Lost 6x16 – What They Died For

“We are very close to the end”

É um momento de decisões, de respostas e de preparação para a conclusão de “Lost”. E assim como quando vi a série pela primeira vez, há mais de 10 anos, eu já estou começando a sentir falta. “What They Died For” é o último episódio antes do Series Finale (às vezes dividido em Partes 1 e 2, mas lançado realmente como um único episódio de mais de 100 minutos), e traz o Homem de Preto com um novo plano que coloca em risco a vida de todos, enquanto Jacob se reúne com os candidatos remanescentes para contar tudo o que eles precisam saber e passar adiante o seu trabalho, agora que ele não poderá mais continuar ali, protegendo o coração da ilha… nos flash sideways, Desmond continua qualquer que seja o seu plano de “mostrar a verdade” aos passageiros do Oceanic 815.

Gosto de como toda a sequência de Jacob com os candidatos é razoavelmente simples, passando finalmente a sensação de que não havia muito mais que precisasse ser explicado – ao longo dos episódios e especialmente no último, a sexta temporada de “Lost” respondeu muitas perguntas a respeito da ilha, a natureza de Jacob e toda a ideia dos “candidatos”, e esse é um diálogo breve no qual Jacob vai escolher seu substituto… ou permitir que eles escolham aceitar o trabalho ou não. Com as suas próprias cinzas queimando em uma fogueira (depois que o fogo se extinguir, eles não poderão mais ver Jacob), Jacob reúne Jack, Hurley, Kate e Sawyer disposto a responder às suas perguntas: por que, por exemplo, eles foram levados para lá e por que o nome de Kate está riscado?

Acho que muita gente que reclama de “Lost” e aquela falácia errônea de que “a série não dá respostas” ou a) não prestaram atenção aos episódios; ou b) queriam algo muito maior, mas que não era o que a série prometeu. Eu adoro essa sequência de “What They Died For” porque ela não nega o misticismo de “Lost” (sempre presente), ao mesmo tempo em que é clara e objetiva: existe uma luz e uma fonte de energia a ser protegida no centro da ilha e alguém precisa assumir esse papel na ausência de Jacob. Os “escolhidos” por ele o foram porque eram pessoas cheias de problemas e que se sentiam sozinhas em suas vidas, sempre em busca de algo que nunca encontravam ou encontrariam lá: eles precisavam da ilha tanto quanto a ilha precisava deles.

E é verdade, vimos isso acontecer com esses personagens que ganharam propósitos com tudo o que viveram na ilha – vide o amadurecimento de Jin, por exemplo, durante o tempo que ele e Sun passaram ali! Acho bonita, também, a explicação do porquê de o nome de Kate ter sido riscado da parede: diferente dos outros, ela tinha um propósito agora fora da ilha, já que tinha virado mãe, por isso ela não era necessariamente uma candidata, mas o cargo está à disposição, se ela quiser. Diferente do que esperávamos (o que é ótimo!), Jacob reúne os últimos quatro candidatos para dizer que quer dar a eles o que ele nunca teve: o poder da escolha. Algum deles aceita o trabalho de proteger a ilha? E, como era de se esperar porque ele estava sentindo isso há tempos, Jack o aceita.

Assim, Jack se torna o novo protetor da ilha.

“Lost” sempre foi repleta de simbolismos, e a maneira como muita coisa é resolvida e como muita coisa acontece em uma conversa ao redor da fogueira é uma grande vitória da série para mim, porque mostra o poder desse roteiro, que continua, até hoje, sendo impactante e intimista (talvez nem todos estivessem prontos para “Lost” na época de sua exibição?). Em paralelo, assistimos Miles sair correndo sozinho e sem rumo, tentando fugir do Homem de Preto; Richard ser morto pelo Monstro de Fumaça; Ben fazer de tudo para completar sua vingança contra Charles Widmore, com sucesso; e “John Locke” traçar um novo plano graças a algo que Widmore lhe disse antes de morrer… agora, o Homem de Preto não pretende só sair da ilha, MAS DESTRUÍ-LA.

Ao falar sobre os flash sideways desse episódio, é importantíssimo falar especialmente sobre as cenas de Benjamin Linus. Enquanto nos perguntamos o que está acontecendo com o personagem na sua versão da ilha, vemos nele a capacidade de ser alguém melhor como ele demonstra nessa outra linha do tempo, e se é ótimo vê-lo enfrentar Desmond do lado de fora da escola para defender o Locke (e o Desmond socando a cara dele e, consequentemente, o fazendo se lembrar de sua outra vida), é ainda melhor (e inesperada) aquela sequência que ganhamos do Ben sendo convidado por Alex e Danielle Rousseau para ir jantar na casa delas… é surpreendente como aquela cena é uma das mais bonitas do personagem, e mostram uma possibilidade incrível.

Como eles poderiam ter sido felizes…

Os demais caminhos também continuam se cruzando – o que é uma das melhores características dessa parte do roteiro, porque é legal perceber como aquelas pessoas, que foram tão importantes umas para as outras na ilha, continuam se encontrando, mesmo em uma “outra versão” de suas vidas. Jack desperta com um estranho machucado sangrando no pescoço (são pequenas dicas do que ainda está a ser revelado no episódio final de “Lost” a respeito dos flash sideways), senta-se para tomar café-da-manhã com o filho (que terá um concerto naquela noite) e com Claire, que está passando um tempo na casa deles, e, quando chega ao trabalho, ele é procurado por John Locke, que está finalmente disposto a aceitar o tratamento que ele oferecera para voltar a andar.

Desmond, por sua vez, procura James Ford para se entregar como suspeito de ter atropelado um cara numa cadeira de rodas na frente de uma escola há alguns dias e ter batido em outro professor naquela manhã, tudo para se aproximar de Sayid e de Kate – afinal de contas, ele continua querendo “mostrar a verdade” a todos eles. É quase cômica a maneira confiante como Desmond age nas situações mais bizarras, conquistando a confiança de Sayid e Kate ao oferecer-lhes uma maneira de escapar, com a ajuda de Hurley e a motorista do furgão que os está transferindo, que é a Ana Lucia. Quando a “fuga” é bem-sucedida, nos perguntamos para onde Hurley e Desmond estão pensando em levar Sayid e Kate, mas parece que haverá um concerto naquela noite.

E, assim, nos preparamos para a conclusão.

Chegou a hora de finalizar “Lost”. E que série incrível!

 

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