Star Trek: Strange New Worlds 2x08 – Under the Cloak of War
“I am the
Butcher of J’Gal”
É
impressionante o que se pode fazer em uma produção como “Star Trek: Strange New Worlds”, em um universo riquíssimo e com
uma variedade tão grande de personagens que compartilham o protagonismo,
permitindo que o roteiro brinque com diferentes tipos de história e diferentes
gêneros. Se “Those Old Scientists”,
o episódio anterior, foi extremamente divertido (um crossover com “Star Trek:
Lower Decks”, trazendo Boimbler e Mariner para uma versão live-action de seus personagens), “Under the Cloak of War” é muito mais
dramático, trazendo a ação em flashbacks
e os traumas que foram deixados pela Guerra Klingon. Isso porque a USS
Enterprise recebe o Embaixador Rah, um General Klingon que supostamente
desertou e se juntou à Federação.
O clima na
USS Enterprise é pesado durante todo o episódio. Não é um dos meus episódios
favoritos na temporada, porque eu não sou lá um grande fã das histórias com
Klingons, mas eu não nego a grandiosidade do episódio, que tem uma carga
dramática intensa e muito bem-desenvolvida através de personagens que,
diferente do Capitão Pike, viveram literalmente a Guerra – e, portanto, não é
fácil ignorar a presença do
Embaixador Rah na Enterprise e fingir que ainda não dói toda a dor que ele
causou… Ortegas tem uma atitude marcante e um confronto com Uhura e uma pequena
explosão durante um jantar, mas é Chapel e M’Benga quem de fato sofre mais
marcadamente, porque eles serviram justamente no lugar onde Rah estava…
Assim, “Under the Cloak of War” retorna a uma
série de flashbacks que começam no
momento em que Chapel chega para trabalhar como enfermeira na Guerra… todos os flashbacks são muito bem construídos
para gerar toda a tensão e angústia causada pela destruição da Guerra: todas as
mortes de pessoas inocentes que são fruto de ordens dadas diretamente por Rah –
ou mortes desencadeadas de suas próprias mãos. É desesperador, de uma maneira
quase sufocante, acompanhar às cenas de Christine Chapel e Joseph M’Benga
durante a guerra, enquanto eles lutavam para salvar algumas vidas, mas mais e
mais vidas eram tiradas de maneira brutal e impiedosa o tempo todo. E esse sentimento é importante para guiar os seus
movimentos no presente.
Por mais que
o Capitão Pike acredite que é possível, aparentemente, M’Benga e Chapel sabem
que não podem simplesmente “esquecer tudo o que Rah e os Klingons fizeram”,
como se nada tivesse acontecido – ou como se o fato de ele ter se juntado à
Federação e fazer “Conferências de Paz” fosse o suficiente para que eles não o
vissem mais como o assassino de antes… afinal
de contas, eles estiveram lá. Por isso, forçá-los a reviver esse trauma em um jantar oferecido a Rah é realmente maldoso e insensível, e M’Benga é coagido a aceitar treinar com Rah… e Rah está muito interessado em tê-lo como seu
“aliado”, sabendo que ele e M’Benga juntos passariam uma grande mensagem de que
ele está realmente em busca de paz, ao contrário de outros Klingons, ou algo
assim.
O episódio é
construído como um crescente de tensão, intercalando flashbacks da época da Guerra Klingon com o crescente desconforto
na USS Enterprise, percebido, inclusive, por Una, que tenta “diminuir” a rota
da nave para levar Rah a seu destino o
mais rápido possível, porque sabe que não pode seguir submetendo a
tripulação àquela situação. Com a redução da viagem, no entanto, Rah resolve
procurar M’Benga e o “pressionar” por uma parceria, e é então que o episódio
traz algumas surpresas e uma conclusão impactante
para toda essa situação. Primeiro, descobrimos que Rah sempre mentiu sobre “ter
matado três Generais Klingons na guerra”, e que assume esses assassinatos como
uma forma de convencer a todos de que está do lado da Federação…
Mas o responsável pelas mortes foi o próprio
M’Benga.
A construção
do personagem do M’Benga nesse episódio foi EXCEPCIONAL. Conseguimos ver a sua
angústia crescente durante todo o episódio, e temos cenas fortíssimas como
aquela em que ele vai tomar um banho depois de lutar contra Rah e as memórias
da guerra e da morte o atormentam… quando Rah o procura novamente, e toda a
verdade vem à tona porque M’Benga não consegue continuar escondendo que foi ele quem matou os três Generais Klingons
cujas mortes Rah atribui a si mesmo, a tensão é tão grande que podemos quase
prever o que vem a seguir… e M’Benga
termina o trabalho que queria ter terminado há tantos anos, mas não encontrou
Rah: e o mata. E a sua versão de como aconteceu as coisas, apoiada por
Chapel, é perfeitamente convincente.
É um
episódio complexo, tenso e que nos deixa pensativos.
Boa abordagem trazer os traumas da guerra
para a tripulação da USS Enterprise.
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