Fellow Travelers 1x03 – Hit Me

“It’s not who we sleep with… it’s who we love”

Intenso e belo, “Hit Me” é o meu episódio favorito de “Fellow Travelers” até aqui. Com uma fotografia e uma direção lindíssimas, a série continua emocionando com um roteiro forte, ousado, sensual, melancólico e político. Nesse episódio, Hawkins convida Tim/Skippy para “passar um fim de semana” com ele, e ainda que Hawk tenha suas próprias “missões” durante a viagem, relacionadas ao Senador Smith, para quem trabalha, ele também quer curtir aqueles momentos ao lado de Tim. Grande parte de “Fellow Travelers” é sobre a relação de Hawkins e Skippy, e como eles a visualizam de maneira diferente – ou como eles estão dispostos a vivê-la de maneiras diferentes. E, fechando o ciclo, tudo o que vemos no passado reverbera no pouco que sabemos do futuro.

Eu confesso que eu fico muito triste por Tim… especialmente porque ele é romântico, daqueles que se apaixona e sonha com uma vida que, na década de 1950, não era possível ele viver. E é profundamente doloroso. Ao mesmo tempo em que Hawkins pareceu ter aceitado as condições de uma relação com alguém como Skippy, sabendo que “terá que mentir a vida inteira sobre com quem dorme”, Tim só queria ter uma vida como a de qualquer outro casal… quando ele é abandonado em um bar (e abordado por um cara que ele acaba beijando no banheiro, mas vai embora sem dar continuidade àquilo, porque “está com alguém), porque Hawkins saiu para fazer alguma coisa, ele acaba seguindo Hawk e descobre que ele está na casa de alguém, fazendo alguma coisa…

Curiosamente (e isso mostra o pouco que eu confio em Hawkins), eu realmente achei que o Hawkins fosse trair o Skippy quando ele saiu daquele bar, mas não tinha nada romântico e/ou sexual na sua saída… tem, sim, a ver com trabalho. Aparentemente, McCarthy esconde segredos que nem podíamos imaginar, e Hawk está ali para desvendá-los, conversando com um rapaz (muito bonito, por sinal!) com quem, aparentemente, McCarthy manteve relações sexuais – não é de se admirar que esse homofóbico filho da p*ta seja um daqueles que adora ficar com outros homens “no sigilo”; o ódio que sentimos por McCarthy só cresce com isso. Em troca de dinheiro, o rapaz está disposto a contar toda a sua história e mais do que isso: entregar a Hawkins as provas que ele tiver.

Também existe, constantemente em “Fellow Travelers”, um inevitável tesão latente. A sensualidade e o erotismo da série são, sim, parte de sua marca registrada – e sempre ganhamos cenas icônicas. Aquela cena na qual Hawkins amarra os pulsos de Tim com a gravata e pergunta a quem ele “pertence”, por exemplo, entrega uma cena de sexo quente e intensa. De maneira curiosa, isso é equilibrado com um romantismo quase inesperado, garantido por Tim e os seus sonhos. A maneira como ele não quer fugir na madrugada para não ser visto saindo do apartamento dele de manhã; como ele diz que queria sair para jantar com Hawkins; quando fala que as mentiras não são sobre “com quem você dorme”, mas sobre “quem você ama”. Tim é muito precioso.

E toda essa relação deles, todos esses sonhos de Tim, ecoam lá no futuro, na década de 1980, quando temos certeza que, de um jeito ou de outro, as coisas não terminaram bem entre eles… mais ou menos como estavam fadadas a acontecer, porque embora se amem, eles queriam coisas diferentes. Mesmo que com muito menos tempo de tela, a sequência da década de 1980 traz cenas muito bonitas e muito tristes para Hawkins e Tim, como quando Hawkins ajuda Tim no banheiro ou quando Tim acompanha Hawkins para ele fazer um teste de HIV, depois de o convencer… e, naquele momento, Tim se voluntaria para ficar cuidando dele durante o tempo que a irmã precisa estar ausente, e embora Skippy queira rejeitar sua oferta, ele acaba a aceitando…

Eles nunca deixaram de se amar.

E eu acho que isso é o que torna tudo ainda mais triste.

Destaque também merece ser dado a toda a história de Marcus, que protagonizou cenas fortíssimas e revoltantes durante esse episódio… o personagem de Marcus é bastante complexo, e eu gosto muito da interação dele tanto com Hawkins quanto com o Tim, e ele está começando uma relação com Frankie – uma relação complexa na qual ele está tendo que aprender a lidar com os seus próprios preconceitos pelo fato de Frankie ser mais afeminado do que ele e, portanto, não poder “esconder” a sua homossexualidade, como ele mesmo e o Hawkins, por exemplo, fazem o tempo todo. Além disso, também existe toda a discussão a respeito de racismo e como as leis antissegregacionistas são, naquela época, meras promessas que não refletem em ações…

E ele vai protestar contra isso.

Uma trama riquíssima a de Marcus!

 

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