Hoje é dia de Maria, Primeira Jornada – Episódio 4: Maria Perde a Infância
Horas correndo como segundos…
Certamente,
um dos episódios mais icônicos de “Hoje é dia de Maria”. Há algum tempo
que Maria causou a fúria de Asmodeu, desde que “se intrometera em seus
negócios”, fazendo com que o Demo devolvesse a sombra de seu amigo Zé Cangaia,
e agora Asmodeu está em sua cola, pronto para causar-lhe sofrimento e para
roubar dela toda sua alegria e a sua vida – a começar por roubar a sua infância. Maria segue sua jornada, com sua bondade
cheia de vida estampada no rosto e nos passos, sem imaginar o que está à
frente, mas também com coragem o suficiente para enfrentar o que tiver que enfrentar,
mesmo que isso envolva dor e sofrimento, porque Maria é uma garota forte! E,
com “Maria Perde a Infância”,
encerramos a primeira semana de “Hoje é
dia de Maria”.
Maria
percebe que o Demo está por perto quando ele aparece a convidando para uma dança
e ela não tarda em reconhecê-lo, e então mete o pé na estrada novamente.
Aparentemente impedido de fazer mal a Maria, Asmodeu se volta, então, para
alguém que Maria ama e a quem ele pode causar dano e, por conseguinte, também
fazer com que Maria sofra: o Pai. Voltando a aparecer para o Pai de Maria,
dessa vez como o Asmodeu Mágico, o Demo lhe vende a ideia de que Maria foi levada pela correnteza de um
riacho e morreu, o que é sofrimento demais para que o Pai de Maria aguente.
Então, acompanhamos aquele homem já tomado por tristeza e desespero sendo
consumido por algo ainda mais doloroso e
perverso, e ele se aproxima de um precipício…
Ele está
pronto para “largar seu corpo lá de cima”, e isso é exatamente o que Asmodeu
quer que ele faça – e, aqui, ganhamos uma das cenas mais emblemáticas de “Hoje é
dia de Maria”, na qual o Pai hesita no alto do precipício e escuta a voz de
Maria cantando, como uma lembrança dos tempos em que fora feliz. Asmodeu faz de
tudo para converter essa lembrança em algo que o motiva a pular, incitando-o a
pensar em como “a lembrança de dias felizes em um momento de tristeza é ainda
mais dolorosa”, mas o Pai faz o correto, dá um passo para trás, percebendo o
quanto a lembrança, ao contrário do que o Demo dissera, é algo que o motiva, que
lhe dá força… Maria já voltou à vida uma vez, então ela pode voltar novamente,
e ele não vai deixar de procurar por ela.
Uma das
buscas de Maria nesse episódio é a sua chavinha, que ela derruba em uma poça
d’água durante as suas andanças, e que ela espera que uma alma bondosa tenha
encontrado e a guarde para ela, enquanto ela refaz os seus passos em busca da
chavinha perdida, com dor no coração – afinal de contas, a chavinha fora um
presente de sua mãe quando ela era mais nova, e ela lhe dissera que a chavinha
abriria as portas para o tesouro da vida
e dos amores. Agora, a chavinha está desaparecida, e Joaninha é quem a
encontra, mas não a pega – isso, no entanto, faz com que a Madrasta tenha algo
para dizer para o Asmodeu quando ele aparece para ela sedutor em sua forma mais bonita, e Asmodeu acaba roubando de
Maria, também, a chavinha que significa tanto para ela.
Maria,
então, acaba presa em uma armadilha de Asmodeu, na qual ele pretende finalmente
começar a roubar-lhe as coisas, como a sua infância. Fazendo com que as horas
corram como segundos, Asmodeu acelera a vida de Maria para que, de uma hora
para outra, ela se veja adulta e confusa – com sua infância roubada. Aqui, “Hoje é dia de Maria” passa por uma
transformação interessante, quando Carolina Oliveira passa o seu papel adiante
para Letícia Sabatella, que interpreta a versão adulta de Maria, em uma primeira cena emocionante na qual ela vai
até um córrego lavar as mãos sujas de sangue por ter menstruado pela primeira
vez, e encontra a mãe como Nossa Senhora da Conceição, lhe falando sobre as
mudanças pelas quais passou, mas dando-lhe força para seguir em frente.
Essa “nova”
Maria está confusa, está assustada, não sabe o que aconteceu com ela nem como
ser a mulher adulta que agora é, mas a mãe lhe avisa que a menina morreu para os olhos do mundo, mas
continua viva dentro dela – e o que há de ser, será. Encarando essa nova
realidade e seus novos desafios, Maria segue sua jornada, com um pouco de
cantoria que é a cara dela (as músicas de Maria ajudam a dar um tom tão poético
e tão belo a “Hoje é dia de Maria”),
mas também cansada de sabe-se lá quanto tempo que ela passou caminhando sob
esse sol quente… então, ela decide “se aquietar um pouco” e se junta a um grupo
de trabalhadores que estão colhendo milho
em um lugar onde o sol nunca se põe, mas, diferente do País de Sol a Pino, está
preso para sempre em um eterno pôr-do-sol.
Adoro a
beleza do lúdico e as histórias que se contam nessa minissérie. Maria descobre
que a tristeza tomou conta da casa onde ela está trabalhando há alguns anos,
quando o filho jovem e bonito da família desapareceu
– agora, a alegria só poderá voltar a reinar naquele lugar quando o jovem,
chamado Príncipe, estiver de volta… e o seu retorno é uma sequência muito
bonita, acompanhada de ballet e de uma interação mais direta de Maria com o seu pássaro amigo e guardião, aquele que
o acompanha desde a infância, que a protegeu e a resgatou de momentos de
tensão, e que até tentou impedir Asmodeu de roubar a sua chavinha naquela poça
d’água. Brincando com o Pássaro, Maria assiste enquanto o Príncipe volta para
casa e uma celebração se inicia.
Maria também
precisa enfrentar, infelizmente, a dor de um reencontro pelo qual ela jamais
esperou, com a Madrasta e a Joaninha. Mesmo tantos anos depois, o Pai nunca
retornou para casa, porque seguiu sua vida buscando por Maria, e agora a
Madrasta trata Maria como sempre a tratou: com desprezo e com maldade, a
fazendo trabalhar para ela e para a filha. É angustiante ver a Maria chorando
em silêncio e se colocando a cozinhar para as megeras, mas acredito que existe,
ali, uma representação de toda a confusão de Maria, que está tentando entender quem é, depois de todo esse tempo que
perdeu, mas, ao mesmo tempo, continua sendo uma garotinha que, nesse momento,
está assustada. Mas as coisas estão
prestes a mudar de novo para Maria.
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