Star Trek: Strange New Worlds 2x01 – The Broken Circle

“We must steal the Enterprise”

Eu gosto muito de falar sobre como assistir “Star Trek: Strange New Worlds” é sempre um prazer, e como é um imenso presente para os fãs da franquia. Ambientada em uma época na qual Pike era o Capitão da USS Enterprise, anos antes dos eventos de “Star Trek: The Original Series”, temos a oportunidade de nos aprofundarmos em personagens já conhecidos da franquia, como Spock, Uhura e o próprio Kirk (!), enquanto a série explora novos mundos de uma maneira episódica competente: cada episódio é uma verdadeira celebração da franquia como um todo. Em “The Broken Circle”, retornamos ao universo de “Strange New Worlds” e temos a oportunidade de acompanhar um pouquinho mais de Spock – agora atuando como Capitão Interino.

Com a USS Enterprise parada por uns dias para vistoria e manutenção, o Capitão Pike aproveita a oportunidade para uma viagem de três dias em busca de alguém que pode ser a defesa de que Una precisa para retornar para a Federação, depois de ela ter mentido sobre sua espécie e ter sido descoberta na temporada passada, e deixa Spock em seu lugar, com uma “vaga certeza” de que nada vai acontecer. Inusitadamente, isso parece pegar o Spock desprevenido, e ele tem experimentado emoções desde que deixou sua raiva ser liberada – e, como Vulcano, ele não sabe lidar com isso. Ele gostaria de poder trancá-las novamente de alguma maneira, mas já é tarde demais para isso, e vemos “um novo Spock” enquanto ele experimenta estresse, intuição e preocupação.

Preciso dizer que fui pego de surpresa com o Spock sugerindo que eles roubassem a Enterprise, mas eu não poderia ter ficado mais feliz com a narrativa proposta para esse retorno de “Star Trek: Strange New Worlds”. Quando a Enterprise recebe um pedido de socorro que parece estar vindo de La’An, Spock não consegue a autorização necessária para ir até lá, porque isso poderia ameaçar o acordo de paz recentemente selado entre a Federação e os Klingons, mas Spock não pretende deixar uma companheira na mão, então ele se rebela… ou quase isso. Foi incrível ver o Spock liderando “o roubo da Enterprise”, e como ele ganha o apoio de sua tripulação e mais do que isso: a ajuda inesperada da Comandante Pelia, que está tentando ao máximo fugir do tédio.

Assim, eles partem para o Sistema Cajitar.

“I would like the ship to go. Now”

O episódio gira em torno da eminente explosão, novamente, de uma guerra entre a Federação e os Klingons, e La’An, que é realmente a autora do pedido de ajuda, explica para Spock e os demais como existem pessoas interessadas em motivas o recomeço da guerra, por questões de lucro… afinal de contas, o acordo de paz não está sendo lucrativo para quem vendia dilithium para ambos os lados da guerra. Assim, a tripulação da USS Enterprise tem a missão de impedir que uma guerra recomece, o que pode significar destruir eles mesmos uma nave da Federação, que estava sendo usada como parte do plano para simular um ataque aos Klingons e abrir fogo novamente entre as duas frentes… para isso, Spock precisa lidar com as suas próprias emoções e tomar uma decisão.

Para piorar tudo para Spock, a lógica lhe diz que M’Benga e Chapel foram capturados e estão nessa nave que deve ser explodida com um comando seu – só pode ser deles a mensagem codificada enviada para a Enterprise, pedindo expressamente para que eles destruam a outra nave da Federação. Existe muita tensão em toda a sequência, e é MARAVILHOSO ver a maneira como as emoções se comportam em Spock – com Ethan Peck fazendo um trabalho maravilhoso que expressa justamente essa dicotomia entre o lado Vulcano e o lado humano do Spock. Quando ele dá a ordem de destruição e vê a nave explodindo na sua frente, sem saber se M’Benga e Chapel conseguiram se salvar, os seus olhos estão vermelhos e cheios de lágrimas, o que é “incomum para um Vulcano”.

Mas, é claro, Spock não é um Vulcano qualquer – e esse é um dos pontos altos de “Star Trek”, a meu ver. Não tenho certeza do que sinto em relação ao possível envolvimento romântico de Spock e Chapel, mas são cenas fortes a do Spock fazendo de tudo para revivê-la depois do resgate, morrendo de medo de a perder, porque é mais um dos momentos em que percebemos a emoção superar a razão, e é quase como se pudéssemos ver o Spock de verdade naquele momento. Gosto muito da dualidade do personagem de Spock, e adoro ver isso explorado pelo roteiro, e ele tem cenas incríveis com Klingons, no final do episódio, selando um acordo de paz depois de a guerra quase ter explodido novamente… ao que tudo indica, no entanto, isso é só uma questão de tempo.

 

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