Doctor Who (2ª Temporada, 1965) – Arco 011: The Rescue

“My dear, why don’t you come with us?”

Escrito por David Whitaker e dirigido por Christopher Barry, “The Rescue” é o terceiro arco da segunda temporada de “Doctor Who” e foi exibido originalmente nos dias 02 e 09 de janeiro de 1965, em duas partes. “The Rescue” é uma das histórias mais importantes da temporada porque, com a saída recente de Susan (que escolheu ficar para trás na Terra do Século XXII, com David, depois de a resistência humana ter finalmente se livrado de uma invasão dos Daleks), é hora de conhecer uma nova companion: e Vicki, uma garota humana de 2493 presa em um planeta alienígena, é a primeira nova tripulante da TARDIS na história de “Doctor Who”. Temos uma história ágil, interessante e com um quê de “Scooby-Doo”, então eu só posso dizer que eu amei.

A TARDIS se materializa em Dido, um lugar em que o Doctor já esteve antes e onde conhecemos Vicki e Bennett, dois humanos que estão esperando uma nave de resgate que deve chegar nas próximas 69 horas. Com a despedida de Susan no episódio anterior, eu gosto de como não se ignora isso nesse episódio, com aquele momento doloroso em que, pela força do hábito, o Doctor pede que Susan abra as portas depois de a TARDIS se materializar – e Barbara, bastante sensível, pede que ele a ensine como fazer isso… a conversa de Barbara e Ian sobre como não é fácil para o Doctor e como não podem esperar que ele supere de uma hora para outra é muito boa, e mantém vivo esse respeito por Susan que, afinal de contas, foi a primeira companion de “Doctor Who”.

O episódio é envolto em um tom de mistério graças à discrepância do que Bennett conta sobre os nativos de Dido e o que o Doctor sabe sobre eles por causa de sua última visita… quando Barbara e Ian saem para explorar, eles conhecem Koquilion, um nativo com uma aparência um tanto assustadora, que empurra Bárbara de um pequeno penhasco e faz com que pedras caiam obstruindo a caverna dentro da qual a TARDIS pousou, com Ian e o Doctor presos do lado de dentro… eles não parecem tão amigáveis quanto o povo que o Doctor está tão animado em encontrar novamente, mas o Doctor parece desconfiado desde o primeiro momento: sim, o povo de Dido pode ter mudado, mas o que os faria mudar tão drasticamente, se viviam baseados na paz e na amizade?!

Tudo é muito suspeito… e desconfiamos de Bennett desde o primeiro momento. É muito estranho que ele seja o único a conversar com o tal Koquilion, e ele não parece muito satisfeito quando Vicki revela que resgatou uma das tripulantes da “nave” que pousou nas montanhas: Barbara. Além disso, a história de Vicki é propositalmente cheia de lacunas que nos mostram que ela não viu tudo o que aconteceu, porque estava doente quando eles caíram em Dido, então ela acredita na história que Bennett contou para ela – mas se todo o restante da tripulação da nave deles está morto, quem poderia desmentir Bennett?! Por isso é essencial que o Doctor encontre uma maneira de sair daquela caverna com Ian, porque Barbara e Vicki precisarão de ajuda.

Gosto de como a relação de Barbara e Vicki se constrói – não às mil maravilhas, mas de maneira intensa. Primeiro, Vicki confia a Barbara a sua história, mas Vicki fica triste e brava quando Barbara atira em Sandy, um animal que parece assustador, mas que, na verdade, é um amigo de Vicki que ela ensinou a vir pedir comida regularmente… eventualmente, o Doctor precisa convencê-la de que Barbara não fez por mal, e agiu pensando na sua segurança. Vicki é uma personagem interessante, e uma boa “substituta” para Susan, porque elas são parecidas, mas talvez Vicki não grite tanto… é intenso o momento em que Vicki os manda ir embora, dizendo que eles não entendem, que o resgate está vindo e que tudo “estava bem antes de eles chegarem”…

Mas, na verdade, ela não quer dizer nada daquilo…

Ela só não está mais habituada a confiar em outras pessoas.

Portanto, a conversa que o Doctor tem com Vicki se torna ainda mais bacana de se assistir! Ele conversa com ela mais ou menos como conversava com Susan, parecendo assumir a posição de “avô” de Vicki, de alguma maneira, e ele tem algumas palavras sábias para oferecer, como quando a faz entender as ações de Barbara, e eventualmente Vicki pede desculpas a ela, e recebe um pedido de desculpas também… então, o clima se alivia, e eu ADOREI a dinâmica de Vicki com Barbara e Ian, especialmente enquanto eles conversavam sobre ser da Terra, Vicki de 2493, Barbara e Ian de 1963, e eles contam sobre como a nave deles é uma máquina do tempo, e como o Doctor é um viajante… e Vicki fala sobre como gosta do Doctor e como “sentiu que podia confiar nele” quando o viu.

O Doctor ouvindo isso com um sorriso? QUE COISA MAIS FOFA, SÉRIO!

Agora, então, algumas coisas precisam ser esclarecidas… o Doctor descobre algumas artimanhas de Bennett, como uma gravação que é colocada para não deixar que ninguém entre no seu quarto, e uma espécie de alçapão que o permite “escapar” sem que ninguém o veja – então, percebemos que o Doctor sempre teve razão: o povo de Dido é realmente pacífico, e foi assassinado por Bennett, fantasiado como Koquilion (!), bem como toda a tripulação da nave na qual ele e Vicki chegaram… Bennett estava tentando encobrir um crime seu, para que não fosse preso quando fosse resgatado e retornasse para a Terra. O “duelo” do Doctor e Bennett é interessante, e Doctor conta com uma ajudinha de alguns sobreviventes de Dido, que realmente são amigáveis.

“The Rescue” chega ao fim, depois de dois excelentes episódios (!), acolhendo a mais nova tripulante da TARDIS. Eu acho muito legal como Barbara e Ian conversam sobre como “gostariam que Vicki pudesse vir com eles”, mas como o Doctor chega a essa decisão sozinho, antes de Barbara e Ian ter a oportunidade de falar com ele a respeito, porque ele gostou de Vicki… e não pode deixá-la sozinha ali, pode? Então, o Doctor conversa com Vicki explicando um pouco de sua nave e de todas as aventuras que ela vai viver se decidir viajar com eles, e ela tem alguns minutos para pensar – mas como ela poderia dizer não a essa proposta? É muito bonitinha a cena dos três a convidando juntos, por fim, e ela aceitando (com direito à surpresa de Vicki por causa do tamanho do interior da TARDIS).

Agora, vamos ver como será a primeira aventura de Vicki como companion oficialmente!

 

Para mais postagens sobre o Primeiro Doctor, clique aqui.

Para todas as publicações sobre “Doctor Who”, clique aqui.

 

Comentários