Pornographer | Mood Indigo – Episode 3: Realizing We Had Surpassed Our Limits That Day

Experiências.

EU. ESTOU. SEM AR. Que episódio de tirar o fôlego! Provocante e excitante, “Realizing we had surpassed our limits that day” é o episódio mais quente da série “Pornographer” – e não me refiro apenas a “Mood Indigo”. Conhecemos, recentemente, um Kijima mais reservado, sem grandes experiências sexuais, que se distancia daquele personagem provocante que conhecemos em “The Novelist”, mas podemos assistir à maneira como ele está se aproximando cada vez mais do Kijima que conhecemos, conforme ele vive coisas que o vão moldando. O episódio brinca com o que é profundamente erótico e excitante, ao mesmo tempo em que pincela a narrativa de um tom de melancolia porque sabemos que Kijima está fadado a sofrer nessa história.

No último episódio, o Sr. Gamouda “desafiou” Kijima a fazer sexo oral em Kido ali mesmo, como uma maneira de provar para ele que ele merecia ser seu aprendiz (?), em troca de deixar que a editora de Kido publicasse seu livro. Como comentei extensivamente na minha última review, a situação é problemática e o Sr. Gamouda é uma pessoa perturbada e nojenta – o que quer dizer que a cena do Kijima e Kido só não é mais excitante por causa da presença dele. Se conseguirmos, no entanto, ignorar a presença do Sr. Gamouda, há certa beleza erótica na cena, na maneira como Kijima está disposto a fazer o que for preciso, e na maneira como Kido, todo hesitante inicialmente, se entrega ao prazer inegável que está sentindo – maior do que jamais sentiu na vida.

Ao contrário do que se pode imaginar, “Mood Indigo” não beira o explícito, mas entrega muita verdade em seus ângulos de câmera e nas expressões dos atores – eu realmente acreditei no prazer que Kido estava sentindo enquanto ele era chupado e enquanto gozava. A construção é fascinante, e nos perguntamos justamente como eles vão lidar com isso depois: como eles retornam para a mesma casa, dividindo um mesmo táxi, com tudo o que aconteceu? Parece evidente que só existem duas opções: a) presumir que o que aconteceu foi apenas motivado pelo jogo distorcido do Sr. Gamouda e, portanto, não significou nada, e fingir que nunca aconteceu; ou b) assumir que aquele foi o ponto em que desejos se concretizaram ou despertaram para a vida.

Inicialmente, Kido parece disposto a ignorar tudo… a fingir que não aconteceu e seguir em frente, mas quando Kijima lhe pergunta “como foi”, nenhum dos dois consegue ignorar o prazer e o desejo. Quando Kido puxa Kijima para um abraço, ainda no táxi, sabíamos que o desejo não poderia ser apagado/ignorado simplesmente, e eles também sabiam, conforme se beijam avidamente, conhecendo a sensação da boca do outro na sua, e sobem ao apartamento, porque não conseguem parar. A sequência é profundamente ousada e excitante, tentando equilibrar o que parece tão paradoxal: a urgência do tesão que os torna quase selvagens e a delicadeza da novidade, que faz com que eles anseiem por certa calma não repressora que os permita fazer as coisas do jeito certo.

É impressionante.

O desejo no beijo, a maneira como Kido abre a camisa de Kijima, como se não pudesse esperar nem mais um segundo, como Kijima se entrega porque aquilo é o que quer, mas como também hesita, porque tudo parece quase inesperado, como Kido parece investido e provocante, mas como aguarda por aprovação e consentimento, despertando em Kijima sentimentos e prazeres que ele até então desconhecia… tudo é complexo e grandioso, na verdade, e o fato de que Kijima ainda não se sente pronto é o toque especial de “Mood Indigo”, que ri do espectador e nos promete que “isso ainda vai continuar”. Quando Kijima decide não ir até o fim e Kido entende que “talvez não hoje”, o próprio Kijima se pergunta se isso quer dizer que ele acha que haverá um amanhã.

Depois dessas experiências, Kijima vai à casa do Sr. Gamouda, para ajudá-lo no livro e se tornar seu aprendiz, e embora eu fique alerta e ressabiado em toda cena do Gamouda, ele está, agora, provocando Kijima a se abrir para seus próprios sentimentos, desejos e prazeres: ele não precisa viver tudo o que escreverá em seus livros, isso é do processo criativo de cada escritor de livros pornográficos, mas o desejo que ele coloca nas páginas precisa ser real, porque então a escrita será sincera o suficiente para que atinja o leitor. Se Kijima até então teve “experiências sexuais baunilha”, agora ele é desafiado a olhar para si mesmo e reconhecer o que o excita, o que o empolga, o que lhe dá prazer… o que ele quer fazer com outras pessoas e o que quer que elas façam com ele.

Kijima está se abrindo para uma nova gama de experiências – mas, infelizmente, também sinto que ele está se abrindo para um sofrimento eminente. Até porque já assistimos “The Novelist” e temos uma ideia de como terminará a “relação” de Kijima e Kido. Kijima está se permitindo pensar em Kido e no que quer que ele faça com ele, enquanto experimenta novos métodos de masturbação que não são centrados no pênis, mas, ao mesmo tempo, Kido está querendo seguir em frente com o seu plano de mudar de linha editorial, para que possa se casar e ter filhos, como se estivesse fugindo de sentimentos que o assustam, porque não se encaixam dentro da caixinha que ele conhece. Felizmente, independente do sofrimento que possa estar à frente, gosto de pensar que Kijima terá Kuzumi.

Em algum momento de sua vida, ele terá Kuzumi.

E, se tudo der certo, eles poderão ser felizes juntos.

 

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