Amazing Stories 1x02 – The Heat

Uma segunda chance.

Protagonizado por Hailey Kilgore e Emyri Crutchfield, “The Heat” é o segundo episódio de “Amazing Stories”, e é uma narrativa bonita e emocionante sobre a amizade e o amor separados por uma tragédia… e acabou me dividindo um pouco. Devo dizer que, como um todo, o episódio me encantou: acho interessantes essas histórias sobre almas que continuam por perto para “resolver algo antes de seguir para a luz” ou algo assim, e a história de Sterling e Tuka me cativou e me comoveu. A minha divisão, de fato, está no fato de que tudo foi construído de maneira muito intensa e concluído, antes de sofrer uma espécie de reboot que me deixa feliz por ter sido um final feliz e elas poderem viverem o amor delas e tudo o mais… mas também me entristece porque parece covardia do roteiro.

Conhecemos Tuka e Ster correndo pelas ruas da cidade em um treinamento ininterrupto para uma competição importante que está chegando e que pode garantir uma vaga para a faculdade, e então as coisas dão terrivelmente errado quando Tuka é atropelada saindo mais cedo de um racha, e a vida de ambas é mudada para sempre… eu gosto muito de como “Amazing Stories”, sendo uma antologia, pode explorar diferentes gêneros a cada episódio. Se “The Cellar” trouxe uma vibe de ficção científica atrelada ao romance, “The Heat” trouxe um drama pesado que entregou cenas fortíssimas… toda a cena da Tuka descobrindo que estava morta e presenciando o seu velório, ouvindo o discurso de Sterling e vendo o próprio corpo no caixão? Aquilo é sufocante.

A história não traz grandes inovações, é verdade, mas é competente ao contar sua história – e, de certa maneira, escapar do óbvio quando a missão de Tuka que a deixou presa à Terra não tem a ver com conseguir justiça e prender o homem que a matou. Na verdade, a missão de Tuka é ajudar Ster a seguir em frente… e talvez não seja realmente a ajudando a encontrar o responsável por matar Tuka, mas a ajudando a vencer aquela competição para a qual elas estavam treinando juntas. E ajuda quando Tuka descobre que ela consegue se comunicar com Ster quando ambas estão correndo – afinal de contas, isso é algo que elas sempre compartilharam, então é uma escolha convincente e simbólica do roteiro, da qual eu gostei bastante.

O drama do episódio é brilhantemente construído. Há muita tensão em todo o treinamento, em toda a interação limitada delas, e quando Ster é agredida pelos caras que mataram Tuka, cuja identidade ela descobrira, nos perguntamos se ela conseguirá correr, no fim das contas… por isso, o suspense da sequência da corrida é angustiante, e eu assisti à cena toda com a mão na boca, apreensivo, até suando um pouquinho… e as coisas não saem exatamente como Tuka ou Ster esperavam e, surpreendentemente, isso entrega a cena mais emotiva do episódio, quando Tuka entende o que realmente a prendeu ali: ela e Ster precisam falar sobre o que sentem e reconhecer uma à outra. Lindíssima e emotiva a declaração de Sterling e a Tuka dizendo que também a ama, sem ser ouvida…

E quando elas se veem por alguns segundos, Tuka está pronta para seguir em frente.

Mas é exatamente isso o que ela quer agora?

Quer dizer, ela acabou de descobrir que Ster é apaixonada por ela como ela também é apaixonada por Ster, e elas nunca vão poder viver isso? Então, no momento mais emotivo e mais dramático do episódio, quando a alma de Tuka está finalmente sendo iluminada e pronta para seguir em frente, o tempo regressa para o momento em que ela é atropelada e ela ganha uma segunda chance… o atropelamento, no fim das contas, não tem consequências tão graves, e Tuka retorna sabendo dos sentimentos de Ster e disposta a não perder mais nenhum segundo do que elas podem viver juntas. Tudo o que aconteceu, aconteceu de fato, ou então ela não teria todo esse conhecimento para mudar as coisas de agora em diante… para Ster, o trauma nem existe.

Como eu disse, é uma conclusão que me divide. Geralmente, eu não gosto muito de histórias em que, no fim das contas, tudo foi um sonho, um aviso ou qualquer coisa assim, e parece o que acontece em “The Heat”. Apesar de ter sido real para Tuka, é como se esse período todo fosse “apagado” quando ela ganha uma segunda chance, e mesmo que não tenha sido um sonho ou uma premonição, os efeitos narrativos são os mesmos, de todo modo, e parece diminuir o impacto do que foi construído até ali. Ainda assim, talvez eu esteja sendo hipócrita no fim das contas, porque “Click” é um filme que eu amo profundamente e o protagonista também ganha uma segunda chance no fim das contas, não? Então, vou apenas curtir o fato de Ster e Tuka poderem ter seu “felizes para sempre”.

 

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