Hoje é dia de Maria, Primeira Jornada – Episódio 3: Em Busca da Sombra

“Amizade nossa foi curta, mas foi pra sempre, Zé”

Um dos melhores episódios de “Hoje é dia de Maria”. Depois de ter encontrado as crianças carvoeiras cujas sombras foram “compradas” pelo Coisa Ruim, Maria segue a sua jornada, a pedido da Menina Carvoeira que quer que os seus passos sejam algo com o qual ela e as outras crianças possam sonhar, mas encontra, na cidade vizinha, um moço bonito que está interessado em comprar sombras – então, ela sabe de imediato que se trata do Demo, o mesmo que comprou as sombras das crianças e as aprisionou naquela carvoaria para sempre, trabalhando sem parar… por isso, sempre com a sua alma boa e a sua determinação em ajudar os outros, como vimos no episódio anterior, Maria tenta impedir Zé Cangaia de vender a sua sombra de qualquer jeito.

Mas ele também está determinado.

Zé Cangaia é daquelas pessoas que precisa encontrar uma maneira de fazer a próxima refeição, e pode parecer estranho que um homem bonito (adoro ele dizendo que já o viu naquela novela, a “Vale a Pena Ver de Novo” HAHA) esteja se oferecendo para comprar a sua sombra, mas Zé não consegue ver como isso seria um mau negócio: afinal de contas, sua sombra não tem lá tanta utilidade assim, tem? E em troca de um sanduíche cheio de carnes e queijos diferentes, talvez valha a pena perder a sua própria sombra… Maria é uma fofa fazendo de tudo para colocar juízo na cabeça de Zé, mas ele está pensando apenas no seu sanduíche, e Asmodeu está interessadíssimo em fechar negócio e devorar mais uma alma/sombra, então o negócio acaba sendo fechado.

E não demora muito para Zé se arrepender do acordo – e felizmente ele tem Maria ao seu lado. Esse é um dos episódios mais divertidos de “Hoje é dia de Maria”, embora seja o prenúncio de um grande sofrimento e da mudança que está por vir para Maria, quando sua infância lhe for roubada, mas deixa de lado um pouco da tristeza excessiva e da melancolia constante dos episódios anteriores, e existe leveza e sinceridade na amizade de Maria e Zé Cangaia – rápida, como eles mesmos dizem eventualmente, mas verdadeira. Maria faz Zé andar em frente, dizendo que eles vão encontrar o Coisa Ruim e vão recuperar a sua sombra, de todo jeito, e eles acabam, então, em uma encruzilhada onde Maria precisa invocar Asmodeu e, então, negociar com ele.

Curiosamente, ao fazer isso, Maria acaba salvando o pai… enquanto caminha sozinho embaixo do sol em busca de Maria, o pai está destruído, apagado, com preguiça de viver, tomado pelas tristezas, e, por isso, ele parece o alvo perfeito para Asmodeu, que aparece para ele na forma de um senhor que se oferece para ser uma companhia e uma voz amiga – e o Pai está tão distraído e desesperançado que ele nem percebe a estranheza do seu novo companheiro de viagem, nem mesmo quando eles se sentam para beber antes de seguir viagem, e Asmodeu parece excessivamente interessado em sua sombra… ele está prestes a fazer negócio e vender a sombra, como Zé Cangaia fizera, quando Maria termina a sua “invocação” e, então, Asmodeu some do bar na hora.

Toda a cena do primeiro confronto direto de Maria e Asmodeu é MARAVILHOSA. Existe muita graça, força e coragem na pequena Maria, e a sua determinação é admirável, enquanto responde, de queixo erguido, às perguntas que Asmodeu lhe faz, sempre de maneira não só inteligente, mas astuta, saindo-se bem mesmo das perguntas cujas respostas não saberia dizer exatamente – E EU ADORO ISSO EM MARIA! O seu raciocínio rápido lhe garante um desafio à sua escolha, e então Maria e Asmodeu se enfrentam em uma batalha acelerada de repente que é impressionante, e da qual Maria sai vitoriosa, com todo seu carisma e seu pensamento acelerado… e, assim, Maria consegue de volta a sombra de Zé Cangaia, como era a intenção desde sempre.

É um episódio lindíssimo. Divertido e com um quê de leveza quase inusitado para “Hoje é dia de Maria”, “Em Busca da Sombra” entrega para Maria um momento de alegria antes do grande sofrimento. Asmodeu estava de olho em Maria, mas o fato de ela o ter impedido de roubar a sombra de seu pai e, depois, tê-lo obrigado a devolver a sombra de Zé faz com que ele fique determinado a acabar com ela: encurtar seus dias e suas alegrias, é o que ele promete fazer agora, e ele estará em cada passo que Maria der adiante. Sem saber do que lhe aguarda, Maria se despede de Zé Cangaia em uma cena emocionante e cheia de lágrimas, e então segue rumo, cantando e nos encantando com essa beleza lúdica e poética que “Hoje é dia de Maria” tem em cada momento.

Maravilhoso!

 

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