Sítio do Picapau Amarelo (1978) – O Outro Lado da Lua: Parte 4

Zig, Zag, Tick e Tack.

A GALERIA DO “SÍTIO DO PICAPAU AMARELO” AGORA ESTÁ EM MARTE! A primeira parada da célebre viagem ao céu idealizada por Emília foi a Lua – mas a bonequinha não tarda em se cansar daquele lugar, porque está ávida por conhecer o que mais o universo tem a oferecer! Então, eles partem agora para Marte, o próximo planeta do Sistema Solar depois da Terra, principalmente porque a Dona Benta explicara para Emília que “Marte era o planeta que regia o seu signo”. Agora, Emília quer fazer descobertas… não basta apenas ouvir o que o Visconde de Sabugosa já sabe e está explicando com tanta boa-vontade: ela também quer descobrir coisas novas, como formas de vida marcianas – “Fiquem quietos, não se mexam! Eu tô sentindo um cheiro de gente verde!” Emília, com seus hábeis olhinhos de retrós, é a primeira a ver a tal “gente verde”, como ela diz.

Acontece que os marcianos, como uma forma de defesa, ficam invisíveis quando estão dormindo, e quando o primeiro deles desperta, todo mundo é capaz de vê-lo – assustado e se encolhendo, afinal de contas eles estão recebendo visitas alienígenas em seu planeta, ele desperta os demais marcianos ao seu redor, até que sejam quatro: Zig, Zag, Tick e Tack. A sequência é bem divertida, com os quatro marcianos conversando apressadamente em uma língua que o pessoal do Sítio não entende, e eles estão apavorados, o que Narizinho acha natural: eles não são invasores e não vão fazer nada de mal com os moradores de Marte, mas eles não têm como saber disso… o Visconde, por sua vez, fica sentado no seu canto, sem olhar para o lado, se recusando a acreditar. Ele está em total negação porque, como diz, “marcianos não existem”.

Enquanto Visconde faz “birra”, Emília avança para conversar com os marcianos, em uma língua que ela mesma inventa como se estivesse falando a mesma língua deles, e é um dos momentos mais divertidos da história, porque FUNCIONA DE VERDADE – nem que seja por Faz-de-Conta. Os cinco conversam alegremente, dão um monte de risada, mas os marcianos explicam para a bonequinha que eles estão de partida: vão deixar Marte e procurar um outro planeta para morar, onde possam viver melhor… o “Sítio do Picapau Amarelo” aproveita, aqui, para fazer um paralelo com o que os marcianos dizem que aconteceu a Marte com o que os humanos estão fazendo à Terra: poluição, descuido… se não cuidarmos de nosso planeta, eventualmente estaremos como os marcianos, sem uma casa para morar e precisando encontrar outro planeta para viver.

Eventualmente, as crianças se cansam dessa “conversa que não dá para entender”, então os marcianos apresentam uma máquina de tradução que funciona para qualquer língua do mundo (como a TARDIS faz as traduções nas viagens do Doctor), e eventualmente chegam ao português brasileiro, e todo mundo pode se entender. Uma das marcianas continua falando sobre os estragos causados ao planeta e sobre como eles “ficavam hahahahahahabitando sem ligar para nada”, sem dar atenção aos cientistas, e então os mares secaram, as florestas morreram e agora eles estão desse jeito… enquanto a conversa continua, Pedrinho e Narizinho tentam trazer o Visconde para ela, e o enfrentam dizendo que ele fala com Saci, e muita gente não acredita em Saci, e quando Visconde diz que “esses marcianos são faz-de-conta da Emília”, eles dizem que ele, sim, é de faz-de-conta…

Afinal de contas, quantos sabugos que falam existem no mundo?

Adoro a linha de raciocínio bizarra do Visconde: ele diz que isso é diferente porque, no Sítio do Picapau Amarelo, tudo é possível, mas ali não é o Sítio… ali é Marte! Visconde diz que se esses marcianos tivessem aparecido no Sítio, ele até acreditaria, mas em Marte não. Emília, então, resolve tudo de maneira muito prática. Os marcianos trazem um “presente” para o Visconde, um cachorro marciano chamado Nhoc Au Au, e quando o cachorro morte o Visconde, Emília diz que “o que não existe não morte”, então Visconde “se curva às evidências” e passa a acreditar… bem a tempo, porque a verdade é que ele está curiosíssimo com o tal aparelho que não é apenas um tradutor universal, mas, também, um aparelho para se ver à distância – eles conseguem ver a Tia Nastácia e o São Jorge na Lua dali, e Visconde fica encantado. Então, os marcianos lhe dão o aparelho de presente.

Emília, é claro, toma o aparelho para ela: diz que é dela porque “ela acreditou neles primeiro”. Em troca, ela decide dar aos marcianos os seus besouros, mas os marcianos não os aceitam, dizendo que vão usar o faz-de-conta da Emília para imaginar que ela já lhes deu algo maravilhoso, algo que eles vão sempre guardar com eles no coração e vão sempre se lembrar dela! Agora, os marcianos precisam terminar de se preparar e ir embora de Marte – afinal de contas, Zig, Zag, Tick e Tack são os últimos marcianos que sobraram no planeta! Quando eles embarcam para longe dali, Emília, Visconde, Pedrinho e Narizinho ficam tristes e sozinhos: o que eles vão fazer em Marte agora que os marcianos não estão mais ali? Como eles deixaram o aparelho tradutor e comunicador de presente, eles resolvem usá-lo para tentar falar com a Dona Benta.

Assim, o pessoal usa o aparelho e transmite para a televisão de Dona Benta, com uma ajudinha do faz-de-conta da Emília, e então eles podem ver a avó, e Dona Benta pode ver os netos através da televisão. É uma cena fofa e um tanto emocionante! O problema, é claro, é que essa comunicação entre Marte e o Sítio de Dona Benta causa interferência nos satélites, o que rapidamente se torna uma crise mundial e o medo de que seja sabotagem começa a se espalhar… Dona Benta está preocupada com os netos, pergunta quando eles vão parar com essa viagem, mas como o áudio está ruim, eles não escutam bem, e Emília “traduz” à sua maneira, dizendo que “Dona Benta está achando tudo um máximo e quer que eles continuem, quer que eles conheçam todo o céu e só voltem para casa depois”. E, assim, a aventura das crianças continua

 

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