Hoje é dia de Maria, Primeira Jornada – Episódio 5: Os Saltimbancos

Maria descobre o amor romântico.

Um verdadeiro espetáculo! Apresentando três diferentes “possibilidades” de romance, “Os Saltimbancos” é o primeiro episódio inteiramente protagonizado por Letícia Sabatella no papel de Maria, e é lindíssimo. Com o tom constante de poesia e teatro que sempre acompanhou “Hoje é dia de Maria”, a versão adulta de Maria, embora ainda carregada de pureza e bondade, traz à trama um toque romântico e dramático também característico do gênero teatral, com Maria descobrindo sentimentos e sensações, enquanto continua se preocupando com seu pai, de quem não tem notícias há anos, e, eventualmente, Maria resolve colocar novamente o pé na estrada e seguir a sua jornada rumo às franjas do mar – que foi como tudo começou, quando ela fugiu de casa.

Com um toque de “Cinderela”, “Os Saltimbancos” se inicia depois do retorno do Príncipe à casa na qual Maria está trabalhando colhendo trigo, e agora a família oferece um baile no qual o Príncipe escolherá uma moça para se casar. Todos os elementos do clássico conto de fadas estão bem colocados aqui, com a brasilidade característica de “Hoje é dia de Maria”, tornando tudo belo e nosso. Maria também é forçada a trabalhar para a madrasta e a megera de sua filha, e também ganha a ajuda de um desconhecido para ter um vestido bonito para usar no baile, mas precisa ir embora assim que der meia-noite, ou então tudo irá por água abaixo… é tempo o suficiente para que Maria compartilha uma dança com o Príncipe e ele se apaixone por ela e a busque por toda a terra, com um sapatinho perdido.

Gosto muito de como as referências são claras, mas de como Maria difere da Cinderela, até porque o Príncipe não é nenhum “encanto”, no fim das contas. Quando a Madrasta tenta emplacar a história de que o sapatinho pertence a Joaninha, mesmo que ele não entre no seu pé de modo algum, Maria consegue provar que ela é a moça que o usou no baile, e é escolhida para casar-se com o Príncipe – mas, para isso, precisa passar no teste da “cama, mesa e banho”: uma verdadeira exploração na qual Maria está abertamente sendo condenada a ser criada de seu marido para todo o sempre, e certamente não é esse o tipo de vida que ela quer… por isso, ela faz o correto e segue o seu coração, fugindo daquele casamento horroroso bem no meio da cerimônia.

E, então, ela conhece o verdadeiro amor. Seu Amado é parcialmente liberto de uma maldição quando Maria, sentida pela dor do pássaro que a seguiu durante toda a sua vida e que acaba de ser atingido por uma flecha, o salva – e ele se transforma em humano. Adoro a construção desse primeiro encontro, porque o Amado é interpretado por Rodrigo Santoro, um homem claramente muito bonito, que está “preso” em poses e movimentos de pássaro, por causa da forma na qual está preso há tanto tempo… e, por isso, ele não se sente “um homem completo” para ser digno do amor de Maria, mas ela está verdadeiramente encantada por ele, e a sua bondade e seu fascínio o ajudam a caminhar, enquanto eles se tornam cada vez mais próximos e interessados um no outro.

Mas Maria descobre que o seu Amado pode ser humano apenas durante a noite. Assim que o primeiro raio de sol o atinge, ele volta a ser o pássaro que sempre fora, e embora ele estará lá no alto, voando e acompanhando Maria o tempo todo, ele poderá estar na Terra, ao seu lado, apenas durante a noite – e, como Maria diz, as horas da noite são curtas e terminam depressa, enquanto as horas do dia tardam a passar… Maria é, então, “condenada” a uma paixão quase impossível: intensa, quando possível, mas distante dela na maior parte do tempo. É o suficiente, no entanto, para colocar um sorriso no seu rosto, enquanto ela espera pelo próximo momento em que poderá ver o seu Amado, e que eles poderão estar juntos. A segunda noite deles é sensual e linda.

Por fim, Maria descobre uma terceira forma de amor romântico quando se senta para assistir à apresentação de uma companhia teatral andante, e um dos saltimbancos se apaixona por ela no primeiro olhar. Toda a sequência é incrível, uma das melhores do episódio, porque Maria tem um talento impressionante para a arte e para o teatro, e é lindo vê-la interagindo com os saltimbancos e se tornando a parte mais importante do espetáculo rapidamente, inclusive vencendo Quirino em uma espécie de duelo – o que, a meu ver, nos ajuda a associar a Maria de Letícia Sabatella à Maria de Carolina Oliveira, porque Maria sempre foi muito voltada à música, muito esperta e de pensamento rápido, e ela já ganhou uma batalha de repente do próprio Asmodeu, certo?

O que é uma brincadeira com um saltimbanco?

Quirino se apaixona perdidamente por Maria – tanto que a quer em sua companhia para sempre, a convidando a se juntar a eles e seguir viagem… aqui, então, Maria descobre o que é o amor não correspondido: ela pode até gostar de Quirino e se divertir se apresentando ao seu lado, é verdade, mas ele não faz com que seu coração dispare como o seu Amado faz, toda noite, e quando o sol se põe, Maria se coloca a correr até o seu Amado, para que eles possam passar aquelas poucas horas do dia juntos – as horas mais importantes. Ainda assim, Maria aceita o convite de Quirino de se juntar a eles… afinal de contas, ela precisa seguir viagem, e talvez os saltimbancos estejam rumando para as franjas do mar. Mais cedo ou mais tarde, ela espera chegar lá.

 

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