American Born Chinese (A Jornada de Jin Wang) 1x02 – A Monkey on a Quest

A voz é o seu poder.

Eu já estou completamente investido em “American Born Chinese”: QUE EPISÓDIO BOM! A jornada de Wei-Chen em busca do Quarto Pergaminho, com o aconselhamento de Guanyin; as dificuldades de Jin Wang tentando ser “um cara normal” e passar despercebido na escola, e tudo o que isso implica; o pai que precisa acreditar mais em si mesmo e usar a sua voz para conseguir o que quer. O potencial da série é gigantesco, os personagens são carismáticos, e a condução é tão boa que os episódios parecem passar voando e nos deixam empolgados pelo que vem a seguir. Continuo me surpreendendo com o tom da série, que tem a sua pitada de aventura e comédia, mas também tem uma densidade que carrega os personagens de história e de bagagem.

Uma pegada dramática muito bem conduzida.

Toda a parte de Jin Wang é complicada. Há quem diga que ele é “um adolescente chato”, mas a verdade é que a história é muito mais complexa que isso. Eu sofro com a maneira como ele quer passar despercebido, como quer levar uma vida que considera “normal”, e as coisas a que ele se submete para conseguir isso, acreditando que não está fazendo nada de errado… e embora eu gostaria que as atitudes dele fossem diferentes, eu realmente consigo entendê-lo e, portanto, não o julgo. Mesmo que ele não esteja certo. Com a confusão começada no episódio passado por causa do meme extremamente ofensivo que criaram dele e que agora viralizou na internet, Jin chama a atenção do Clube de Cultura da escola, liderado por Suzy, que quer fazer algo a respeito.

Surpreendentemente, tudo isso é bastante complexo. Eu não acho que Suzy esteja errada em sua luta, porque o meme é ofensivo e Jin não deveria ficar calado a respeito disso, até porque isso perpetua o bullying e a xenofobia, mas também consigo ver as cenas e achar que Suzy foi um pouco invasiva ao expor Jin daquela maneira na frente de toda a escola e pressioná-lo para que ele “desse uma declaração”. Wei-Chen, por sua vez, acaba fazendo uma declaração em nome do amigo, e é a coisa mais fofa do mundo – Jin Wang pode até não ter gostado, mas a intenção do Wei-Chen foi muito boa e ele não disse nada de errado… é adorável a força e a inocência que Wei-Chen equilibra dentro de si, se tornando, provavelmente, o personagem mais interessante da série.

Quando Greg, o responsável pelo vídeo postado, vem fazer uma proposta ridícula e filha da p*ta para Jin Wang, sabendo que ele vai acabar em problemas, precisamos conter nossa raiva e nossa revolta, e eu fiquei orgulhoso do Jin escolhendo fazer as coisas do jeito certo, a princípio… ele não aceita a proposta absurda de Greg, e vai ele mesmo conversar com o técnico do time de futebol para pedir uma nova chance, e talvez ele a estivesse quase conseguindo, se não fosse pelo estrago que ele e Wei-Chen eventualmente causaram na sala – e, novamente, o Wei-Chen só estava tentando ajudar. Quando Jin Wang vê a sua única oportunidade de conseguir uma vaga no time evaporar com aquele extintor de incêndio, ele acaba interpretando os conselhos da mãe como bem entende…

Típico de adolescente.

Então, Jin Wang faz algo que é desesperador de se assistir: ele sobe na mesa do refeitório para, como Suzy o pressionara a fazer, dar uma declaração a respeito do vídeo seu que está circulando na internet. É TÃO TRISTE que o vídeo o tenha machucado tão claramente e, naquele momento, ele anuncie para a escola toda que não achou ofensivo, e que Greg “é um cara legal”. É mais desesperador ainda porque nós sabemos que, no fundo, Jin Wang sabe que está errado, mas ele está tão afobado para “passar despercebido” e ter a chance de “ter uma vida normal” que ele seria capaz de qualquer coisa, e esse sentimento mesmo dele é angustiante de se acompanhar, então eu me compadeço da sua dor… ele não queria ser o símbolo daquela revolução toda, sabe?

Mas, ao mesmo tempo, ele parece invalidar toda a luta do Clube de Cultura.

Jin Wang é um personagem complexo, e eu não consigo não gostar dele! Existem camadas ali que talvez só quem passou por algo semelhante na vida seja capaz de entender… e é inusitado porque todos que sofreram algum tipo de preconceito na vida, por cor ou orientação sexual, por exemplo, têm algumas coisas em comum. Em algum momento, Jin Wang terá força o suficiente para falar por ele mesmo e para ser sincero com seus sentimentos e com o que ele quer… em algum momento, ele vai estourar essa bolha, vai se impor e vai deixar de fingir que “está tudo bem” quando as pessoas o machucam… mas isso é um processo. E é importante que ele tenha pessoas ao seu redor, como a mãe, que eu acho sensacional (!), ou Wei-Chen, que é o melhor amigo que ele poderia ter.

Como eu disse, Wei-Chen é o melhor personagem de “American Born Chinese”. Além de ele ter uma sequência MARAVILHOSA com Guanyin no início do episódio, em outra dimensão, ele também brilha em todos os momentos em que aparece, seja tentando ajudar Jin Wang ou lhe dando de presente o bonequinho com o bastão que roubara do pai e que o pessoal do seu mundo está vindo procurar… novamente, Wei-Chen é um grande destaque, também, em sequências de ação, que tem sido algo maravilhoso de se acompanhar em “American Born Chinese”. Dessa vez, Wei-Chen enfrenta Pigsy na cozinha da escola, e mais uma vez temos uma sequência de ação extremamente bem coreografada que nos dá vontade de aplaudir… essa série está indo muito bem!

 

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