Lost 6x11 – Happily Ever After

“The island isn’t done with you yet”

DESMOND SEMPRE TEM OS MELHORES EPISÓDIOS DE “LOST”. É impressionante como Desmond é um personagem carismático e rico, porque seus episódios sempre trazem informações muito importantes, além de serem extremamente interessantes de se acompanhar! “Happily Ever After” é uma nova abordagem dos flash sideways, e que podem colocar em xeque tudo o que acreditávamos a respeito deles até então, como se aquela outra vida que eles estão vivendo na linha do tempo alternativa não fosse exatamente “real” – embora, é claro, essa seja uma palavra de conceito muito vago dentro de uma narrativa como a de “Lost”. De uma maneira ou de outra, Desmond protagoniza, novamente, um episódio EXCELENTE, trazendo com ele vários personagens de quem gostamos muito.

Depois de ter feito de tudo para sair da ilha e para ficar longe dela, construindo uma vida feliz ao lado de Penny, Desmond é levado de volta à ilha porque Charles Widmore quer “fazer alguns testes” – como Desmond é, aparentemente, muito resistente a alguns efeitos eletromagnéticos (sempre soubemos que Desmond é especial, uma variável interessante com quem Daniel conseguiu conversar durante os saltos temporais na ilha, por exemplo), é exatamente dele que Widmore precisa para alguma coisa… então, ele é colocado dentro de uma sala que já matou algumas pessoas antes dele, mas Widmore acredita que o mesmo não acontecerá com Desmond: ele poderá sobreviver. Mas é muito maior do que isso: na verdade, Desmond desmaia por alguns segundos e tem uma visão…

Uma visão de outra vida.

Diferente do que foi feito com os demais personagens, que não têm qualquer conhecimento de suas vidas nos flash sideways, apresentados apenas aos espectadores, Desmond parece ter vivenciado tudo aquilo nos “segundos” que passou desacordado, e a intensidade é muito bem transposta para a narrativa, em uma estrutura um pouco diferente da tradicional, porque temos, na verdade, um grande flash sideway em sequência, que dura a maior parte do episódio, e começa nos apresentando o Desmond na sua saída do aeroporto LA X, dessa vez tendo ele sido um dos passageiros do Oceanic 815. Seu caminho encontra rapidamente o de Hurley, antes de ele ir em busca de sua mala, e o de Claire, enquanto eles estão na esteira, mas as coisas ficam muito mais interessantes depois.

Em uma constante brincadeira irônica com o espectador, acompanhamos Desmond em uma vida na qual ele trabalha para o Sr. Widmore, mas mais do que isso: ele é o seu braço-direito, o homem em quem ele mais confia, e com quem chega a compartilhar um copo da sua bebida mais cara. Mas esse Desmond, que se julga feliz porque “tem tudo o que sempre quis”, é, na verdade, um pouco vazio, porque ele não tem um amor de verdade – e as coisas começam a mudar quando ele é encarregado de tirar Charlie Pace da cadeia (!), depois de ele ter sido preso no Oceanic 815 por posse de drogas, porque a esposa do Sr. Widmore quer que a banda de Charlie se apresente em um evento beneficente ao lado do seu filho. E é muito bom ver a dupla de Charlie e Desmond novamente.

Charlie foi, talvez, o primeiro passageiro do Oceanic 815 a, nessa nova linha temporal, ter flashes de sua outra vida – e ele fala sobre isso para Desmond com tanto fervor e tanta convicção que é praticamente impossível não acreditar nele… embora Desmond não acredite muito em nada. Então, Charlie resolve “mostrar” para ele, puxando o volante e os jogando em um rio, no qual os dois quase morrem afogados. Parece loucura, mas Charlie consegue exatamente o que queria, porque Desmond realmente algo naquele momento. Quando a cena de Charlie se afogando se repete de como o Charlie morreu na terceira temporada de “Lost”, a visão da morte de Charlie retorna à mente de Desmond e, mais tarde, no hospital, Desmond tem uma série de visões.

Desmond ainda encontra o Jack brevemente enquanto está no hospital, mas sua principal missão é conversar com Charlie e entender “o que ele quis lhe mostrar”, e Charlie fala alguma coisa sobre “ter lhe mostrado a verdade” – como se aquela fosse a vida que eles deveriam estar vivendo, não aquela na qual estão agora. As coisas ficam ainda mais interessantes quando Desmond é enviado para falar pessoalmente com Eloise e contar que Drive Shaft não vai poder se apresentar no evento, porque as interações de Desmond e Eloise são sempre interessantes e enigmáticas. É evidente como ela o reconhece quando bate o olho nele, mas interpreta o papel perfeitamente, como se não quisesse contar-lhe muito, porque, aparentemente, “ele ainda não está pronto”.

Mesmo assim, Desmond fica intrigado quando escuta, na lista das pessoas que se apresentariam naquele evento, o nome de “Penny” – que é o mesmo nome que ele vira escrito na mão de Charlie na “visão” que tivera, e que ele associara à mulher em suas memórias enquanto estava no hospital. Quem pode lhe oferecer algumas respostas acaba sendo Daniel – nessa realidade, “Daniel Widmore”, músico e não físico. Ainda que não tenha trilhado o caminho que trilhara em sua outra vida, Daniel acordou um dia e escreveu uma grande equação que só seria capaz de ser escrita por alguém que já tinha estudado física quântica durante toda a sua vida, e ele chegou a uma conclusão parecida à de Charlie, e acredita que ele já estourou uma bomba nuclear… e, a partir de então, mudou tudo.

Pode parecer mirabolante e difícil de acreditar para Desmond, em um primeiro momento – mas ele está cada vez mais mexido com todos esses acontecimentos, informações e memórias de uma vida que ele não viveu… e as coisas quase “entram em foco” quando ele conhece Penny. Interessantíssima a apresentação de Penny nessa outra realidade, porque é uma recriação da cena em que Desmond conheceu Jack, antes da ilha. E, naquele momento, o que Desmond sente por Penny é REAL, e ele sabe que aquilo de que ele pouco se lembra, mas sente, é a sua vida real, e não aquela que está vivendo… tudo é impactante e nos deixa sem fôlego, e agora Desmond quer o manifesto do Oceanic 815 para que possa contatar os outros passageiros e possa “lhes mostrar algo”.

Assim como Charlie lhe mostrou a “verdade”, ele quer que os outros também possam ver e sentir isso que ele acabou de sentir. É uma perfeita combinação entre a linha temporal original e os flash sideways, algo que só é inteiramente possível em um episódio protagonizado por Desmond, e sinto que as coisas podem mudar de agora em diante, e poderemos explorar um pouco mais dessa realidade dividida e o que isso tudo quer dizer – se for mais complexo do que originalmente pensamos. De todo modo, na ilha, Desmond parece convencido o suficiente a ajudar Charles Widmore, mas eu adoro o fato de ele ser enigmático o suficiente para manter o suspense, porque não conseguimos saber e entender exatamente o que Desmond está pensando naquele momento.

Mas sabemos que, como sempre, ele será GRANDIOSO!

 

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