Star Trek: Strange New Worlds 2x04 – Among the Lotus Eaters

“I’m Erica Ortegas. I fly the ship”

Desesperador. “Among the Lotus Eaters”, o quarto episódio da segunda temporada de “Star Trek: Strange New Worlds”, leva a USS Enterprise até Rigel VII, onde eles precisam consertar um erro do passado e recolher qualquer tecnologia da Federação que tenha ficado para trás, consequentemente quebrando a Primeira Diretriz da Frota Estelar, que não permite que eles interfiram no desenvolvimento natural de novas civilizações. O episódio é um suspense incrível, com um tom filosófico que nos fala sobre memória e sobre como é ela que nos torna quem somos, e ainda traz um destaque a Ortegas, piloto da USS Enterprise, e uma das personagens mais interessantes de “Strange New Worlds”. Como todo episódio da temporada, é realmente incrível!

Ortegas está originalmente muito animada para fazer parte da equipe que vai ao solo… afinal de contas, apesar de amar o seu trabalho, às vezes ela gostaria de fazer alguma coisa diferente. Eventualmente, no entanto, ela acaba tendo que ficar na USS Enterprise, porque precisarão dela lá – e, bem, é ela quem salva a vida de todos os tripulantes no fim das contas, não? Então, quem desce para o solo, não apenas vestidos como os nativos do planeta, mas também sem a tecnologia avançada da Frota Estelar, para evitar novos erros, levando consigo apenas coisas que estejam de acordo com o desenvolvimento atual daquela civilização (!), é o Capitão Pike, La’An e M’Benga, que formam um trio com uma dinâmica interessante e envolvente do início ao fim.

Gosto muito de como é apresentada a trama do episódio, e como é desesperador se colocar no lugar daquelas pessoas enquanto não sabemos exatamente o que está acontecendo. La’An é a primeira a experimentar sintomas estranhos, quando ela escuta um zumbido alto no ouvido e parece “apagar”, tendo perda de memória de períodos inteiros e longos… ela não se lembra da caminhada das últimas 6 horas desde que pousaram no planeta, por exemplo. E, aos poucos, isso vai também afetando os demais, enquanto o Capitão Pike encontra alguém do seu passado: Zac, que o acusa de tê-lo deixado para morrer, quando Pike realmente acreditou que ele estava morto e não havia mais nada que pudesse ser feito… e Zac, naquele planeta, quebrou totalmente a Primeira Diretriz.

A trama toda de perda de memória é brilhantemente construída de uma forma quase sufocante. Os sintomas discretos e pequenos lapsos se tornam cada vez maiores até que eles não saibam mais quem são… nem quem o outro é. É muito bizarro ver a identidade deles sendo apagada conforme eles passam uma noite de “esquecimento” presos dentro de jaulas, e despertam sendo forçados a se integrar ao planeta, sem qualquer memória de quem são de verdade… mas com a sensação clara de que alguma coisa está errada e que não pode ser certo eles diariamente se esquecerem de quem são e de tudo o que fazem. Eles querem suas memórias de volta. Afinal de contas, não é isso o que nos torna quem somos, no fim das contas? Todas as coisas que vivemos?

Toda a condução em solo é incrível, com direito a uma revolta que é típica dessa tripulação da USS Enterprise, e o M’Benga seguindo seus instintos quando La’An é atingida e precisa de cuidados urgentemente… e esse é o gatilho para que Pike decida, de uma vez por todas, “ir atrás de suas memórias”: afinal de contas, M’Benga sente que saberia como salvar a vida de sua companheira se ele tivesse todas as suas memórias. Ele pode, então, ficar parado e esperar que ela morra e que eles não se lembrem dela no dia seguinte, como os nativos do planeta parecem achar tão normal? Pike escuta, então, uma história a respeito de uma suposta “caixa” que contém as memórias deles no palácio, e é justamente para lá que ele planeja ir, para pegar o que é seu.

Em paralelo, acompanhamos também a USS Enterprise sofrendo dos mesmos sintomas – talvez um pouco mais lentamente, mas é tão desesperador quanto. Uhura é a primeira a apresentar um lapso de memória de aproximadamente 2 horas, mas logo isso se espalha por toda a tripulação, até que quase ninguém na Enterprise saiba ao menos quem é, o que está fazendo ou o que deve fazer… o momento em que Ortegas e Spock perdem suas memórias é o momento em tudo finalmente parece perdido. Foi muito bom acompanhar essa trama na Enterprise do ponto de vista de Eric Ortegas, e foi lindo vê-la dizendo a si mesma que era ela quem pilotava aquela nave, contando com os seus instintos para salvá-los quando asteroides estão atingindo a nave.

Ortegas é um ícone. Eles de fato precisavam dela lá.

A conclusão do episódio rende ótimos momentos – e, quem sabe, uma reta final um pouco rápida demais, mais narrada do que de fato vista. Ainda assim, temos um ótimo embate de Pike e Zac, conforme acompanhamos as memórias de Pike retornando graças ao palácio ao seu redor, cujo material o protege, ali dentro, da radiação que causa a perda de memória, e vemos, também, um nativo do planeta recuperando suas memórias e entendendo que estava errado, e que todos têm o direito de saber quem são… e o que perderam. É um episódio extremamente emotivo, no fim das contas, e traz ótimos momentos para todos os personagens que o protagonizaram, com “Star Trek: Strange New Worlds” mostrando, mais uma vez, como sabe ser incrível.

 

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