His Dark Materials 3x03 – The Intention Craft
A
reconstrução da Faca.
Ainda tem
tanta coisa que eu quero ver nessa terceira temporada de “His Dark Materials”, mas, ao mesmo tempo, parece que tudo está passando tão rápido e eu não
estou preparado para me despedir. Sempre digo que “Fronteiras do Universo” é uma das minhas sagas literárias
favoritas no mundo, e embora “A Faca
Sutil” seja meu livro favorito na trilogia, “A Luneta Âmbar” traz momentos muito memoráveis, como toda a
trajetória da Dra. Mary Malone – que eu não vejo a hora de ganhar mais tempo de
tela. “The Intention Craft”, o
terceiro episódio da última temporada da série, traz um pouco do que sempre me
chamou a atenção na escrita de Philip Pullman, que é esse tom mais filosófico e íntimo. Existe algo grandioso sendo fomentado e prestes a explodir,
mas, em primeiro lugar, existe a humanidade intensa e palpável desses
personagens.
Tudo é muito real. Nos importamos com
eles.
No episódio
passado, o Lorde Asriel encontrara a Sra. Coulter depois de Will já ter ajudado
Lyra a escapar, e agora a Sra. Coulter é uma prisioneira na República do Céu,
enquanto Asriel e os demais – Ogunwe, Ruta e Roke – decidem o que fazer com
ela… nunca me canso de falar sobre como a personagem de Marisa Coulter é cheio de camadas, e isso é algo que eu
adoro em “His Dark Materials”: o fato
de que os personagens não são inteiramente bons ou maus, mas pessoas com
camadas, intenções e ações boas ou não… ninguém é unilateral como algumas obras
retratam. Marisa é um caso peculiar: ela começou a história se parecendo
muitíssimo com uma vilã, e embora suas ações sejam questionáveis (e ainda o
sejam, talvez), é impossível, a essa altura, não acreditar em suas palavras
quando ela expressa sua preocupação genuína com a filha.
Lorde Asriel
é muito mais difícil de “defender”, mas isso também traz uma faceta complexa
para o roteiro que me fascina. Suas intenções são claras, e fazem perfeito
sentido: em sua conversa com Marisa, ele fala sobre destruir a Autoridade e
sobre como a Autoridade é uma farsa e tudo o que criou foi, na verdade,
instituições que geram medo e cometem atrocidades em Seu nome… ainda que o seu
discurso faça sentido, no entanto, a postura de Lorde Asriel ainda nos causa
repulsa, porque existe ali um ego megalomaníaco que o torna quase assustador, e
é possível perceber isso naquela impactante cena na qual ele se volta contra o
Anjo que mantinha prisioneiro, para se exibir para Marisa, e ele está
transfigurado pela loucura… um momento perfeito para Marisa aproveitar e roubar
a Nave da Intenção e, quem sabe, “fazer o seu papel de mãe”.
Em paralelo,
enquanto o episódio se concentra talvez excessivamente na República do Céu de
Lorde Asriel, vemos pouco do Magistério e menos ainda de Mary Malone. Na sequência
do Magistério, vemos uma conversa importante sobre usar a energia gerada no
momento em que se separa uma criança de seu daemon (!) para fazer uma arma. Nas
poucas cenas de Mary Malone, a vemos se preparar para seguir sua viagem, e
então ela passa por mais uma janela que encontra, acreditando que, de alguma
maneira, ela chegará aonde precisa estar – mesmo que ela não entenda bem,
ainda, qual é a sua missão. Mas se o Magistério acredita que Lyra Belacqua será
a nova “Eva”, Mary Malone desempenhará o papel da Serpente. Infelizmente, acho
que não existe tempo para isso, mas eu ADORARIA que a Mary Malone tivesse um episódio só dela no mundo dos
mulefas.
Será que
estamos perto de conhecer os mulefas?
Will e Lyra
protagonizam algumas das melhores cenas do episódio. Eu gosto de como podemos ver e sentir que eles cresceram e amadureceram, e eles têm uma discussão
muito palpável sobre o que fazer em
seguida que, a meu ver, demonstra muito bem esse avanço deles – eles estão
discutindo, mas, ao mesmo tempo, não é uma discussão infantil… não é uma
discussão que o Will e a Lyra que se encontraram em Cittágàze teriam. E eles a
resolvem de maneira muito bonita quando Pan incentiva Lyra a pedir desculpas,
algo que ela não está habituada a fazer, e Will também se desculpa. Os dois
estão aprendendo a lidar com esses nervos à flor da pele, com rompantes de
emoção e de frustração, e esse é um crescimento que é lindo que eles estejam
compartilhando um com o outro… uma construção bonita e importante para a
conclusão dessa história.
Com a Æsahættr
quebrada, no entanto, Will e Lyra não sabem bem o que farão se quiserem
continuar na sua jornada que pode levá-los até o Mundo dos Mortos, onde Lyra
acredita que Roger precisa de sua ajuda… então, eles retornam por uma abertura
que ficara aberta entre aquele mundo em que estão agora e o mundo de que Lyra
acabou de fugir, depois de ter passado um tempo prisioneira da Sra. Coulter,
para buscar Iorek Byrnison: Iorek entende tudo de metais, então se alguém puder
consertar a faca, esse alguém é ele. Para isso, no entanto, Lyra precisa convencer Iorek a aceitar o trabalho, e
nem mesmo o aletiômetro é muito claro sobre o que precisa ser feito – pela
primeira vez na vida, Lyra sente que é como se o aletiômetro “estivesse
confuso”. Afinal de contas, Will tem uma
intenção com a Æsahættr, mas a Æsahættr tem suas próprias intenções…
De todo
modo, Iorek decide ajudar Will e Lyra e, depois, separar-se deles.
Infelizmente, achei a sequência da reconstrução da faca bastante rápida em
comparação à sequência do livro, que é uma das minhas partes favoritas de “A Luneta Âmbar”, mas achei bonito como
aquele momento gerou algo importante entre Will e Lyra novamente, porque Will
se lembra do reencontro com o pai para tentar manter a mente focada e ajudar a Æsahættr
a se recompor, mas se distrai quando se lembra da maneira como a Sra. Coulter
falou sobre a sua mãe e sobre ele “a ter abandonado”, e quando Iorek pede que
Will se concentre “no que é importante para ele”, a única coisa que lhe vem à
mente é a imagem de Lyra… e com a imagem de Lyra tomando conta de todos os seus
pensamentos, ele está concentrado o suficiente para ajudar a Æsahættr a voltar
a ser uma só.
Agora, eles podem voltar à missão.
A missão, no
entanto, ainda não é encontrar Lorde Asriel – Lyra pretende ir para o Mundo dos
Mortos, embora não entenda bem o que precisa fazer lá, e Will não vai deixar
que ela vá sozinha… então, eles se preparam para a jornada mais difícil da vida deles. Temos uma cena muito bonita em que Balthamos reaparece (lindíssimo
o visual do Balthamos levantando voo, no fim da cena), mas se despede deles
porque “Anjos não podem ir para o Mundo dos Mortos e ele tem outro caminho a
seguir”. Então, Will procura com a Æsahættr, pelos diferentes mundos à sua
frente, a entrada para o Mundo dos Mortos…
talvez o Mundo mais difícil de encontrar e de abrir uma passagem, como se a
faca não quisesse que o portador fosse para lá. Mas, por fim, a passagem é
aberta, e Will e Lyra partem. E nos
preparamos para um dos momentos mais sombrios e tristes de “His Dark Materials”.
Uma dica do
que vem pela frente é o Pan encolhido, com medo, pedindo que Lyra não vá.
Agora, é
preparar o coração para o próximo episódio!
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