Will e
Balthamos para dar ao Lorde Asriel o recado de que o garoto portador da Æsahættr
tinha sido encontrado e estava indo em direção a Lyra. Infelizmente, no
entanto, sua chegada é ao lado de outro anjo, Alarbus, um enviado da Autoridade
(ou do regente que está em seu lugar, Metatron) com quem Baruch tem uma batalha
mortal… é doloroso ver a morte de Baruch e ver Balthamos sentir a sua perda, de
longe, ainda que não tenha sido tão impactante quanto no livro. O
interrogatório que Lorde Asriel faz a Alarbus é um diálogo importantíssimo que traz algumas informações sobre o plano de
Metatron contra todas as criaturas que tomaram consciência através do Pó, para
conseguir o que chama de “obediência completa”.
Lorde Asriel
pode ser arrogante e egocêntrico… mas sua luta faz sentido.
O Padre
Gomez, por sua vez, se torna o símbolo do Magistério nessa terceira temporada
de “His Dark Materials” – e é
interessante (e desesperador) como isso tudo é uma crítica a instituições
religiosas, e como funciona brilhantemente, porque é uma realidade palpável.
Sem deixar muitas dúvidas, a série já colocou personagens para chamarem Lyra de
“Eva”, como se ela fosse “a Mãe de Todos os Pecados”, e por isso ela precisa
ser exterminada… mesmo que eles nem saibam exatamente o que isso significa. É
de uma ironia tremenda e perversa o discurso antes do Padre Gomez e dos demais
saírem para matar Lyra, com eles agindo em nome da Autoridade para guiá-los em
uma “missão sagrada”, ao mesmo tempo em que falam de ser brutais e do
assassinato de uma criança… não vou me alongar, mas convenhamos: é a representação do “cidadão de bem”, né?
Com pequena
participação no episódio, eu preciso dizer: NÓS PRECISAMOS MAIS DE MARY MALONE.
Toda vez que falo sobre “A Luneta Âmbar”,
eu preciso falar sobre o quanto eu AMO a Dra. Malone e tudo o que ela traz para
a história – li o livro todo verdadeiramente apaixonado por cada uma de suas cenas, e sempre ansiava pelo
próximo momento em que eu poderia ler algo da personagem… sinto que não vai ser
muito diferente na série, porque suas cenas, por menores que tenham sido, me
encheram de uma paz tão grande! Gostaria de ter um episódio só da Mary Malone com os mulefas, e sei
que isso provavelmente não vai acontecer,
mas espero que o roteiro da série se disponha a dar à personagem o tempo de
tela que ela merece – até porque a sua importância para a trama de “A Luneta Âmbar” e para a conclusão da
história é IMENSA.
Assim como
no primeiro episódio da temporada, Will Parry tem cenas muito boas… ele
continua a sua jornada com Iorek e Balthamos em busca de Lyra – e algo na cena
em que Will e Balthamos conversam com Ama, a garota que estava ajudando a Sra.
Coulter e agora está colhendo uma planta para tentar acordar Lyra, me deixou
muito feliz… foi uma cena bastante bonita de se assistir! É rápido, mas não
menos tenso, o encontro de Will com a Sra. Coulter – e há um sentido de
urgência garantido pelo fato de que sabemos
que existem pessoas vindo atrás de Lyra para matá-la. Por mais que Will não confie na Sra. Coulter e não pense realmente em deixar a Lyra ali com ela e
ir sozinho até o Lorde Asriel, como diz que fará, é uma conversa importante a
dos dois, porque Will começa a entender um pouco da grande trama na qual ele e
Lyra estão metidos… e é algo grandioso.
Sabendo onde
Lyra está, Will decide que vai resgatá-la usando a Æsahættr – ele pode cortar
uma abertura, chegar até a casa por outro
mundo, e então resgatar Lyra, mais ou menos como eles fizeram na temporada
passada para recuperar o aletiômetro roubado… e Will chega na casa justamente em um momento absurdamente tenso
no qual a Sra. Coulter está conversando com o Padre Gomez e tentando ganhar
tempo enquanto pensa no que fazer. É uma sequência bacana, e é muito bom ver
Will e Lyra reunidos. O fim do episódio, no entanto, traz uma das cenas mais desesperadoras de “His Dark Materials” (lembro-me de como
foi chocante e angustiante ler isso em “A
Luneta Âmbar”), quando os sentimentos confusos provocados pela fala de
Marisa sobre a mãe de Will fazem com que ele não consiga cortar uma abertura entre mundos e a Æsahættr se
quebra.
AQUILO NOS
DEIXA NERVOSOS DEMAIS.
Mas vem,
agora, uma das minhas sequências favoritas da história!
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