Lost 5x11 – Whatever Happened, Happened

“Welcome back to the land of living”

Daniel Faraday já dizia desde o começo: o que aconteceu, aconteceu. Com a frase de Daniel como título, “Whatever Happened, Happened” continua a história na ilha, em 1977, de onde o episódio anterior parou, quando Ben soltou Sayid perante a promessa de que ele o levaria até os Outros, e Sayid atirou no garoto na expectativa de matá-lo – mas não chegou a conferir se ele estava realmente morto. A maior parte do episódio gira em torno de salvar a vida do pequeno Benjamin Linus, e é muito irônico pensar que Sayid acreditou estar mentindo quando disse ao Ben de 12 anos que “estava ali para levá-lo aos Outros”, porque foi justamente a sua ação que o levou até Richard Alpert e o transformou no Ben que conhecemos desde o início de “Lost” – se não fosse o Sayid e o tiro que ele deu, talvez Ben jamais tivesse se tornado aquela pessoa.

Sayid causa justamente o que estava tentando evitar.

“O que aconteceu, aconteceu”

Gosto muito de como o conceito de viagem no tempo de “Lost” é muito claro desde os primeiros momentos da temporada – Daniel Faraday já explicou como os eventos não podem ser alterados, como as coisas continuarão acontecendo como sempre aconteceram, e às vezes alguns personagens insistem em teimar e acreditar que podem, por exemplo, deixar que Ben morra… mas eles não podem: aquele tiro do Sayid, aquele resgate dos sobreviventes e o pedido de ajuda a Richard sempre existiu, sempre foi parte da história de Ben! Temos uma sequência interessante que é um diálogo entre Hurley e Miles sobre viagem no tempo, quando Hurley teme estar desaparecendo, como o Marty McFly em “De Volta Para o Futuro”, por eles terem “alterado o passado”, mas Miles explica o que eles já aprenderam – e é uma conversa que já aconteceu mil vezes na vida real.

O estado de Ben não é nada bom, e Juliet não sabe se poderá salvá-lo… na verdade, eles precisavam da ajuda de um cirurgião, mas Jack não está nem um pouco disposto a fazer qualquer coisa por Ben. Há muito tempo que o Jack se tornou um personagem difícil de digerir, e esse é um daqueles episódios em que sentimos raiva dele – talvez até pudéssemos entender ele não querer ajudar o Ben de novo, talvez ele pensasse da mesma maneira que Sayid, mas sabemos, no fundo, que sua atitude não tem muito a ver com isso… a decisão de Jack tem muito mais a ver com uma birra infantil porque ele se recusa a ajudar Sawyer ou fazer qualquer coisa que ele pede, e ele está insatisfeito por perceber que, na verdade, ele não é tão essencial quanto ele acreditava que era. É uma atitude arrogante e imatura que ele está totalmente disposto a assumir.

Mas, é claro, “o que aconteceu, aconteceu”. Sawyer e os demais sempre estiveram em 1977, Ben sempre levou o tiro de Sayid, sempre precisou da ajuda de Jack e nunca a teve – foi isso que obrigou Juliet e Kate a trabalharem juntas para salvar Ben, e a melhor alternativa foi pedir a ajuda dos Outros. Então, Kate e Sawyer levam Benjamin Linus para fora da cerca para entregá-lo a Richard Alpert e pedir que ele faça alguma coisa – Richard avisa que, se levar Ben, sua inocência se perderá e ele será para sempre “um dos Outros”, mas Kate e Sawyer aceitam, para que o garoto seja salvo… então, esse é o ponto de virada na vida de Ben, o momento em que ele é acolhido como um Outro e se torna aquele Ben que conhecemos, e que vimos na ilha depois da queda do Oceanic 815 e antes disso, nos flashbacks que foram protagonizados pelo personagem.

Sayid, Jin, Jack, Juliet, Kate, Sawyer… todos tiveram uma participação em quem Ben é.

E tudo começou com Sayid e o tiro.

“Whatever Happened, Happened” também nos traz flashbacks de Kate no tempo em que esteve fora da ilha, e algumas lacunas são preenchidas. Entendemos, por exemplo, o pedido que Sawyer fizera a ela antes de pular do helicóptero, e vemos Kate procurar Cassidy, a mãe da filha de Sawyer, para entregar-lhe um dinheiro – e é interessante como as duas se tornam amigas (o que, é claro, faz total sentido, tendo em vista que elas já tinham se conhecido antes da ilha e tinham se dado bem e se ajudado naquela ocasião), e como Kate escolhe confiar nela para contar toda a história do que realmente aconteceu na ilha… afinal de contas, se ela quer contar sobre Sawyer, ela precisa contar como as coisas aconteceram de verdade. E a proximidade das duas é importante, também, para que Kate entenda que ela precisava mais de Aaron que o Aaron dela.

Assim, o episódio é parcialmente sobre a relação de Kate e Aaron – e entendemos como é importante conhecermos essa Kate que foi mãe… até porque é essa relação dela com Aaron que a ajuda a ver o desespero de Roger pelo filho baleado e a impele a ajudar a salvar o Ben, na ilha. É uma sequência emocionante aquela na qual Kate decide retornar para a ilha, e entendemos como ela finalmente chegou a essa decisão quando se juntou a Jack a bordo do Ajira 316. Kate escolhe contar toda a verdade à mãe de Claire (conta que Claire sobreviveu à queda do avião, deu à luz a Aaron na ilha, e desapareceu antes de eles serem resgatados, e então eles tiveram que decidir o que fazer com o bebê), e a deixa para cuidar de seu neto enquanto ela estiver fora… e o motivo que levou Kate de volta para a ilha, então, é a esperança de conseguir encontrar a Claire.

Agora, no entanto, ela está anos longe dela.

 

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