Sítio do Picapau Amarelo (1978) – O Outro Lado da Lua: Parte Final
Pegar carona nessa cauda de cometa…
Depois de se
despedirem dos marcianos, que estão indo embora em busca de um novo planeta
para morar, e de receberem de presente deles um aparelho de tradução e
comunicação, as crianças usam o aparelho marciano para entrar em contato com a
Dona Benta, no Sítio do Picapau Amarelo, para dizer que estão bem e que “a vovó
não precisa se preocupar muito”. Dona Benta está preocupadíssima, mas está
prestes a se “distrair” com um outro problemão que está começando: a comunicação entre o seu sítio e Marte
causa interferências nos satélites de comunicações internacionais, e uma
comissão vai chegar para averiguar o que está acontecendo e tentar resolver a
crise mundial. Enquanto isso, Emília convence a todos de que Dona Benta quer
que eles conheçam “todo o céu” antes de irem embora, e eles partem para a parte
final de sua aventura…
Que envolve a Via Láctea e um passeio de
cometa!
Voando pelo
espaço, Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde veem a Via Láctea de longe,
enquanto o Visconde faz algumas explicações interessantes, e embora eles
queiram se aproximar, Emília acaba perdendo a paciência: é muita estrela e muita distância. Então, a bonequinha decide que é
hora de “pegar carona na cauda de um cometa”. As crianças se divertem
cavalgando um cometa, que eles chamam de “potrinho do céu”, e o “Sítio do Picapau Amarelo” aproveita
para falar, por exemplo, sobre o Cometa Halley, mas os serões do Visconde
acabam sendo interrompidos por um descuido do Pedrinho que o faz cair do
cometa, e agora ele pode estar em
qualquer lugar do espaço… Dona Benta ficaria horrorizada se soubesse disso.
Os demais também caem do cometa eventualmente, e, curiosamente, eles caem
novamente na Lua…
Tia Nastácia
fica aliviada e feliz ao vê-los, mas preocupadíssima com o Pedrinho: eles
precisam encontrá-lo depressa para voltarem para o Sítio! As orações de São
Jorge e o aparelho que as crianças ganharam de presente dos marcianos os ajudam
a descobrir onde está o Pedrinho, em um asteroide, e então eles podem ir
buscá-lo. Enquanto isso, Dona Benta se preocupa com a tal comissão que está
para chegar ao seu sítio: eles não sabem que são seus netos conversando com ela
diretamente de Marte, mas eles sabem que tem mensagens vindas do espaço e que o
sítio de Dona Benta é “o ponto final dessas comunicações”. Quando os quatro
estrangeiros chegam ao sítio, Dona Benta os coloca na biblioteca e faz de TUDO
para enrolá-los, os convidando para tomar um café e a ficar para a janta, por
exemplo, querendo saber o que eles preferem comer…
Mas os
líderes de comunicação estão impacientes:
eles querem SOLUÇÕES. Então, eles explicam toda a situação para a Dona Benta
(que confusão as crianças causaram!), e a Dona Benta banca a Emília em uma cena
DIVERTIDÍSSIMA na qual ela se faz de desentendida, apelando para a mesma
dissimulação que a bonequinha já usou tantas vezes – quando eles dizem que as
comunicações vêm do espaço, mas são recebidas ali, por exemplo, ela pergunta: “Aqui aonde?”, com cara de paisagem, e
mais de uma vez ela diz: “Não me diga!”
EU AMEI ESSA “VERSÃO” DA DONA BENTA! Eventualmente, ela precisa dizer a
verdade, porque eles estão insistindo para que ela fale quem enviou as
mensagens, e Dona Benta responde, de uma maneira que certamente a faz parecer nada confiável: “São meus netos… meus netos que estão no céu”. Agora, como eles
poderiam acreditar?
Dona Benta
os leva para ver pelo telescópio, aquele grupo chato e cético… e, felizmente, o
pessoal está do lado da lua que pode ser
visto da Terra, porque estão se preparando para voltar para casa, então
ELES ACABAM SENDO VISTOS PELOS LÍDERES MUNDIAIS. É claro que eles ficam em
choque, que dizem que “é impossível”, mas eles estão vendo com os próprios
olhos, não estão? De qualquer maneira, Dona Benta resolve acabar com isso de
uma vez por todas, e dá o seu icônico grito os mandando descer – e eles
escutam, lá da Lua. Então, todos se despedem de São Jorge, Tia Nastácia fica
toda emocionada, e o pessoal usa o Pirlimpimpim para retornar ao Sítio do
Picapau Amarelo, onde são recebidos por Galileu Galilei e, depois, pela Dona
Benta, que os abraça aliviada ao ver que eles estão bem… então, ela leva todo
mundo para dentro para conversarem.
Dona Benta
apresenta seus netos, mas os líderes mundiais dizem que a história toda é muito
absurda e que “ninguém vai acreditar neles”, e todo mundo está esperando por
explicações sobre as interferências nas comunicações! Emília conta todas as
histórias, sobre a Lua, sobre Marte, sobre o passeio de cometa, mas os chatos
não acreditam em nada e dizem que “estão na frente de mentirosos”. Emília,
então, é bastante durona com eles, e fez certíssimo – ué, eles estão contando a
história, não estão? Se eles não querem
acreditar, os desaforados são eles… o que eles querem, na verdade, são
provas de que o que dizem é verdade, e todas as provas parecem ter desaparecido.
O aparelho que receberam em Marte foi esquecido pelo Visconde na Lua, por
exemplo; as estrelinhas que Emília trouxe na canastrinha foram soltas de novo;
e até Galileu Galilei já foi embora.
No fim, nenhuma prova resta… eles vão ter
que acreditar se quiserem.
Surpreendentemente,
os estrangeiros que trabalham com comunicações internacionais acabam
protagonizando uma cena bastante bonita… eles falam sobre como tudo ali parece um sonho, e sobre como “precisam
entrar nesse clima de sonho” para acreditar, e o fazem… pensativos,
imaginativos e sonhadores, eles começam a se lembrar de suas infâncias, de seu
faz-de-conta, de quando eles eram como as crianças daquele lugar e tudo era
possível… esse é o clima do “Sítio do
Picapau Amarelo”. Cada um dos quatro oficiais que vieram ao Sítio tem uma
fala sobre uma memória sua: quando acreditavam em fadas, quando brincavam com
soldados de chumbo e bonecas, e quando eles falam sobre “sentirem saudade”
desse tempo, sobre quererem “brincar de novo”, eles desaparecem, como os
astrônomos que desapareceram de volta para casa ao sentirem saudade…
De um modo
inusitado e inesperado, a cena é emocionante.
Um belo final para “O Outro Lado da Lua”. Amo essa história!
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