[Season Finale] Heartstopper 2x08 – Perfect
“I love your hair. I love your eyes. I love…”
Um último
episódio emocionante para uma temporada incrível, sincera, inteligente,
representativa… não canso de me falar da grandiosidade e da importância de “Heartstopper”, e como eu fico feliz que
uma série como essa esteja sendo feita, conversando com tantos jovens que
precisam e merecem saber que eles não
estão sozinhos – que nós não
estamos sozinhos. “Heartstopper” é
uma das minhas produções LGBTQIA+ favoritas, porque eu sinto que ela consegue
passar sua mensagem, consegue levantar e discutir assuntos sérios e presentes
em nossas vidas com sensibilidade, e ainda fazer com que a audiência se sinta
acolhida… e tudo contribui para o sucesso dessa produção: o roteiro, a direção,
a fotografia e bonita entrega desses atores.
Sinto que eu
preciso dizer, novamente, o quanto Kit Connor e Joe Locke foram a escolha perfeita para interpretar Nick
e Charlie, respectivamente. Além de eles parecerem ter saltado diretamente das
páginas da história de Alice Oseman, Kit e Joe compreendem os seus personagens
como ninguém, caminhando com destreza por entre a variedade de emoções que eles
conhecem e enfrentam… dos momentos mais doces e fofos aos momentos mais tensos
e sérios – sempre com cuidado, com verdade e com beleza. E isso se estende, é
claro, ao restante do grupo formado por William Gao, Yasmin Finney, Corinna
Brown, Kizzy Edgell e Tobie Donovan, todos com momentos incríveis nesse Season
Finale. Esse episódio é, como o título sugere, perfeito.
Tao e Elle
foram uma grande parte dessa segunda
temporada de “Heartstopper”, e eu
fico muito feliz por eles estarem tão bem. Nesse último episódio, Tao pede
Elle em namoro de um jeito simples, mas lindo, talvez mostrando que nem sempre precisa
ser algo grandioso e fora do comum… o que
importa é o sentimento. O Tao indo buscar a Elle para o baile, os dois
dançando no meio da pista de dança (COMO EU AMO O TAO DANÇANDO! Sempre dou boas
risadas!) e a Elle contando que quer ir para a Escola de Arte foram momentos
lindos… bem como o Tao contando para o Nick sobre a morte do pai quando ele
tinha 12 anos, explicando um pouquinho do porquê é tão difícil para ele pensar
em Elle “indo embora”, relembrando o seu medo de ficar sozinho.
Darcy, por
sua vez, teve uma cena angustiante no fim do episódio passado, quando ela e a
mãe tiveram uma discussão por causa da roupa que ela queria usar para o baile,
e vamos entendendo como essa Darcy que conhecemos, essa Darcy que a Tara acha
tão “confiante”, é apenas um mecanismo de defesa dela, vivendo em uma família
conservadora que não a entende e que talvez nunca a entenderá… é extremamente
sofrido não saber o paradeiro de Darcy
durante a maior parte do episódio, e eu fiquei verdadeiramente apreensivo
quando a Tara apareceu na porta da casa dela, mas o episódio nos presenteia com
uma conversa linda de Tara e Darcy na casa do Nick, e a declaração de amor mais
linda que nós poderíamos ter ganhado… eu
as amo demais.
Nick e
Charlie, por sua vez, seguem mais apaixonados que nunca, vivendo como o casal perfeito. A segunda temporada
foi uma jornada bonita e importante de Nick, conforme ele tornava sua
bissexualidade pública… não era sua obrigação, ele não devia nada a ninguém,
mas nós sentimos essa necessidade porque, na sociedade em que vivemos, quando
não falamos sobre a nossa sexualidade, somos vistos como heterossexuais – e, no nosso próprio tempo, queremos que as pessoas
saibam a verdade, para não sentirmos que estamos “nos escondendo”. Nick só
queria o privilégio de andar de mãos dadas com o seu namorado e ir ao baile,
algo que qualquer casal hétero tem desde sempre. É emocionante pensar em tudo o
que Nick passou, enfrentou e onde chegou.
Ele postando
a foto dele e Charlie no Insta com a legenda “Boyfriends <3 (I’m bi,
actually)”.
QUE
PERFEIÇÃO!
Nick e
Charlie estavam absolutamente lindos e incríveis arrumados para o baile… e eu
ADORO a sensação que eles me causam, porque é como se uma felicidade genuína
tomasse conta de mim ao vê-los bem, e eu sorri feito um bobo com toda a cena
dos dois revelando o visual para o baile um para o outro, por exemplo, com o
Charlie com medo de estar “ridículo” e o Nick dizendo que “sempre o acha lindo”
e coisas assim. Eles podem ser mais
fofos?! Eu os invejo um pouco por poderem estar vivendo essa fase da vida
dessa maneira, sendo eles mesmos, quando na maior parte do tempo eu me vejo
mais no Sr. Farouk… que, por sinal, ganha uma cena fofíssima com o Sr. Ajayi,
quando ele é chamado para o baile. O
sorriso contido dele com o “Próxima vez?” me derreteu todo.
No fim das
contas, o baile não é o grande evento do episódio – não realmente. Afinal de
contas, Nick e Charlie acabam com vontade de ir para casa, e nada poderia ser mais perfeito do que aquela noite
em casa com os amigos… esse grupo formado por Nick, Charlie, Tara, Darcy, Tao,
Elle e Isaac é, como eu comentei lá no
início da temporada, quando eles tiveram uma “festa do pijama”, é a coisa
mais preciosa que qualquer pessoa pode ter. Eles são uma família. E eu fico
parcialmente tranquilo em saber que, se a mãe de Darcy nunca a aceitar e ela
precisar sair de casa, ela certamente terá o apoio de alguém naquele grupo,
como a mãe do Nick, que é uma pessoa incrível… e essa é a família de verdade, muito mais importante que
qualquer laço de sangue.
Por fim, a
cena mais emocionante desse último
episódio fica a cargo de Nick e Charlie naquela conversa no quarto de Nick,
quando Nick pede que Charlie conte para ele sobre o bullying e como ele está de
verdade, sem precisar dizer que “está tudo bem” e que “está tudo perfeito”
porque ele quer que esteja tudo
perfeito. Às vezes eu sinto que os quadrinhos colocam muito o Nick sendo o
porto-seguro de Charlie, sempre preocupado com ele e sempre ao seu lado, e
embora isso seja verdade (!), também é necessário que se valorize o fato de o
Charlie fazer o mesmo por Nick… a relação deles é baseada em companheirismo,
carinho, preocupação mútua, e isso é muito bonito. Acho lindo o Nick dizer para o Charlie que Charlie esteve segurando sua
mão durante tudo que ele passou nos últimos meses.
E, então,
Charlie se abre e é uma cena impactante – parece um soco no estômago. Tivemos um vislumbre de como o bullying afetou o Charlie quando ele
enfrentou o Ben no episódio passado ou quando ele passou mal por não comer, mas
é aqui que Charlie coloca tudo em palavras, e é muito forte. Ele fala sobre
como ele foi tirado do armário, sobre como ficou surpreso com o tanto de
pessoas homofóbicas que existem, porque achou que as coisas estavam melhor,
sobre como as pessoas disseram coisas horríveis a ele e ele começou a acreditar
nelas, sobre como ele chegou a se odiar e como ele se cortava às vezes… sobre
como ele não quer que Nick o veja como alguém frágil e que precisa de cuidados
constantes. Tudo isso é tão real quanto poderia ser.
E Nick
abraça Charlie… Nick pede que ele lhe conte tudo, que ele o avise se voltar a
se sentir tão mal a esse ponto, e existe tanta sinceridade nas palavras de
ambos, tanto amor e cuidado na maneira como eles se abraçam prolongadamente
ali. Tanto Joe Locke quanto Kit Connor entregaram uma atuação IMPECÁVEL na cena
toda, transmitindo toda a verdade e a dor dos sentimentos de seus personagens,
nas palavras, nas expressões, na voz, nos olhos cheios de lágrimas… pela
terceira vez na temporada, se eu não estiver contando errado, eu chorei, e
chorei de verdade mais uma vez. Nick abraça Charlie enquanto “Heartstopper” está abraçando qualquer
um de sua audiência que por ventura tenha passado por algo similar ao que
Charlie passou.
É uma
conclusão lindíssima… em parte triste, sim, mas também sincera e realista, e
termina com um tom de esperança, uma declaração linda, o Charlie querendo dizer
“Eu te amo” pela primeira vez (um plot
importante do Volume 4, por sinal). “Heartstopper”
é uma série e tanto. E eu preciso rapidamente desabafar sobre como alguns
comentários sobre a série na internet me
incomodam, quando eles a acusam de ser “irreal”, “fantasiosa” ou de “dar a
falsa impressão de que o mundo é um lugar acolhedor”. O arco de Darcy, o bullying que Charlie sofreu e os
transtornos mentais oriundos desse, o irmão de Nick e tantos outros elementos
provam que essas pessoas não entenderam
o que a série está dizendo. A conversa final de Nick e Charlie é justamente sobre como as coisas podem
ser bem ruins no mundo em que vivemos…
Mas, se
tivermos sorte, encontraremos um lugar onde seremos acolhidos.
“Heartstopper” é, sim, muito realista
quando ela precisa ser. Não se pode “acusá-la” de ser “fantasiosa” quando temos
milhares de filmes e séries de comédias românticas hétero que são tudo menos realistas – e está tudo bem! A
ficção também serve para isso, para nos ajudar a “escapar” por um tempo do
mundo em que vivemos. Mas o fato de “Heartstopper”
ter o seu romance, a sua cor e a sua felicidade não a impedem de ser, também,
séria, realista e levantar discussões e tocar em feridas que talvez só entendam
de fato as pessoas que passam ou passaram por isso. Tenho certeza de que as
pessoas que foram tocadas por “Heartstopper”
e que tiveram forças para serem elas mesmas graças à série vão entender que
esse impacto é real…
E é isso o que importa.
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