[Season Finale] Severance (Ruptura) 1x09 – The We We Are
O discurso de Helly R.
Eu não sou
muito de dizer esse tipo de coisa, mas: EU PRECISO URGENTEMENTE DA SEGUNDA
TEMPORADA. Felizmente, “Severance” já
foi renovada para sua segunda temporada, então só precisamos esperar um pouquinho, mas saberemos o desenrolar do
episódio mais eletrizante que a série
já entregou – possivelmente, inclusive, um dos melhores episódios já feitos.
Toda a construção da temporada levou perfeitamente a esse momento repleto de
ação e tensão: toda a construção dos personagens “internos”, os segredos da
Lumon, as motivações para uma rebelião e os instrumentos para fazê-la, a união
dos funcionários e a confecção do plano. Agora,
eles só precisam fazer funcionar e, como o próprio Dylan disse anteriormente,
esse é apenas o primeiro passo.
“What’s for Dinner?”, o episódio
anterior, terminou em um gancho maravilhoso,
justamente no momento em que Dylan consegue colocar em ação o plano e despertar
seus colegas internos na vida de seus
Externos para que eles façam alguma coisa: conversar com alguém em quem
confiam, por exemplo, para que possam ir contra a ruptura e os resgatar. “The We We Are” começa, então, no
momento em que Mark, Helly e Irving são despertados, e todo o episódio é
construído com um suspense crescente porque sabemos que eles estão correndo contra o tempo… e é muito incerto o que cada um deles pode fazer. E cada
momento que mostrava o Dylan lutando para mantê-los acordado aumentava a nossa sensação de angústia
e, sim, de urgência.
Irving é
quem menos consegue fazer alguma coisa
– mas é, certamente, um dos personagens mais promissores para a segunda
temporada. Parece que as informações entre suas versões estão começando a
“vazar”, e o Externo de Irving parece ser alguém que já está investigando a Lumon e toda a questão de ruptura… ele tem
informações muito interessantes escondidas em um baú no seu quarto, o que quer
dizer que ele pode ser um dos pivôs da revolução. Ainda assim, nesse momento,
ele está sozinho em casa, não sabe com quem conversar e em quem confiar, e a
única coisa que consegue pensar em fazer é ir atrás de Burt… ele o encontra, mas descobre que Burt é
casado com outro homem do lado de fora. Angustiante ver o Irving do lado de
fora batendo na porta e chamando seu nome.
Mark, por
sua vez, desperta no meio da festa de lançamento do livro do seu cunhado, e
está lá para uma leitura, por exemplo… o mais angustiante é que, apesar de estar cercado de pessoas em potencial
a quem pode contar tudo, ele parece
não ter tempo de fazer isso, porque é um evento com cronograma, e a irmã está
ocupada com a bebê quase que o tempo todo… como ele vai conseguir falar com
alguém? Gostei muitíssimo da cena em que Mark escuta a leitura do livro, porque
ele está com uma expressão de prazer tão genuíno que é bonito e emocionante de
se ver (!), e ele tem a oportunidade de conversar rapidamente com o cunhado e
falar sobre o quanto o livro dele é bom e, mais: sobre o quanto mudou a sua vida. É um detalhe tão bonito de se
adicionar.
É tenso, no
entanto, ver Mark tão próximo de Harmony Cobel, sem saber que, “do lado de
fora”, ela “se chama” Sra. Selvig – e ela não é nem um pouco burra, sabemos
disso. Ela percebe a maneira como Mark está “diferente”, até porque conhece as suas duas versões, e ela sabe
exatamente como testá-lo, fazendo
perguntas vagas sobre “o que eles estavam conversando antes”, por exemplo, e é
claro que o Mark não sabe do que ela está falando, embora ele tente se esquivar
bem e quase não dá nenhum furo… até o momento em que ele faz o que não devia
ter feito e a chama de “Sra. Cobel”. Naquele
momento, ela tem certeza de que é o Mark Interno. E, embora esteja furiosa
com a sua demissão recente (!), Cobel faz de tudo para avisar a Lumon do que
está acontecendo.
O que quer dizer que Dylan tem pouco tempo.
Felizmente,
Mark consegue conversar com a irmã – o que eu quase temi que não fosse
acontecer, por falta de tempo mesmo, e o episódio nem perde tempo mostrando o
diálogo completo, porque sabemos o que o Interno de Mark tem para contar… ainda
assim, o pouco que vemos é verdadeiramente emocionante,
e é muito legal ver a maneira como ela fala com ele, como se certifica de que
ele está entendendo, porque não sabe
quanto ele entende, e como é um apoio perfeito: ela vai querer fazer alguma
coisa. Além disso, ela tem tempo de contar a Mark algumas coisas a respeito da
vida do seu Externo, como o motivo que o levou a fazer a ruptura… interessante
o momento em que Mark encontra a foto do seu casamento e reconhece a Srta.
Casey.
O seu grito de “SHE’S ALIVE!” é de arrepiar!!!
Por fim,
Helly R. Ou Helena Eagan. Não chega a
ser uma grande surpresa o fato de a
Externa de Helly estar por trás de tudo, o que não quer dizer que o momento da
“revelação” foi menos impactante. É um recurso já usado em outras obras (“Maze Runner”, por exemplo), e “Severance” se deu ao trabalho de dar
pequenas dicas rotineiramente… sabíamos que a Externa de Helly não era uma boa pessoa, tampouco estava
disposta a soltar a sua Interna, e nunca tivemos nenhum tipo de informação a
respeito da vida externa de Helly – personagens como Dylan e Irving tiveram pouquíssimas informações “vazadas” pelo
roteiro, é verdade, mas ainda foram mais que Helly, e o que chamou a atenção de
verdade foi a escassez de cenas dela no episódio anterior, antes de despertar…
Agora, ela
desperta em um evento na própria Lumon.
Afinal de contas, ela é da família fundadora, DOS DONOS DA LUMON, e está ali
para fazer um discurso a favor da ruptura,
ao qual ela submeteu a si mesma como uma “prova” de que aquilo é algo bom… a fantasia
mentirosa que transborda daquele evento é opressora e sufocante: as fotos de
Helly R. como se ela fosse a pessoa mais
feliz do mundo depois da ruptura, e os vídeos com discursos de Helena Eagan
falando sobre os benefícios da mesma. A empresa está em uma luta de promoção do procedimento, agora que
alguém está tentando tornar a ruptura ilegal,
e a Externa de Helly é, ironicamente, o
rosto a favor do que mais faz a sua Interna sofrer… a ironia perversa disso
é surreal.
Talvez,
portanto, Helly R. fosse quem mais tinha chance de fazer alguma coisa… afinal de contas, ela seria colocada na frente
de uma multidão, com um microfone, em um evento que provavelmente está sendo
transmitido ao vivo para todo o mundo. Dylan
só precisa segurar por tempo o suficiente, e não saber se ele conseguiria nos
deixou nervosos o tempo inteiro. Helly tem poucos segundos, é verdade,
antes de Milchick chegar a Dylan, mas ela teria pouco tempo no palco de
qualquer maneira… alguém pula sobre ela
para tirá-la de lá de qualquer maneira, mas ela consegue passar parte de
sua mensagem: ela se identifica como Helly R., a Interna, e fala sobre o quanto
ela é infeliz, sobre os horrores que passa, sobre como eles são torturados lá
embaixo…
Como Dylan disse: é o primeiro passo.
Começou.
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