Todas as Flores – O resgate do Rivaldinho
Rafael banca o herói.
É preciso
ser dito: o “grande plano” da Maíra não pode ser levado a sério. Quer dizer,
ela prometeu uma grande vingança contra a Zoé e um monte de coisas e tudo o que
ela tem feito é comprar crianças do
tráfico humano ela mesma? Infelizmente, depois de um começo até que bem
gostoso, “Todas as Flores” desandou
tanto eventualmente que eu estou achando extremamente cansativo de acompanhar, e só não largo porque estou, nesse
momento, a 15 capítulos do fim – e se eu já cheguei até aqui… mas alguns
personagens foram descaracterizados, a “vingança” prometida pela Maíra nunca
veio, e tem muito personagem de quem eu realmente
não gosto e assistir a “Todas as
Flores” tem sido uma experiência quase torturante (não suporto ver a Judite
ou o Rafael, por exemplo, só para citar dois… mas a lista é grande).
Se eu falei muito mal do Rafael em vários dos meus
últimos textos sobre “Todas as Flores”
(e ele consegue a façanha de ser absolutamente asqueroso mesmo quando está fazendo a coisa certa, porque eu não
suposto aquela arrogância e aquele ar de superioridade dele), eu preciso
comentar um pouquinho sobre a Judite, e uma cena que me irritou profundamente.
Judite é uma personagem meio sem rumo, com textos longos e repetitivos, e uma
péssima mãe… e ela prova isso quando descobre que o Pablo estava tendo um caso
com a Vanessa, por exemplo. Eu não defendo o Pablo, e eu sei que a sua história
com a Vanessa foi toda errada, mas eu acho que a Judite perde a mão e é totalmente
desproporcional o chamando de mau-caráter, de bandido, de “podre”, dizendo que
tem nojo dele.
A cena me
causou uma angústia indescritível, porque me parece descabida.
E é claro
que a Judite termina dizendo que “a Maíra ama o Rafael”, o que é quase o seu
bordão. Dá para entender que não tem cabimento a Judite dizer para o Pablo que
não é para ele se aproximar da Maíra ou fazer qualquer coisa quando ele diz que
quer ajudar a encontrar o Rivaldinho, por exemplo? Como se apenas o Rafael
pudesse fazer isso, mas não o Pablo. A cena é forte e revoltante, e até a
Maíra, que está brava com o Pablo também, o defende, porque a Judite passa dos
limites… mas Maíra tem coisas mais importantes com que se preocupar quando o
Galo descobre a criança que ela e o Pablo devolveram e, depois, descobre que a
Zoé tem uma filha cega e vai matando todas as charadas para entender que a
“Branca” é, na verdade, a Maíra, filha da Zoé…
E quer vingança.
Curiosamente,
Pablo é um dos melhores personagens de “Todas
as Flores” – e, aqui, estou falando sobre escrita mesmo, e não de atuação,
porque eu não sou um grande fã do Caio Castro e acho que ele tende a
interpretar sempre o mesmo personagem…
mas é satisfatório vê-lo contar ao Rafael que o Rivaldinho é filho dele, por
exemplo, ou vê-lo mandar a real para o Rafael quando o Rafael diz que “a Maíra
devia ter contado a verdade”, porque Pablo é o único a dizer para o Rafael como
ele pisou na bola duvidando dela… não que Rafael vá reconhecer seu erro, porque
nem mesmo o texto da novela o reconhece, ainda que o Rafael tenha duvidado da
Maíra desde o primeiro instante,
antes mesmo de ter qualquer evidência contra ela no caso do roubo do perfume.
Pablo conta
para Rafael toda a história do sequestro do Rivaldinho, e Rafael procura a
Maíra para chamá-la de “meu amor”, o que eu acho de uma cara-de-pau tremenda,
mas “Todas as Flores” trata como se
fosse a coisa mais romântica do mundo…
infelizmente, não é um casal pelo qual eu consigo torcer. Ainda temos que ouvir
a Maíra dizer que a culpa também é dela porque “ela se afastou dele”? Gente,
foi ELE quem duvidou dela desde o primeiro momento! De todo modo, agora que
Rafael sabe que Rivaldinho foi levado por Zoé, ele está empenhado em
resgatá-lo, e é uma verdadeira corrida contra o tempo, porque Zoé descobriu
parte do plano de Maíra contra ela e decidiu vender o próprio neto… não há muito tempo antes de Rivaldinho ir
para o exterior.
Vanessa
avisa Rafael a tempo, e então ele parte para resgatar o filho em uma cena que
eu, sinceramente, não consegui levar a sério… até acreditei na conclusão da
cena, depois que a Débora vai embora e Rafael invade o quarto dos estrangeiros
para ameaçá-los e obrigá-los a devolver seu filho, mas tudo o que levou àquele
momento é realmente patético: quer
dizer, o grupo estava inteiro reunido do lado de fora da casa da Débora e ela
realmente não os viu ali quando saiu? Rafael a seguiu por um corredor vazio sem
se dar ao trabalho de se esconder e ela não o viu?! De todo modo, com as
conveniências todas do roteiro, Rafael consegue recuperar o Rivaldinho e
levá-lo de volta para a Maíra. Fico feliz pela Maíra, de verdade, mas o Rafael
se sentindo o herói?
Agora que ele vai querer ser canonizado
mesmo, o “bonzão” superior a todo mundo.
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