Pornographer | Mood Indigo – Finale: Beyond Existence

Escolhas.

“Mood Indigo” chega ao fim com, como não podia ser diferente, um episódio melancólico e um final dividido e inteligente que mostra duas vidas seguindo seus próprios rumos por causa de escolhas que foram feitas no passado, uma mais sincera do que a outra – e eu achei um final bonito, emocionante e digno para essa segunda temporada de “Pornographer”, encerrando a história de Kijima e Kido com dor e beleza, e nos confirmando que Kijima pode, sim, ser feliz, como sugerido ao fim de “The Novelist”, porque agora ele finalmente tem Kuzumi na sua vida: alguém que o ama e que escolhe estar ao seu lado… uma escolha que o Kido, infelizmente, nunca conseguiu fazer, por mais que provavelmente quisesse. E eu realmente acho que, na verdade, ele queria.

“Beyond Existence” começa pouco depois da morte do Sr. Gamouda, enquanto Kijima ainda está lidando com a morte de seu mentor, e é quem cuida de todo o funeral, porque ele não tem parentes vivos além de uma filha com quem ele não falava há muito tempo e morava longe – e, infelizmente, Kijima tem que lidar com comentários maldosos e sem sentido de pessoas que o acusam de “estar em busca da herança” quando, na verdade, o Sr. Gamouda nem tinha muito o que deixar para herdeiros, já que deixara dívidas que precisavam ser pagas com a venda da casa em que ele morava, por exemplo… a única herança deixada mesmo para Kijima foi o último manuscrito do Sr. Gamouda, escrito em sua maioria por ele, com alguma edição e finalização de Kijima.

A conexão de Kijima e Kido durante e depois do funeral do Sr. Gamouda é o fechamento de um ciclo interessante: eles se encontraram no início de “Mood Indigo”, também, depois de um funeral, e agora eles se conectam eternamente depois de outro funeral, quando Kido conta a Kijima que não vai deixar o seu emprego e que desistiu do seu casamento… e, naquele momento, eles se entregam novamente (e pela última vez) ao desejo que sentem um pelo outro, “concluindo” o que iniciaram duas vezes, e embora seja uma cena ousada e excitante, como “Pornographer” sabe oferecer muito bem, também tem um tom de tristeza porque sabemos que, na verdade, aquela é uma despedida para eles… e é mais doloroso porque nós sabemos disso, mas Kijima não sabe.

Kido é covarde. Ele não mente ao dizer que vai continuar em seu emprego e que desistiu de seu casamento, mas, ao dizer isso, ele parece deixar implícito que está escolhendo algo ao lado de Kijima, e é nisso que Kijima acredita quando se entrega ao amor naquele dia, mas Kido não tem coragem o suficiente de se entregar 100% ao Kijima e à vida que, no fundo, ele queria ter. Satisfeito seu desejo, novamente tendo usado o Kijima, Kido se afasta, com medo de assumir o que realmente sente, e segue a sua própria vida, tentando encontrar a felicidade em uma vida que considera “tradicional”, com uma esposa e uma filha, que é como o encontramos depois da passagem de tempo, enquanto, sozinho, Kijima se dedica à escrita e faz um nome como escritor de romances eróticos.

E, assim, o episódio nos conduz novamente para onde “Mood Indigo” começou: naquela conversa de Kido e Kijima no bar, na qual Kijima cita Kuzumi, e naquela viagem de táxi onde Kijima adormece no ombro de Kido e Kido “sente o mesmo desejo que sentira naquela noite”. Dessa vez, no entanto, eles não se entregam a esse desejo. O tempo passou, as coisas mudaram, cada um seguiu em frente com a sua vida… acredito que Kijima sofreu demais, e já vimos como isso reverberou nele em “The Novelist”, mas ele está finalmente se curando, seguindo em frente, e abraçando a felicidade; Kido, por sua vez, talvez vá para sempre sentir-se incompleto, com uma chama queimando dentro dele e que ele sabe que vai arder até o seu último dia de vida, mas que ele abafou e ignorou.

Em parte, eu não vou negar: fico triste por Kido. Mas foi sua escolha e, agora, ele tem que viver com as consequências do que escolheu e do que abriu mão. A conclusão da sequência do táxi é particularmente intensa: Kijima se afasta de um possível beijo, deixando claro o quanto ele está diferente daquele Kijima de anos antes, e parte de Kido não quer deixar que ele vá, mas precisa fazê-lo. Antes de seguir novamente para longe de Kijima, Kido sai do táxi, talvez pensando em chamar por Kijima uma última vez ou algo assim, mas não o faz, enquanto Kijima bate à porta de Kuzumi e Kuzumi a abre para recebê-lo com um abraço, com saudades do homem que ama… há muito pesar nos olhos de Kido assistindo àquilo, talvez pensando na vida que poderia ser dele, se ele não tivesse tanto medo.

Será que ele seria mais feliz?

Ele nunca vai saber.

O episódio nos presenteia, então, com uma sequência rapidinha e simplíssima de Kijima e Kuzumi, mas, ainda assim, é MARAVILHOSO poder vê-los novamente – afinal de contas, embora “Mood Indigo” seja INCRÍVEL (e é!), foi com eles que tudo começou, em “The Novelist”, e eu não consigo não torcer por eles. O “epílogo” de “Mood Indigo” é a confirmação de tudo o que o Finale de “The Novelist” sugeriu: passado o tempo necessário para que Kijima se reencontrasse, ele estaria pronto para engatar um romance sincero e saudável com Kuzumi, e parece que esse momento finalmente chegou… amei ver o Kuzumi abraçar o Kijima, dizer como ele é uma pessoa especial para ele, e o convidando para que eles morem juntos. É um toque de felicidade, no meio de tanta melancolia.

Muito bonito!

 

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Comentários

  1. Meu lindo, seguindo a cronologia, agora veremos o especial Spring Life ou o filme?!

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    1. Spring Life primeiro, mas estou pensando em postar sobre o especial e sobre o filme no mesmo dia :)

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