Sex Education 4x04
O retorno de Maeve.
Um episódio diferente do que “Sex Education” vinha fazendo na temporada até então. Com os
desdobramentos da história de Maeve (que, agora, vão muito além de suas
frustrações nos Estados Unidos com seu sonho de se tornar uma escritora), a
série ganha um tom pesado e sentimental que guia uma boa parte desse quarto episódio da temporada final da série.
Isso não quer dizer, é claro, que outras histórias tenham sido deixadas de
lado, e o efeito é curioso, porque saímos de uma cena pesadíssima protagonizada
por Maeve no hospital onde a mãe acaba de falecer, por exemplo, para uma cena
do Eric todo sorridente enquanto se arruma para ir à casa de Abbi, e isso
inevitavelmente causa uma estranheza e um misto de sensações no espectador.
Já estávamos
começando a achar que Maeve não ficaria tanto tempo nos Estados Unidos… ela
tinha perdido a chance de um estágio porque ele tinha dado a uma garota cujos
pais tinham feito uma grande doação para a faculdade e tudo o mais, mas eu não
achei que seu retorno seria tão abrupto e tão triste. Maeve recebe uma ligação
do irmão anunciando que a mãe teve uma overdose e está internada, então ela
deixa tudo para trás e retorna para a cidade, e ela não consegue nem mesmo ver a mãe depois de chegar ao hospital,
porque ela e Sean são levados a uma salinha – e assim que percebe para onde
eles a estão levando e que não é um quarto com uma paciente, Maeve já sabe exatamente
o que ela está prestes a ouvir… e aquilo é profundamente doloroso.
Enquanto
Maeve está lá dentro com o irmão, Otis e Aimee não vão à escola para poder
acompanhá-la – Ruby e Isaac sentem a falta de ambos. Toda a sequência de Otis e
Aimee no carro é, surpreendentemente, uma das coisas mais fofas que “Sex
Education” entregou nessa temporada, mas é claro que o fato de a Aimee ser
tão encantadora ajuda muito! A dinâmica dessa amizade funciona perfeitamente,
com os dois jogando cartas, a Aimee tirando fotos de Otis porque está testando
fotografia como o seu modo de fazer arte, e ela ainda resolve “fazer uma sessão
de terapia” com o Otis e faz perguntas a respeito de ter ou não que contar à
amiga sobre possivelmente estar interessada em alguém com quem ela já saiu…
toda a cena é mesmo incrível!
Maeve, por
sua vez, tem uma das cenas mais introspectivas e mais dolorosas da série, se
recusando a sair do hospital “enquanto não terminar as palavras-cruzadas”. Tudo
é muito simbólico e, na verdade, Maeve parece ter se fechado. Ela assumiu uma postura de força, não chorou (mas
se recusou a ver o corpo da mãe, porque sabia que não se lembraria mais de como
ela era viva se a visse, por isso
Sean fez o reconhecimento do corpo), e retardou a sua saída o máximo que pôde, como
se assume para si mesma que, no momento em que pisasse para fora do hospital e
contasse a Otis e a Aimee, as coisas seriam reais… impressionante o quanto de
emoção é passado pela ausência de
lágrimas, e Aimee e Otis dormindo na casa de Maeve naquela noite é um
momento lindíssimo.
Sem Otis na
escola, O está aproveitando para
tentar garantir seus votos, assumindo a longa fila de “clientes” que esperam do
lado de fora do consultório vazio de Otis… e Ruby, determinada, está em busca
de “algum podre” que possa desenterrar de O antes do debate que vai acontecer
na quinta-feira – o que por si só é um golpe meio baixo de O, porque ela sabe
que o Otis não é bom em falar em público e deve se atrapalhar todo. Agora já é
oficial: eu peguei nojo da cara de O! Ao menos temos a Ruby, inteligente e
determinada, que está disposta a derrubar O de qualquer maneira, como uma
maneira de se vingar com o que O fez
com ela lá na infância – e foi muito legal ver aquela expressão toda falsa de O
oscilar e falhar quando Ruby a chamou de “Sarah”.
Mas O
continua “crescendo”, e foi particularmente angustiante
vê-la como convidada especial no programa de rádio comandado por Jean – o
programa que tem sido um fracasso até então e, por isso, vai começar a receber
convidados especiais. Eu até acho que a O não é realmente uma má terapeuta (afinal de contas, ela consegue dar um gás no
programa de Jean e as duas formam uma boa dupla ajudando uma das pessoas que
liga para a rádio: Michael, o pai de Adam, que não está conseguindo ter
relações sexuais com uma professora que o chamou para sair porque ele sente
como se “estivesse traindo a sua ex-esposa”), mas existe algo de muito falso em
tudo o que ela faz… ela é personificação de Cavendish, de certa maneira: quer o tempo todo parecer perfeita e intocável.
Também vemos
o Adam e Michael começarem a encontrar uma maneira de ter uma relação melhor, e
vemos o Adam se sentindo realizado ao conseguir montar um cavalo; vemos Joanna
sair em um encontro com o cara que conheceu no banco, mas tendo que levar Joy
com ela porque ficou de cuidar da sobrinha enquanto Jean estava na rádio; vemos
Jackson preocupado com o que pode descobrir a respeito de sua saúde, e se
perguntando quem foi o doador de esperma que
é o seu pai; e vemos Eric ainda enfrentar uma luta interior com toda a questão
da igreja x a sua sexualidade, e talvez ele encontre uma maneira de ser ele
mesmo sem precisar se esconder e, ainda assim, ser acolhido… uma boa igreja não o discriminaria, quando
ele é uma pessoa tão boa, ajudando lá na sopa e trazendo voluntários…
Mas sabemos que nem todas as igrejas agem
conforme pregam.
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