Primeiro Capítulo de “Vencer o Medo” (20 de janeiro de 2020)

 

“Dicen que la libertad es hacer lo que quieres sin dejar que los otros decidan por ti. Aunque la neta eso de ser libre cada quien entiende como quiere. Para algunos, la libertad es alcanzar tu propia meta sin importar lo que otros esperan de ti. Para otros, la libertad es tener el derecho de decir lo que muchos no quieren oír. Pero, ¿de veras somos libres desde que nacemos? Porque para muchos, ser libre es poder irse bien lejos, lo más lejos posible de cualquier lugar”

 

Produzida por Rosy Ocampo, a ideia da franquia “Vencer” é sensacional! Atualmente uma das franquias de novelas mais importantes da Televisa, “Vencer” sempre traz protagonistas femininas e temáticas atuais e críticas que precisam ser retratadas e discutidas. Protagonizada por Paulina Goto, “Vencer o Medo” é a primeira novela da franquia, e estreou no começo de 2020, com apenas 47 capítulos, o que garante uma trama ágil e interessante. Talvez a estreia de “Vencer o Medo” ainda não previsse um sucesso estrondoso que daria origem a uma franquia repleta de boas novelas, mas uma coisa é certa desde o começo: O PRIMEIRO CAPÍTULO DA NOVELA É EXCELENTE! Com carisma e força, o capítulo é competente em apresentar suas protagonistas, além de ser envolvente.

Impossível não ficar curioso com o que vem a seguir.

Interpretada por Paulina Goto, Marcela Durán é a grande protagonista de “Vencer o Medo”: uma garota sonhadora, que adora desenhar e é apaixonada por grafite, e tem a constante desaprovação de um pai asqueroso. Quando Marcela picha um muro do bairro com um desenho bonito e colorido, por exemplo, ela é rapidamente dedurada aos pais e precisa lidar com as broncas de Vicente, que também se volta contra a esposa, chamando Marcela de “sua filha” (discurso comum de homens que se isentam da culpa e jogam tudo sobre a esposa). As coisas que ele diz a Marcela são absurdas, e ela até escuta quase calada, até que ele se torne violento para cima da mãe: então, ela interfere, separa, grita com ele e diz que não vai deixar que ele toque na sua mãe.

O maior sonho de Marcela é poder tirar a mãe e a irmã de casa, levá-las para algum lugar longe do marido e pai abusivo com quem vivem, mas, infelizmente, Inês ainda não está pronta para essa transformação, e quando Marcela se defende e a defende, ela resolve dar razão ao pai, o que nos causa uma angústia tremenda que é constantemente intensificada… como quando Vicente quebra um quadro que foi pintado por Marcela, ou quando pega o celular dela, onde estava uma foto do mural que ela pintou, e quebra também, ou as incontáveis vezes em que a chama de “inútil”. Em um dos momentos mais revoltantes do primeiro capítulo, Vicente manda Marcela pensar no que quer da vida, ou então “só vai servir para ser assim igual à mãe”. Ele é uma pessoa nojenta…

Mal posso esperar para ver a Inês se livrar dele.

Se Marcela tem um pai abusivo em casa que a chama de inútil constantemente, ela também tem um namorado que não presta, embora ela não consiga perceber isso ainda – às vezes é difícil perceber um relacionamento abusivo enquanto se está nele. O roteiro não nos engana e nos deixa claro, desde os primeiros momentos, que não é para gostarmos de Rommel, como quando ele pressiona Marcela por sexo enquanto os dois estão se beijando no carro e Marcela o coloca em seu lugar dizendo que “quando ela diz não é não”. Ainda que ela diga isso, ela está envolvida com Rommel, acredita no seu amor e ele constantemente faz pressões psicológicas que me angustiam, porque Marcela está cercada de pessoas péssimas com aquele pai e aquele namorado.

O capítulo também nos apresenta a Cristina, a irmã de Marcela, uma nadadora de sucesso que sonha em ganhar uma competição e uma bolsa para os Estados Unidos, onde pode estudar e se tornar uma nadadora profissional… Cristina tinha uma vida quase perfeita: era boa no que fazia, era a favorita do pai, o que quer dizer que não sofria os abusos psicológicos que Marcela sofria, e ainda tinha se apaixonado por um companheiro nadador que é bonito, carinhoso e querido… o primeiro beijo de Cristina e Rafa acontece na piscina depois de as luzes se apagarem, e é extremamente bonito e romântico. Mas a vida de Cristina é brutalmente transformada por causa de um massagista que abusa sexualmente dela e a traumatiza para o resto da vida… ali, Cristina perde tudo.

É extremamente triste ver a mudança em Cristina, ver como ela se torna alguém que não sonha mais. Cristina retorna para a competição, mas não consegue terminar o nado, porque está muito transtornada, e ela não quer mais saber nada de natação. Ela perde o que mais amava, se afasta de Rafa porque não quer que ele se aproxime dela, embora ele não tenha feito nada (ela é fria com ele ao se despedir porque ele está indo embora para os Estados Unidos com a bolsa que talvez devesse ter sido dela), e ainda tem que lidar com o pai, que muda completamente com ela e passa a tratá-la como tratava a Marcela, porque agora ele lhe diz que nadar era a única coisa que ela sabia fazer e jogou fora a sua chance… destaque para o discurso machista de Vicente que, ao chegar em casa, transforma Cristina em “filha de Inês” também, como a Marcela, como se não fosse filha dele.

Cristina diz que não quer mais saber de natação, de competições, dos amigos… e se fecha.

Por fim, conhecemos Areli, a quarta protagonista de “Vencer o Medo”, e a mais nova das quatro: sobrinha de Marcela e Cristina, Areli vai passar por uma situação traumática porque a mãe, com quem ela tem uma boa relação, está doente e não deve ter muitos mais dias de vida. Embora ela não tenha uma doença terminal que tenha deixado todos sob aviso, nossa experiência em novelas nos faz saber, quando a mãe passa mal, que ela vai acabar morrendo. É bonita, mas tristíssima, a cena em que Areli vai para um jogo de futebol com o pai, porque ela ama futebol, e como a mãe não pôde ir com eles, ela faz uma chamada de vídeo com ela, para que ela também possa assistir. Imagino como vai ser triste para essa garota quando a mãe morrer e não estiver a uma chamada de vídeo de distância.

A sequência final do primeiro capítulo de “Vencer o Medo” traz Rommel incentivando Marcela a roubar um carro (!), tentando convencê-la de que eles podem conseguir um bom dinheiro por ele e, com esse dinheiro, ir embora para bem longe… ela sabe que não é certo, hesita antes de topar, mas acaba aceitando, e eu fico triste porque Marcela acaba sendo excessivamente inocente aqui – mas é um contraponto interessante à mulher em quem ela terá que se transformar depois. Marcela rouba o carro, acaba sendo perseguida por um carro da polícia, em uma sequência eletrizante que conta até com Marcela atravessando uma procissão (!) perigosamente, até que ela bata o carro ironicamente no mural que ela mesma tinha pintado antes.

O grande problema é que, no porta-malas do carro, tem um corpo.

Marcela vai ter que lidar com muito mais do que o roubou de um carro quando pega.

As tramas de “Vencer o Medo” são muito bem apresentadas nesse primeiro capítulo, girando em torno de quatro mulheres de uma mesma família: a mãe, as duas filhas e uma sobrinha. Inês, a mãe, vai enfrentar um marido abusivo até ter coragem e força para sair dessa relação; Marcela, uma das filhas, vai enfrentar muito mais do que um namorado e um pai abusivos, mas a acusação por um crime que ela não cometeu e todas as consequências que vierem disso, enquanto tenta provar sua inocência; Cristina, a irmã, vai enfrentar o trauma de um abuso sexual, enquanto tenta reconstruir a sua vida e voltar a sonhar, apesar disso; e, por fim, Areli, a sobrinha, que vai ter que enfrentar a perda da mãe e a relação com o pai balançada por uma nova esposa.

Essa novela promete!

 

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