Glass Onion (Glass Onion: A Knives Out Mystery, 2022)
“An object
that seems densely layered, but in reality, the centre is in plain sight”
O grande
detetive Benoit Blanc está de volta – e com um caso tão intrigante e
interessante quanto o primeiro que o vimos resolver, em “Entre Facas e Segredos”, filme de grande sucesso de 2019. Com “Glass Onion”, as histórias do detetive
Benoit Blanc prometem se tornar uma (muito bem-vinda) franquia, e eu fico MUITO
FELIZ pelo fato de a sequência apresentar um roteiro tão bom quanto o original,
com reviravoltas dignas de fazer com que abramos um sorriso sincero que nos faz
comentar: “Nossa, isso foi legal!”.
Com uma mudança drástica de cenário e na paleta de cores, agora muito mais
colorida e iluminada, Benoit Blanc está, dessa vez, em uma ilha particular na
Grécia, onde um homem rico, excêntrico e de caráter duvidoso, convidou amigos
para “resolver um mistério”.
A ideia de
“detetives resolvendo casos”, no famoso e bem-sucedido gênero “Quem matou?”, é
uma fórmula que funciona e fascina audiências há séculos… é só pensar em
grandes tramas da literatura (que já tiveram suas várias adaptações), como os
livros de Sir Arthur Conan Doyle, protagonizados por Sherlock Holmes, ou os
livros de Agatha Christie, protagonizados por Hercule Poirot. “Entre Facas e Segredos” e “Glass Onion” bebe dessa mesma fonte,
mas com um tom tão atual e sarcástico que é um frescor para o gênero: eu gosto
muito de como há a preocupação de se estabelecer um roteiro não apenas
complexo, mas surpreendente, mas de como o filme não tenta ser excessivamente solene… há um bom-humor irreverente e
inteligente que é um dos segredos do sucesso da nascente franquia.
Daniel
Craig, encabeçando o elenco novamente, entrega um personagem carismático, por
quem gostamos de torcer, e ele conseguiu gerar no espectador a confiança que o seu personagem demanda:
temos a sensação de que estamos na frente de um “super-homem”, com quem podemos
contar para resolver o que quer que seja… mesmo quando ainda não sabemos qual
vai ser o caso de “Glass Onion”, e
levantamos algumas teorias que vão caindo por terra eventualmente, até que
sejamos surpreendidos com um caso ainda
mais legal do que estávamos imaginando. Benoit Blanc supostamente recebeu
um convite de Miles Bron, um bilionário dono de um grande império tecnológico…
alguém com algumas pessoas que teriam motivos o suficiente para matá-lo.
Além de um
bom roteiro, bom visual e boas atuações (tudo garantidíssimo em “Glass Onion”), para que funcione, o
filme precisa fazer com que seus
personagens cativem os espectadores – e isso acontece. Benoit Blanc é um
detetive de quem já gostamos, “Andi” é uma personagem que cresce
maravilhosamente durante o filme e se torna uma personalidade fascinante, e não
posso deixar de dizer que Birdie é alguém que me divertiu muito… totalmente
equivocada, um verdadeiro problema,
na realidade, ela gera ótimos momentos de entretenimento que me arrancaram
risadas sinceras, dentre os quais eu preciso destacar aquele grito histérico dela de “WHAT IS REALITY?!”, quando coisas realmente inesperadas começam a acontecer na Cebola de Vidro de Miles Bron.
Miles Bron
organiza, anualmente, um “mystery party”, um evento para o qual convida seus
amigos, para que eles passem um fim de semana resolvendo um caso roteirizado –
que dessa vez seria o seu assassinato. Algo que Benoit Blanc entende e resolve antes mesmo de a brincadeira começar,
porque parece “simples demais” para ele, de certa maneira. Afinal de contas, ele está acostumado a resolver casos muito mais
complexos do que aquele. Naturalmente, as coisas saem de controle, como
imaginamos que aconteceria, e um dos convidados acaba morrendo de verdade, e Miles tenta vender a ideia de que “alguém
está tentando matá-lo”. Inusitadamente divertida, o desespero que toma conta de
todos, fingido ou não, gera uma sequência incrível.
A grande
sacada do filme, é claro, está na reviravolta que acontece depois do fim do
primeiro ato: já esperávamos que Miles ou qualquer um deles fosse morrer de verdade e o fim de
semana na ilha se tornaria um caso real
para que Benoit Blanc resolvesse, e meio que esperávamos que Andi não fosse a
culpada, porque todos os dedos estavam apontados para ela e, por isso, seria
“óbvio demais”. O segundo ato, no entanto, entrega uma reviravolta TÃO BOA que
nos leva para muito antes da ilha, quando o verdadeiro caso começou de verdade, e descobrimos que a
mulher que estamos vendo na ilha não é nem quem diz ser, mas a irmã gêmea se
passando por ela a pedido de Benoit Blanc, que foi contratado para investigar essa morte e propositalmente se
“infiltrou” no evento particular de Miles Bron.
Muito bom rever algumas cenas de outros
pontos de vista, procurando culpados.
“Glass Onion” se beneficia do emaranhado
de relações entre os personagens: a alma do filme e do mistério a ser resolvido
reside no passado daquelas pessoas, e nas tramas que os envolvem, cheias de
mentiras e interesses, e se o primeiro ato pincelou isso, trazendo
principalmente a “rivalidade” entre Miles e Andi, o segundo ato explora isso
com mais profundidade, trazendo a verdade em relação a Miles, e a maneira como
todos os interesseiros estão de uma maneira ou de outra comprometidos e,
portanto, poderiam ser o assassino de Andi. Gosto muito da relação de Helen, a
irmã gêmea, e Benoit (eles rendem bons momentos divertidos, como a cena da
“morte” dela ou as cenas da Andi bêbada com kombucha), e de como ele entra no
jogo, bastante dissimulado, sendo um infiltrado naquele “fim de semana
particular”.
Among us.
Brincando
muito com a comédia (eu me diverti TANTO assistindo a esse filme!), sem deixar
de lado o desenvolvimento do seu roteiro e do seu mistério, o filme chega a um
terceiro ato interessante – e eu amo como “Knives
Out” é desse gênero de mistério, sem nunca negar que o é e contando uma
história desse tipo com competência,
mas, ao mesmo tempo, também é meio que uma sátira…
Benoit Blanc usa o seu momento da “grande revelação”, típico das histórias de
Agatha Christie, por exemplo, para enrolar e ganhar tempo, enquanto Helen Brand vasculha os diferentes quartos
em busca de um envelope que contém a prova que Andi encontrara contra Miles e,
consequentemente, vai ser a evidência contra quem quer que a tenha matado, para
início de conversa.
Há muita tensão nesses momentos – um suspense
inusitado porque estava me fazendo sorrir e verdadeiramente rir de algumas reações e ações, mas eu
também estava apreensivo por não
saber exatamente para onde Helen estava
indo quando começou a quebrar todas as esculturas de vidro daquele lugar… eventualmente,
percebemos que ela estava debochadamente “realizando o sonho de Miles Bron”,
garantindo que ele fosse para sempre “lembrado na mesma esfera que a Mona
Lisa”, ou qualquer coisa assim. Gosto de como “Glass Onion” também nos pega desprevenidos e não entrega uma
conclusão excessivamente milagrosa, o que até gera certo desconforto, mas resolve o que tinha que resolver: traz verdades e
encaminha para uma solução mais permanente.
Mais do que
isso, não vejo necessidade de comentar. “Glass
Onion: Um Mistério Knives Out” é um daqueles filmes cujo roteiro não
precisa ser excessivamente explicado em uma review (e talvez eu já até tenha me
prolongado mais do que o necessário?), porque ele é suficientemente claro e
fechado para quem assistiu, e é isso: precisa
ser assistido, vivido e curtido – por isso, se ainda não o viu, faça isso o
mais rápido possível, é muito bom! Um filme excelente com visuais incríveis,
boas atuações e roteiro bem-desenvolvido, capaz de reunir comédia, mistério e
suspense em uma narrativa espetacular. Mais um ótimo caso para o currículo de
Benoit Blanc e, certamente, mais um filme de sucesso para uma franquia de
futuro promissor. Aguardando, agora, o terceiro filme!
Para reviews de outros FILMES, clique aqui.
Olá moço. Acredita que somente ontem tive coragem de assistir essa sequência. Eu não estava muito animado, e felizmente acabou sendo uma adorável surpresa. Principalmente pela da talentosíssima Janelle Monáe.
ResponderExcluirSério? Às vezes eu tenho medo de sequências, mas eu gostei tanto do primeiro filme que eu estava bem animado para esse, e felizmente não foi uma decepção! O filme está bem legal haha Que bom que também foi uma boa surpresa para você! :)
Excluir