Vencer o Medo (Vencer el Miedo, 2020)
“¡Rompe el silencio!”
É inegável,
a meu ver, como “Vencer o Medo” foi
UM MARCO na teledramaturgia mexicana. Com apenas 47 capítulos (exibidos entre
20 de janeiro e 22 de março de 2020), a novela produzida por Rosy Ocampo para a
Televisa se aventurou por uma narrativa realista e atual, colocando quatro
mulheres como protagonistas, para falar sobre e denunciar situações pelas quais
as mulheres passam cotidianamente. O incentivo para se “vencer o medo”,
levantar a voz e denunciar vem na forma de uma novela competente e responsável
que tem personagens carismáticas e um excelente desenvolvimento, nos empolgando
capítulo a capítulo. Não é à toa que a novela deu início à franquia “Vencer”, que contou com sua segunda
novela, “Vencer o Desamor”, ainda no
mesmo ano.
São novos
tempos… o que quer dizer que novas histórias precisam ser contadas. Sempre
falamos sobre como é inviável julgar as produções do passado com os olhos de
hoje, e pensamos no quanto as coisas mudaram,
felizmente, dos anos 1990 para cá, por exemplo. Algumas novelas que amamos,
como “Maria do Bairro”, por exemplo,
são uma representação da sociedade na década de 1990, mas não poderia ser
produzida atualmente sem modificações importantes no roteiro (que foi o que o
mais recente “Os Ricos Também Choram”
fez, as duas sendo baseadas na mesma obra de Inés Rodena). “Vencer o Medo” representa essa nova época, depois do tanto que já
se falou sobre misoginia, relacionamentos abusivos e assim por diante… a novela
é justamente sobre não se calar.
Por isso, a
novela foi originalmente pensada para se chamar “Vencer o Silêncio” – o que eu preciso dizer que é um nome que me
agrada bastante, e embora eu tenha me habituado a “Vencer o Medo” e também a ache um bom título, ainda me parece que
a novela deveria ter se chamado “Vencer o
Silêncio” mesmo. Além da música de abertura, que mantém essa ideia, o
discurso feito pelas personagens lá no último capítulo fala justamente sobre a
importância de se VENCER O SILÊNCIO, algo que todas as protagonistas vão
descobrir ao levantar a voz contra injustiças, falas misóginas, relacionamentos
abusivos, abusos psicológicos e sexuais e todos os temas levantados durante “Vencer o Medo” através de suas
protagonistas e as histórias de suas vidas.
A novela é
protagonizada por Paulina Goto, que interpreta Marcela Durán Bracho, uma garota
talentosa e com um quê de ingenuidade que a faz ser convencida pelo namorado
mau-caráter a roubar um carro (!), sem imaginar que havia um corpo escondido no
porta-malas… depois de passar três anos em um centro de internamento, Marcela
sai mais forte e com uma missão: ela
precisa encontrar o verdadeiro assassino de Fabián Cifuentes, nem que para isso
precise se infiltrar na gangue onde pode estar o culpado. Marcela é uma personagem
rica e carismática, e é a voz que escutamos em narrações recorrentes durante a
novela, com algumas sacadas bastante
inteligentes que não incomumente nos deixam pensativos. Gosto muito de
torcer por Marcela.
Ao lado de
Marcela, temos mais três grandes personagens que dividem parte do protagonismo
com ela. Jade Fraser interpreta Cristina Durán Bracho, a irmã de Marcela, que
tem seus sonhos frustrados quando ela abandona a equipe de natação depois de
ser abusada pelo massagista, e precisa encontrar coragem para romper o
silêncio, fazer uma denúncia e garantir que ele não fará isso com mais ninguém.
Arcelia Ramírez interpreta Inês Bracho de Durán, a mãe de Marcela e Cristina,
que vive em um casamento abusivo há anos, suportando constantes humilhações, descaso,
deboche e traições, e é a representação sobre como não é fácil escapar de um relacionamento tóxico. Por fim, Emilia
Berjón interpreta Areli Bracho Mendoza, a sobrinha de Marcela e Cristina, que
perde a mãe e vê a relação com o pai estremecida.
Gosto muito
da ideia de quatro protagonistas de idades diferentes, porque “Vencer o Medo” consegue, assim,
explorar diferentes épocas da vida e discussões que são pertinentes a
diferentes pessoas. Areli, a mais jovem das quatro, traz problemas familiares
com o pai, com a madrasta, o primeiro namorado, o despertar da sexualidade;
Marcela traz discussões a respeito de relacionamentos abusivos e o preconceito
enfrentado por ela ter sido acusada de um crime que não cometeu; Cristina traz
a discussão tanto do abuso sexual quanto do assédio que ela enfrenta no
trabalho, depois do salto de tempo no início da novela; e Inês, a mais velha
das quatro protagonistas, é uma mulher que viveu anos em uma sociedade misógina e em um relacionamento abusivo.
“Vencer o Medo” é, certamente, UMA
GRANDE NOVELA. Com personagens carismáticos, um excelente desenvolvimento da
trama e uma premissa atual e necessária, a novela não deixa de lado aquilo que
mais amamos no gênero do folhetim: as intrigas, os romances, os mistérios…
sorrimos, choramos, sentimos raiva de vários personagens e situações, torcemos
por outros, nos emocionamos, criamos teorias, nos divertimos… “Vencer o Medo” é um prato cheio para
noveleiros de plantão, e um marco reconhecido na história recente da Televisa,
porque sem a sua existência e o seu consequente sucesso, não teríamos Rosy
Ocampo tendo o aval para dar sequência à sua franquia de novelas independentes,
mas com similaridades de temas e discussões.
Muito boa!
Para mais
postagens de “Vencer o Medo”, clique
aqui.
Você já assistiu o filme "Um Herói de Brinquedo" do Arnold Schwarzenegger ? Seria legal uma resenha dele.
ResponderExcluirNossa, já assisti sim, e esse eu tinha "esquecido", nem me passou pela cabeça comentar. Vou colocá-lo na lista.
Excluir