Doctor Who (1ª Temporada, 1963) – Arco 001: An Unearthly Child
A primeira aventura.
QUE EVENTO,
HUH?! Quando “Doctor Who” estreou em
23 de novembro de 1963, quem podia imaginar que ela se tornaria esse fenômeno
que continua cheio de vida e história para contar, quase 60 anos depois? Quer
dizer, assistir ao primeiro episódio de “An
Unearthly Child” é um prazer imenso, e reconhecemos ali um primor da
ficção científica dos anos 1960, mas, para continuar existindo por tanto tempo,
“Doctor Who” precisou dedicar-se à
árdua tarefa de equilibrar o que fora previamente estabelecido com a capacidade
de se reinventar… e, assim, tornou-se uma série grandiosa. O primeiríssimo arco
da série foi exibido entre 23 de novembro e 14 de dezembro de 1963, em quatro
episódios, mas o sucesso explodiu mesmo
no arco seguinte, “The Daleks”.
O que mais
me encanta é que, se nós vemos “Doctor
Who” atualmente, e voltamos a 1963 para conferir “An Unearthly Child”, onde tudo começou, nós conseguimos
SENTIR toda a magia de “Doctor Who”. Eu
não acho que esse seja um dos melhores arcos da Série Clássica, mas o PRIMEIRO
EPISÓDIO, aquele com os professores de Susan intrigados com os mistérios da
garota, que parece saber tanto sobre algumas coisas e tão pouco sobre outras, o
episódio do ferro-velho… QUE DELÍCIA DE EPISÓDIO! Tudo já é cativante desde o
começo, e eu gosto muito do Primeiro Doctor, do William Hartnell, ainda que ele
seja um pouquinho macabro prendendo Ian e Barbara na TARDIS e soltando aquelas
risadinhas que são, convenhamos, um pouquinho maldosas.
Mas isso o
torna um excelente Doctor!
Ao assistir,
você sente que o que vemos agora faz
parte da mesma série, independente de qualquer diferença… aquele interior branco
da TARDIS, o seu exterior como uma Cabine de Polícia (embora ela só vá mesmo
travar nesse modelo no segundo episódio do arco, “The Cave of Skulls”), e os SONS. Ah, os sons! Desde a abertura até
a finalização, com os créditos subindo na mesma música que já conhecemos… isso
chega a arrepiar. Passando pelos sons da TARDIS quando viaja… assim como a
cabine de polícia azul, esses são ícones de “Doctor
Who”, definidos no início e respeitados até agora! E facilitam o
reconhecimento, a identidade da série… isso é um amor tremendo por “Doctor Who”, que passa à audiência tão
bem. É uma delícia assistir à gênese de nosso programa favorito!
Tudo começa
com a estranheza com que os professores de Susan, a neta do Doctor, a encaram: “Nothing in this girl makes sense”. E
gosto muito das brincadeiras feitas pelo texto a respeito de sua genialidade
incompreendida, quando ela faz comentários como “Isso está errado!” ao ler o que os livros didáticos falam da
Revolução Francesa, por exemplo… é uma boa introdução ao universo que “Doctor Who” está prestes a nos
apresentar, quando Barbara e Ian vão atrás de Susan em um ferro-velho onde,
supostamente, ela mora com seu avô, um “Doutor”. E a verdade é que Susan SOFRE
em uma escola normal! Amei a parte do professor passando um problema em que A,
B e C eram as três dimensões, e ela dizendo que “isso era impossível”, que não
tinha como resolver sem D e E.
Quarta
dimensão sendo o TEMPO. Quinta dimensão sendo o ESPAÇO.
A cena do
ferro-velho é uma das mais icônicas, certamente. Barbara torce para que Susan
esteja ali com um garoto, porque isso seria “normal”, mas ali eles (e nós
também, pela primeira vez) conhecem o Doctor! E é desconcertante. Um velhinho atrevido, totalmente desafiador,
que diz coisas como “I don’t discuss my
personal life with strangers”, e mantém-se sempre misterioso e reservado.
Amo também a introdução da TARDIS, o momento em que eles a adentram e percebem
que ela é “maior do lado de dentro”, com um desconcerto especial de Ian, que
não acredita que aquilo seja possível. Também é nesse momento que Susan explica
a sigla que, supostamente, ela deu à “nave”: TARDIS – Time and Relative
Dimension in Space, e que eles estão, agora, em uma dimensão DIFERENTE daquela
que pode ser vista do lado de fora.
O que é genial.
O primeiro
episódio apresenta, portanto, Susan, seus professores Ian e Barbara e o Doctor,
além da TARDIS e sua capacidade de “ir a qualquer lugar no tempo e no espaço”.
Gosto de como Ian é totalmente cético, e de como o Doctor lida com isso, com
comentários ácidos como “Your arrogance
is almost as great as your ignorance”, e uma risadinha característica dele
ao prendê-los ali dentro: eles viram a TARDIS, e se ele os deixar sair, eles
vão falar sobre ela por aí, por isso ele não pode permitir que fiquem livres. É
angustiante ver Susan implorando para o avô deixar seus professores partirem,
mas o Doctor ressalta que isso significa que eles teriam que deixar o Século
XX, e Susan tampouco quer isso… mas quando Susan escolhe ficar ela mesma no
Século XX, deixando o avô, o Doctor faz a nave se mover…
É a primeira
viagem, a primeira vez que escutamos seu som…
E começa a
aventura.
O segundo
episódio, “The Cave of Skulls”, nos
mostra o primeiro destino da turma: ÉPOCA DOS HOMENS DAS CAVERNAS, ainda antes
que eles possam fazer fogo… o “anômetro” da TARDIS indica 0, e aqui algumas
coisas são mencionadas pela primeira vez, de modo divertido. Temos Ian chamando
o Doctor de “Doctor Foreman”, por causa do sobrenome de Susan, e ele, todo
confuso, se perguntando: “Doctor who?
What are you talking about?” É a primeira vez que ouvimos as palavras
juntas: DOCTOR WHO. Também temos um prelúdio ao discurso de
timey-wimey-wibbly-wobbly do Décimo Doctor, quando o Primeiro explica: “Time doesn't go round and round in circles.
You can't get on and off whenever you like in the past or the future”. Ian, no entanto, acha isso
tudo bastante difícil de se acreditar.
Até que ele
saia da TARDIS e veja que não está mais no ferro-velho.
Nem em 1963,
tampouco.
O Doctor, um
velhinho atrevido e reservado, que adora provar que está certo (eu gosto do seu
jeito meio ranzinza!), faz Ian FALAR que se pudesse ver e tocar, acreditaria
nisso tudo… então ali está! Ali, também, a TARDIS se fixa no modo de “cabine
telefônica azul da polícia”, quando o Doctor e Susan se perguntam “It's still a police box. Why hasn't it
changed? Dear, dear, how very disturbing”. Acontece que, em termos de
bastidores, sabemos que o circuito camaleão da TARDIS “quebrou” porque eles não
tinham orçamento para ficar fantasiando a TARDIS de diferentes formas a cada
episódio… mas isso é genial e nos deu o maior símbolo da série ATÉ HOJE!
Passada essa parte introdutória, estamos na AÇÃO do episódio, quando o Doctor é
capturado e Susan começa a gritar loucamente…
E, assim… você precisa se acostumar aos gritos de
Susan se quiser ver os arcos com ela.
Ali,
começamos a história do FOGO. A tribo ainda não descobriu como fazê-lo, e
pegaram o Doctor como prisioneiro justamente
por causa de seu cachimbo, dizendo coisas hilárias sobre como “ele pode fazer
fogo com os dedos”, e que “seu interior é todo feito de fogo”. Mas o problema é
grande, porque aquilo tudo vira uma eterna disputa: “I, Kal, brought him here. The creature is mine!”. E o Doctor, sem
novos fósforos, não pode fazer fogo. Ameaçadores, os homens das cavernas
prendem os quatro viajantes do tempo na “Caverna das Caveiras”, onde eles
passam grande parte do próximo episódio, “The
Forest of Fear”. É aqui que temos uma célebre frase do Doctor: “Fear makes companions of us all”, frase
que é dita novamente por Clara Oswald em “Listen”,
episódio de 2014.
Detalhe que
Clara diz isso ao Doctor AINDA CRIANÇA.
Supostamente,
então, o Primeiro Doctor dizendo isso, em 1963, era lembrando da Clara!
Mas enfim… o
terceiro episódio do arco é um episódio de fuga, e um bom episódio que consegue
fazer com que os prisioneiros escapem da caverna e se aventurem pela floresta,
onde conhecemos um Doctor mais cansado, mais velho, e ainda não estávamos nem
perto de conhecer (ou inventar) o conceito de “regeneração”. A cena da floresta
é boa, com Barbara temendo que eles nunca mais possam voltar para casa, e Ian a
abraçando… as tensões são mais evidentes aqui, tudo ainda era muito hostil…
cru, de certa forma. Mas também com mensagens interessantes! Quando Za, um
homem das cavernas, é machucado, Ian o ajuda (enquanto o Doctor mantém-se
distante, sem envolvimento, não concordando com nada daquilo), enquanto, na
caverna, Kal assume a liderança…
É todo um
intricado jogo de poder.
Por fim, chegamos
a “The Firemaker”, a conclusão do
arco em que, mesmo às portas da TARDIS, os quatro são levados de volta à
caverna e feitos prisioneiros. Ali, reconhecemos o Doctor: astuto ao
desmascarar Kal como o assassino de uma pessoa na tribo, e conseguindo, com
Ian, expulsá-lo… a cumplicidade com Ian começa a madurar nesse episódio, já que
eles também trabalham juntos ao tentar convencer Za de que “quem faz o fogo”
não é realmente mais importante que os outros, porque, em sua tribo, todo mundo
pode fazer fogo. Eu gosto de como a visita do Doctor e seus companions permite que, TALVEZ, as
coisas comecem a mudar ali… Hur conta a Za o que aconteceu na Floresta e como o
cara “chamado ‘Friend’” o ajudou, ao invés de matá-lo.
“They are a new tribe. Not like us. Not like Kal”
Mas, também,
mudanças não são gritantes nem tão rápidas… o episódio ainda mantém os quatro
como prisioneiros, mesmo depois que Ian consegue FAZER FOGO, e Za e Kal têm uma
luta intensa até que Za se proclame o líder porque “Kal is dead. I give you fire. I am your leader!” No fim, os quatro
viajantes do tempo não saem porque são liberados, mas porque enganam a tribo
com caveiras cravadas em estacas em chamas, forjando a própria morte,
distraindo os homens das cavernas, e escapando de volta às Montanhas, e de
volta à TARDIS. E ali, de volta na TARDIS, nós começamos uma nova aventura,
provavelmente uma das melhores aventuras do Primeiro Doctor, a primeira vez em
que vemos os DALEKS! Barbara e Ian querem ir embora, mas o Doctor diz que não
pode levá-los, nem que quisesse, porque operar
a TARDIS é difícil e ele não sabe bem como fazê-lo…
Ou pelo
menos é o que ele diz.
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